sexta-feira, 22 de maio de 2020

220520 (d.C.) - Diário e reflexões



Falhamos, mas existem violetas flores.

Hoje é sexta-feira, um dia qualquer depois do novo coronavírus. Um dia qualquer depois da normalização da existência de um ser escroto como o inumano que chegou ao poder. Normalização disso, do mal ter representação política com substância. Difícil isso!

Eu sou só mais um organismo vivo no meio disso tudo. Um animal humano. Um número nos dados estatísticos da comunidade humana. Uma máscara social. Apesar de ser único no Universo, de ser um universo de possibilidades, sou só um organismo no meio do Universo. Não sou nada. Não somos nada. Ao mesmo tempo em que somos únicos.

O coronavírus é uma realidade que transformou a nossa vida. Ele fez com que o cotidiano do viver da espécie humana seja mais trabalhoso, mais arriscado e menos propenso a obtenção de prazer e felicidade. No entanto, se uma mágica fosse feita neste instante, nesta sexta-feira, e a pandemia desaparecesse da face da Terra, a realidade dos brasileiros continuaria com o fato da normalização do mal representado e empoderado. 

E isso faz a vida ter muito menos atratividade que antes dessa consequência que vivemos. A representação do mal empoderada é efeito de toda a destruição política causada pelos meios de comunicação empresariais só porque o povo havia eleito um partido político que vinha amenizando a miséria do povo sem rupturas do sistema ou revoluções.

Os desgraçados endinheirados desta terra que destruíram a política e as instituições do Estado são os responsáveis pelos quinhentos anos de miséria e exploração da imensa maioria do povo brasileiro, um povo de descendência de índias e mulheres pretas trazidas como escravas pelos brancos que se estabeleceram aqui para explorar o que fosse possível para o país de origem deles, na Europa.

Que vale escrever, falar, registrar alguma coisa? Nada!

Me sinto um completo fracassado quando olho ao meu redor. Por mais que esteja entre os privilegiados na questão de sobrevivência econômica. A realidade do bolsonarismo ao nosso redor é sinal que a humanidade esgotou.

A realidade de um porcaria de animal humano ter tanta riqueza acumulada equivalente a soma da pobreza de recursos de centenas de milhões de seres humanos e isso ser normalizado até pelos desgraçados que não têm nada é sinal que a humanidade esgotou.

Que adiantaria se a mágica desaparecesse com a pandemia do coronavírus neste instante, nesta sexta-feira?

Cansei. Mas como animal que sou, sigo atendendo aos meus apelos biológicos e se roer o estômago eu como, porque tenho comida; se der sono eu durmo, porque tenho onde dormir; sem escolher respiro, seja o ar com vírus ou sem vírus.

Ler, lemos, já que somos homo sapiens alfabetizados. Mas não estou encontrando prazer nisso. Cansei.

Falhamos. Falhei. Em todas as funções sociais. Falhei como indivíduo e falhamos como humanos. É só olharmos ao redor. O normal é a prova de nossa falha.

Falhei como pai, como filho, como familiar de alguém, como estudante, como amigo, como dirigente sindical, como formador, como representante político, como indivíduo da espécie humana em busca de amor e paz. Falhei. Falhei como ser humano. Basta olhar ao nosso redor.

Não me deixo matar. Não faço nada pra morrer. Mas tô me lixando pro caso de morrer.

(imagino a papelada pra jogar fora quando eu não existir mais. Tudo o que acumulamos de tranqueiras não é nada além de encheção pros outros. Por que não jogamos tudo fora antes? Porque somos humanos)

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