terça-feira, 24 de março de 2020

240320 - Diário e reflexões



Opinião

Pronunciamento irresponsável da maior autoridade política do país em cadeia nacional de TV pode ter uma estratégia: dividir e gerar raiva e ódio entre as pessoas

A fala
 do "presidente" (fraude!), contrária ao que dizem as autoridades sanitárias do mundo todo em relação à pandemia do Covid-19, pode ter um objetivo, uma estratégia: dividir a população para ter um segmento de apoio cego e irrestrito durante eventual caos e crise humanitária, política e econômica no país daqui algumas semanas.

O "presidente" repetiu para seus apoiadores o que seu ídolo do Norte também vem dizendo: que não se deve levar a sério o isolamento social para conter o avanço da pandemia. É evidente que há uma estratégia alinhada da direita bilionária organizada mundialmente para arregimentar parte das populações apavoradas e raivosas no mundo em provável crise econômica e humanitária que o mundo viverá. Há uma construção de narrativa, de versão.

Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional repetindo o que já está combinado com seus apoiadores e financiadores da campanha presidencial, campanha amplamente questionada por suspeita de uso de estratégias ilegais como, por exemplo, ser favorecida pela produção de fake news contra os adversários ao custo de milhões de reais não contabilizados oficialmente.


O pronunciamento repetiu o que dizem seus aliados donos de bilhões - o empresário papagaio verde-amarelo, o empresário do "você está despedido!", o empresário dos hambúrgueres, dentre outros. Bilionários insensíveis que dizem que não tem problema algum morrer umas 7 mil pessoas porque a maioria seria de "velhos" mesmo ou gente doente que já iria morrer de qualquer maneira.

Bolsonaro consegue nos surpreender porque faz o que ninguém faria, porque nós estamos acostumados com a razão e esse momento político ao qual chegamos após o golpe de Estado no Brasil é de insânia e fanatismo, não de razão e diálogo. Talvez por isso o "clã" e aliados tenham chegado ao poder após o golpe e ruptura da normalidade. Lembra quando alertávamos sobre a abertura da Caixa de Pandora?

Talvez o personagem Capitão Nascimento tenha sido visionário no filme "Tropa de Elite 2 - o inimigo agora é outro" (2010). Na ficção, o crime organizado saiu das periferias da antiga capital federal e chegou às instâncias de poder do Estado burguês.

O cenário é novo e é bom que todos reflitam sobre essa nova realidade à luz da história do país. Em mais de um século de república no Brasil não tivemos uma guerra civil durante os frequentes golpes de Estado organizados pelas elites da casa grande porque os líderes no poder não queriam o nosso sangue derramado.

Getúlio em 1954 preferiu morrer e adiou um golpe em dez anos; Jango aceitou ser deposto pelo golpe sem estimular reação popular; os petistas Lula e Dilma idem, em relação ao golpe de 2016. Agora é diferente! Como diz o jornalista Nassif, esse grupo no poder não é da mesma natureza dos anteriores.

Temos no poder, de forma legítima ou questionável, alguém que sempre defendeu uma guerra civil, "matar uns 30 mil", ditadura, violência e mais violência, eliminação daqueles que pensam diferente. E tem como apoio setores poderosos como, por exemplo, parte do segmento de evangélicos, uma linha religiosa em ascensão no Brasil. 

Estamos vendo a construção de um cenário caótico no país de forma proposital. É preocupante o andamento das coisas. Minha preocupação é com as pessoas, os seres humanos, com cada pessoa que se perca nessas guerras, seja contra a pandemia do novo coronavírus, seja pela disputa de hegemonia de poder na sociedade humana.

Espero estar errado. Ficarei feliz.

William

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