segunda-feira, 3 de junho de 2019

O Capital - Ainda o processo de troca (Marx)




Refeição Cultural


Na postagem anterior (ler AQUI) anotei alguns excertos do capítulo sobre o processo de troca. 

A leitura deste clássico O Capital está sendo feita na medida de minhas possibilidades e não tenho pressa em sua conclusão. É uma leitura de curiosidade pessoal. Não vou prestar contas a ninguém nem represento mais pessoas e meu blog tem hoje o papel inicial de compartilhar conhecimentos e opiniões com quem vier a visitá-lo.

Marx segue explicando a diferença do valor de uso e do valor das mercadorias no processo de troca: "Um objeto útil só poder se tornar valor de troca depois de existir como não valor de uso, e isto ocorre quando a quantidade do objeto útil ultrapassa as necessidades diretas do seu possuidor".

Para se trocar, alienar coisas, é necessário independência. Aquele que aliena coisas precisa ser proprietário delas, de forma independente em relação às coisas da comunidade em que está.

"As coisas são extrínsecas ao homem e, assim, por ele alienáveis. Para a alienação ser recíproca, é mister que os homens se confrontem, reconhecendo, tacitamente, a respectiva posição de proprietários particulares dessas coisas alienáveis e, em consequência, a de pessoas independentes entre si. Essa condição de independência recíproca não existe entre os membros de uma comunidade primitiva, tenha ela a forma de uma família patriarcal, de uma velha comunidade indiana ou de um estado inca etc. A troca de mercadorias começa nas fronteiras da comunidade primitiva, nos seus pontos de contato com outras comunidades ou com membros de outras comunidades..." (p.112)

Com o passar do tempo, começa-se a produzir as coisas para além da necessidade de seus valores de uso e com objetivo de troca.

"Na troca direta de produtos, cada mercadoria é, para seu possuidor, meio de troca; para seu não possuidor, equivalente, mas só enquanto for, para ele, valor de uso."

Conforme vão se avolumando a quantidade de produtores e de mercadorias a serem trocadas, gera-se a necessidade de uma mercadoria com equivalência geral naquele ambiente de trocas.

"Um intercâmbio em que os possuidores de mercadorias trocam seus artigos por outros diferentes, comparando-os, não poderia jamais funcionar se nele não houvesse determinada mercadoria eleita, pela qual se trocam as diferentes mercadorias de diferentes possuidores e com a qual se comparam como valores. Essa mercadoria especial, tornando-se o equivalente de outras mercadorias diferentes, recebe imediatamente, embora dentro de estreitos limites, a forma de equivalente geral ou social..."

A forma de equivalência geral vai ser determinada de acordo com cada ambiência social, poderia ser uma mercadoria destacada na comunidade como, por exemplo, gado.

Com o desenvolvimento das trocas de mercadorias, uma em especial se fixou nesse papel de equivalente geral: a forma dinheiro.

"Os povos nômades são os primeiros a desenvolver a forma dinheiro, porque toda a sua fortuna é formada por bens móveis, diretamente alienáveis, e seu gênero de vida os põe constantemente em contato com comunidades estrangeiras, induzindo-os à troca dos produtos."

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"Os homens, frequentes vezes, fizeram de seu semelhante, na figura do escravo, a primitiva forma dinheiro, mas nunca utilizaram terras para esse fim. Essa ideia só podia aparecer numa sociedade burguesa já desenvolvida."
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Ao final do capítulo, temos explicações sobre as propriedades naturais e as funções monetárias nos metais preciosos ouro e prata, que farão o papel de mercadoria na forma dinheiro.

"'Embora ouro e prata não sejam, por natureza, dinheiro, dinheiro, por natureza, é ouro e prata', conforme demonstra a coincidência entre suas propriedades naturais e suas funções monetárias".

DINHEIRO, MERCADORIA UNIVERSAL

"Sendo todas as mercadorias meros equivalentes particulares do dinheiro, e o dinheiro o equivalente universal delas, comportam-se elas em relação ao dinheiro, como mercadorias especiais em relação à mercadoria universal".

Mas Marx problematiza a seguir a questão do próprio valor da mercadoria na forma dinheiro.

"Sabe-se que ouro é dinheiro, sendo, portanto, permutável com todas as outras mercadorias, mas nem por isso se sabe quanto valem, por exemplo, 10 quilos de ouro. Como qualquer mercadoria, o dinheiro só pode exprimir sua magnitude de valor de modo relativo em outras mercadorias. Seu próprio valor é determinado pelo tempo de trabalho exigido para sua produção e expressa-se na quantidade (que cristalize o mesmo tempo de trabalho) de qualquer outra mercadoria."

O próximo capítulo vai seguir nas questões sobre o dinheiro e a circulação de mercadorias.

Para ler as postagens anteriores sobre O Capital é só clicar AQUI. A ordem será da mais recente para a mais antiga postagem.

Abraços aos leitores que leram esta postagem.

William

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