sábado, 21 de março de 2020

200320 - Diário e reflexões



Hibisco branco foi a flor que veio
à mente para ilustrar a reflexão.

A sexta-feira foi de busca de informações, preocupações diversas com as pessoas, com os pais e familiares, com o país e o povo brasileiro, com a comunidade bancária à qual pertenço, a dos trabalhadores da ativa e aposentados do Banco do Brasil. Aliás, uma comunidade com características muito especiais que vou abordar qualquer dia desses nas reflexões que estamos fazendo. Estou indignado em ver os banqueiros exigindo que os bancários sigam trabalhando e se expondo à pandemia.

Nas reflexões de ontem (ler aqui), falei do quanto é importante que todos nós comecemos a contatar as pessoas que conhecemos e inclusive as pessoas que pudermos contatar mesmo sem conhecê-las ainda, mas que estejam em condições de isolamento, como idosos e pessoas com doenças crônicas que precisem tomar todos os cuidados para evitar o contágio do Covid-19, segmento da população que apresenta risco maior por causa da baixa imunidade e maior idade.

Ao ver a forma como o "governo" brasileiro vem tratando a pandemia é inevitável que qualquer pessoa com consciência humana se sinta revoltada e indignada. Nós não temos governo! O "presidente" (fraude!) e o seu ministro Posto Ipiranga não têm a menor consideração pelos seres humanos. Caia um meteoro na Terra ou a pandemia extermine a totalidade do povo por não ter atendimento de saúde, os caras nem cogitam colocar recursos de verdade no salvamento das vidas do povo brasileiro.

Durante quatro anos tive a oportunidade de atuar como gestor de saúde em uma das maiores operadoras de autogestão do país. Foi um aprendizado exponenciado que muda a vida de qualquer dirigente e administrador. A partir dessa experiência minha consciência de classe e conhecimento de sistemas de saúde me permitem ter hoje mais noções de causas e consequências das decisões políticas que os burocratas e capitalistas tomam em relação ao tema, como a trágica Emenda 95, que congelou os investimentos na saúde por 20 anos.

A destruição proposital do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS) pode ter como consequência uma das maiores tragédias humanitárias da história de nosso país simplesmente por sucatear o maior sistema público de saúde do planeta, em relação aos números e grandezas. Congelar as verbas da saúde por 20 anos como fizeram após o golpe de Estado em 2016 já se mostrava um crime hediondo e de lesa-humanidade antes do advento da pandemia. Bilhões de reais foram retirados da saúde do povo brasileiro. 

O ataque ao SUS ocorreu num momento trágico, ou seja, ao mesmo tempo em que milhões de pessoas voltaram à miséria, sem direitos básicos e sem planos privados de saúde - sistema de saúde suplementar que também enfrenta crise há anos. E agora chegou uma pandemia global num país com muito mais pobreza por causa da pauta dos golpistas destruidores de direitos humanos e ainda temos dificuldades de calcular a extensão do que pode acontecer com a chegada do novo coronavírus ao Brasil sem governo.

Estou com o coração apertado ao pensar nos milhões de trabalhadores sem teto e moradores das favelas e periferias das cidades brasileiras, e dos trabalhadores assalariados que começam a ser despedidos em massa e estou preocupado com os milhões de trabalhadores informais que não terão dinheiro algum para comer e sobreviver, enquanto o 1% no poder continua com suas retóricas vazias, e usando a tática que levou a ultradireita ao poder: mentir, mentir, fazer uma merda diária para tirar atenção do essencial e seguir desviando o foco dos problemas do povo.

Dramático o cenário! Mas não podemos esmorecer. Espero ver o Brasil e os brasileiros superarem a tragédia humanitária que se aproxima e superarmos essa cegueira que tomou conta de nós ao nos manipularem para termos ódio e intolerância, medo e egoísmo, de forma a permitirmos que alguns canalhas da casa grande capturassem nossas consciências a ponto de perdermos a razão e o país ter chegado a colocar no poder esse bando de lunáticos e corruptos lesas-pátrias.

Por fim, como sugeri ontem, consegui contatar duas pessoas hoje pelas quais tenho grande apreço e carinho, dois colegas da comunidade Banco do Brasil. São aposentados que seguem na luta por justiça e por um mundo melhor para a classe trabalhadora. Os contatos me deixaram feliz, partilhamos angústias e nos animamos mutuamente (uma das conversas durou uns quarenta minutos rsrs). São pessoas idosas e que merecem todo o nosso carinho e atenção, pois dedicaram a vida inteira à defesa dos direitos dos bancários e dos brasileiros.

Seguimos firmes. Vamos enfrentar a pandemia. Vamos enfrentar a cegueira política que se abateu sobre o povo brasileiro. Vamos viver e vamos ver ainda o nascer de um país que vai superar essa demência coletiva chamada bolsonarismo.

William

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