terça-feira, 1 de setembro de 2020

A banalidade do mal - Datas que marcam




"(...) na Romênia, até a SS ficou perplexa, e às vezes assustada, com os horrores dos pogroms espontâneos, antiquados, de escala gigantesca; muitas vezes eles intervieram para salvar judeus da mais pura barbárie, para que o assassinato pudesse ser feito de maneira que, segundo eles, era civilizada." (ARENDT, 2019, p. 210)


Refeição Cultural

Li mais um capítulo do relato de Hannah Arendt sobre o julgamento de Adolf Eichmann no ano de 1961 em Jerusalém. A experiência de acompanhar aquele evento possibilitou à filósofa o desenvolvimento do conceito de banalidade do mal. Como se pode ver, o alimento cultural é indigesto, mas é necessário conhecer as coisas.

Ontem foi dia 31 de agosto, dia que marcou o quarto ano do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (31/8/2016). Dia que oficializou a tomada do poder no Brasil pelo mal. Se houver sociedade civilizada no amanhã, essa será mais uma data como outras que a história registra como marcos de processos que levariam a tragédias humanitárias.

Hoje é dia 1º de setembro. Dia que marca o início da 2ª Guerra Mundial com a invasão da Polônia pelo regime nazifascista de Adolf Hitler em 1939. Há outras datas referidas como início desta guerra, mas esta é uma das mais consensuais pelos historiadores.

Por falar em banalidade do mal e nazismo, o dia 1º de setembro de 1939 também marcou a oficialização da palavra "eutanásia" na Alemanha nazista para assassinatos em massa de pessoas com deficiência e milhares de pessoas que eram consideradas pelos nazistas como indesejáveis de existir: judeus, comunistas etc.

Vejam abaixo uma citação do tema na Wikipediaprograma conhecido como "Aktion T4" (ver aqui o texto completo):

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Em outubro de 1939, Hitler assinou um "decreto da eutanásia" com a data retroativa a 1 de setembro de 1939, que autorizava Bouhler e Brandt a realizarem o programa de eutanásia (traduzido para o português como segue):

"O líder do Reich Philipp Bouhler e Dr. Brandt estão encarregados da responsabilidade de ampliar a competência de certos médicos, designados pelo nome, de modo que os pacientes, baseando-se no julgamento humano [menschlichem Ermessen], que forem considerados incuráveis, podem ser-lhes concedida a morte de misericórdia [Gnadentod] após exigente diagnóstico".

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Ainda sobre a banalidade do mal

No Brasil, a pandemia mundial do novo coronavírus já matou 121.381 pessoas e infectou 3,9 milhões. Isso não era necessário. Países com populações maiores ou idênticas a nossa perderam muito menos vidas porque os governos seguiram as recomendações da OMS e da ciência. Estamos sob um regime de governo de extrema direita, fascista e anticiência, que atua contra o combate à pandemia e que lidera a população rumo ao contágio e morte.

O regime demitiu dois médicos do Ministério da Saúde porque eles defendiam as recomendações da ciência e colocou no lugar mais um dos milhares de militares que tomaram conta dos postos do governo. A estratégia do novo regime é chocar com ações impensáveis para deixar o povo brasileiro com baixa estima e sem ânimo sequer para lutar. Nesta semana, o troglodita nomeou um veterinário para cuidar do tema de vacinação do povo brasileiro e afirmou que ninguém é obrigado a se vacinar.

Encerro por aqui e registro que 57.797.847 pessoas votaram nesses monstros que estão no poder e o apoio ao mal instalado no país segue acima de qualquer expectativa para uma sociedade que sonhasse com a civilidade. As pessoas ao meu redor são bolsonaristas. As coisas ainda vão piorar muito. A história ainda vai cobrar de cada homem e cada mulher a responsabilidade por toda essa destruição e por todo esse mal que tomou conta de nosso mundo.

Bolsonaristas e "isentões", as suas mãos estão cheias de sangue e suas histórias também.

William


Bibliografia:

ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém - Um relato sobre a banalidade do mal. Companhia das Letras, São Paulo, 2019.


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