terça-feira, 26 de janeiro de 2021

À la Benjamin Button... (13)



Refeição Cultural

Olhar para trás...

O presente é duro, trágico: temos no mundo 100 (cem) milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus hoje, dia 26 de janeiro de 2021. 
100.000.000 de infectados. São 2.151.248 mortes por Covid-19. 

A ex e eterna colônia de exploração Brasil aparece de forma destacada no panorama mundial da pandemia: são 8,87 milhões de infectados e 217.644 pessoas mortas (oficialmente, mas a subnotificação e a atuação do regime bolsonarista para esconder os números é absurda). Os dados são da Johns Hopkins University.

Estou fazendo o exercício de olhar para trás em meus escritos, reflexões e ações para tentar compreender o presente pessoal e coletivo. Não é fácil. 

O personagem Benjamin Button se tornou uma referência nesta categoria de postagem porque achei muito interessante a ideia de o tempo andar para trás. Como não estamos nesta condição de influência sobre o tempo físico e cósmico, vamos ao menos olhar para trás.

Em maio do ano passado, 2020, estávamos ainda no início da pandemia mundial. Ninguém imaginaria que chegaríamos aos números que apontei acima. 

As melhores perspectivas de enfrentamento ao vírus eram isolamento social, uso de máscara e higienização, fechamentos de fronteiras e bloqueios na circulação dos povos nas cidades do mundo. Quase todos os governos do planeta fizeram isso. Era a forma de não colapsar os seus sistemas de saúde. Não havia remédio nem vacina contra o vírus.

Alguns países, infelizmente, fizeram o contrário das recomendações da ciência e das autoridades de saúde. Estados Unidos de Trump e o Brasil de Bolsonaro fizeram o contrário. Deu no que deu. Os dois países juntos somam mais de 640 mil mortos. Trump já caiu. Bolsonaro segue com seu regime.

Em maio do ano passado, eu estava lendo uma narrativa por dia do clássico de Boccaccio, Decameron, e torcia diariamente para não pegar Covid-19 e sobreviver à peste. Seriam 100 dias de leitura. Naqueles dias, eu estava na 4a jornada das narrativas. 

Sobrevivi até aqui, mas muitos amig@s, companheir@s e familiares del@s faleceram por causa do vírus. Muita gente teve a vida abreviada por responsabilidade do regime neofascista no poder.

Como estamos neste momento?

O mundo produziu algumas vacinas contra o vírus. Em muitos países a vacinação já é uma realidade. Existe todo um regramento sobre os segmentos populacionais prioritários para tomarem a vacina. Muitos países já compraram vacinas para o conjunto da população. Já na ex e eterna colônia de exploração, o país jabuticaba... (aqui é Bolsonaro!)

Aqui o regime neofascista é exceção no mundo em relação ao comportamento do Estado no combate à pandemia. O governo, seus ministros e seus apoiadores, um bando de gente má e psicopata, defendem aglomerações, o não uso de máscara e incentivam a população a não tomar vacina. 

No entanto, os canalhas da casa-grande e os vigaristas de todo tipo arrotam ética e combate à corrupção, mas a prática de furar fila para tomar vacina virou um escândalo nacional e mundial. É o que temos aqui nesta terra de gente miserável.

CARTÃO CORPORATIVO: os inumanos no poder cometem crimes de responsabilidade o tempo todo, segundo renomados juristas e intelectuais. Mas não caem, não são impedidos. O escândalo do dia, de hoje, são os gastos do regime de milhões e milhões e milhões de reais com chicletes (2 mi), leite condensado (15 mi), pizza e refri (32 mi), alfafa (1 mi)... 

No passado recente (2008), a imprensa dos golpistas fez um inferno na pauta nacional, criou-se até a CPI dos cartões corporativos, por causa de uma tapioca de R$ 8,30 comprada no cartão corporativo de um ministro do governo do Partido dos Trabalhadores, o partido que mais fez pelo povo brasileiro na história. 

IMPRECAÇÃO: o tempo é implacável com o mundo e com os seres vivos. Essa gente lixo que se apossou do Brasil por golpe e por manipulação das pessoas vai cair. Vai ser presa, julgada e condenada. Aqui ou nos tribunais penais internacionais. Esses desgraçados vão acabar na merda, presos ou justiçados pelo povo. Quem estiver vivo, verá.

Seguem abaixo alguns registros e reflexões que fiz meses atrás, já sob o regime de destruição do país e sob a pandemia.

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08/05/20

37a decamerada

Simona e Pasquino, dois jovens humildes se amam, se encontram em uma praça para namorar, e uma tragédia acaba com o romance. O rapaz morreu envenenado e depois a moça. No final, se descobre que um sapo teve relação com o caso, pois estava na planta que matou o casal. 

Coitado, a população queimou o agente do veneno responsável pela tragédia. 

Pergunto: será que no país jabuticaba, um dia, o povo vai perceber os agentes envenenadores que causaram nossa destruição e vai tacar fogo nessas pestes venenosas? (difícil... aqui somos todos presas, gados, semoventes da casa-grande)

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07/05/20

36 novelas do Decameron

Andreuola ama o jovem humilde Gabriotto, que morre em seus braços de algum mal súbito. Após uns percalços por ela ser mulher num mundo de merda como esse nosso, machista e bárbaro, ela termina num convento. A vida seguiu... 

E a nossa vida, segue, sem morte súbita?

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06/05/20

Decameron, 35, 35

A estória de hoje foi da jovem Lisabetta e Lourenço, rapaz humilde assassinado pelos 3 irmãos da moça. Ela morre de tristeza no fim.

Faltam 65 dias e estórias. Tem hora que fico em dúvida se chegarei até lá. Está tudo muito incerto, muito ruim. Que sensação ruim da peste!

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05/05/20

34° dia, 34a novela do Decameron

Estou na 4a jornada de narrativas, só tragédias e finais infelizes de histórias de amor.

Rei Guilherme manda decapitar neto, após este desonrá-lo tentando raptar filha de outro rei, prometida a outro. Ela morre, ele morre. Rei é impiedoso para manter sua palavra... (os jovens se amavam)

No país jabuticaba, o rei está nu, não tem palavra, não tem honra, mas manda todo mundo calar a boca, vocifera mentiras (fake news diárias) e alguns súditos em ladainha: aleluia, mito, mito!! (Boccaccio, me ajuda!)

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04/05/20

Decameron 33° dia

Depois de um dia de limpezas domésticas, banho tomado, cansaço e bocejos, peguei meu compromisso de uma novela de Boccaccio por dia e li a estória trágica das 3 irmãs de Marselha, na Provença: Ninetta, Madalena e Bertinha. Dos vícios humanos, a ira foi a desgraça delas. A ira cega e tira a razão...

Não é à toa que a ira foi o instrumento usado pelos golpistas da casa-grande no país jabuticaba para transformar seres humanos quase normais num bando de zumbis bolsonaristas e em fanáticos fascistas amorais!

A Ira sempre funciona, ela transforma você num escravo. Assim já nos explicava o jagunço Riobaldo Tatarana...

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03/05/20

Leitura: "Borges y los cuervos"

Terminei o livro El gaucho insufrible, de Bolaño. É muito reflexivo. Acho que vou ler alguns textos críticos sobre autor e obra.

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Ainda 02/05/20

Decameron, começa a 4a jornada de novelas. Nesta série, os jovens vão narrar casos de amores infelizes ou com finais tristes.

31a estória - pai que dizia amar a filha mais que qualquer coisa no mundo, se mostra cruel e impiedoso ao não aceitar o amor dela por um rapaz humilde. Dá merda no fim...

MULHERES, FRUTOS DE FRAQUEJADAS

De novo, o que vemos é a forma como são tratadas as mulheres pelos bolsonaristas da antiguidade e da atualidade. A espécie humana, recente na Terra, não vai longe não. Vai não. Cada vez que vejo 1 (uma) mulher apoiadora dessa desgraça que colocaram no poder, eu desisto dos humanos.

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02/05/20 (foi um dia de muitas postagens na rede social - a quarentena nos fazia pensar sobre o que fazer fechados em casa)

Meta literária diária ainda não foi cumprida... falta ler a novela do dia do Decameron... e bateu aquela moleza agora... aff, lá vai eu ler em pé de novo...

(antes)

BOLAÑO - O conto "El policía de las ratas" é muito simbólico. Quando li a 1a vez, ano passado, já havia ficado impactado. Neste momento de caos e do mal, o conto de Bolaño é um dos melhores que já li.

(antes, sobre uma postagem minha a respeito de uma corrida anos atrás: ler aqui)

Há onze anos, no dia 3 de maio, corri uma prova de 8K na cidade de Osasco (SP), prova que contou com a parceria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Foi um dia legal na semana dos trabalhadores.

Onze anos depois (2020), muita coisa mudou. Muita coisa. Vivemos o caos e a destruição do país e dos direitos dos trabalhadores, que estão em um dos piores momentos de sua história. Mas as lutas seguem, enquanto estamos vivos.

Para tentar manter-me vivo, saí para correr aqui em Osasco e quase fiz os 8K... acabei fazendo 7,5K, mas tá bom demais para o contexto atual de pandemias de Covid-19 e a pior talvez, a pandemia do bolsonarismo, que causa morte cerebral e suas vítimas seguem andando por aí e barbarizando os outros... os zumbis são realidade...

Post Scriptum: a noção do tempo tá tão estranha que eu achei que hoje era dia 3 e só forcei correr quase 8K por causa disso (rsrs). Valeu o engano ao menos como incentivo de corrida (kkk).

(antes)

Corrida, garapa, banana... 7,5K percorridos.

Post Scriptum:

E caqui...

Meu, tenho que baixar essa merda de pressão arterial. A vida real não é bela. A vida é foda!

Corri desviando de tudo quanto é vírus... corona... fdp com camisa da CBF e outras pestes...

(antes)

Preguiça de pôr roupa e lembrar que sair é voltar e voltar é toda aquela merda de higienização... preguiça e, no entanto, se eu não correr, não terei feito a minha parte em tentar sobreviver um pouco mais por aqueles que consideramos. Se essa merda de corpo colapsar, que não tenha sido culpa minha... já fui suicida por muito tempo de meus anos, hoje não morro nem me deixo matar. - Vai correr, então, infeliz!

(antes)

El gaucho insufrible, Roberto Bolaño... Desde o ano passado, quando comecei a ler Bolaño, percebo o quanto seus textos me fazem pensar... talvez pelo seu destino trágico, talvez pela falta de respostas em relação à vida. Pensativo... talvez por saber o que ele afirmava sobre a brevidade das coisas, das obras, dos atos, da história... quem vai saber de Bolaño daqui a 200 anos? Quem vai saber de mim amanhã? Quanto tempo algo dura?

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01/05/20

A DOR DA PERDA, A MORTE.

Ao ouvir Mino Carta falar das perdas de seu filho e do amigo PHA em 2019 e agora o jornalista Nirlando Beirão, apertou-me o peito já dolorido por tudo que temos visto. Senti uma tristeza angustiante. Minha solidariedade ao Mino e às pessoas que estão sofrendo com todo o mal que assaltou o nosso mundo. (ver vídeo do Mino aqui)

(antes)

30. Ao decamerar a 30a novela do Decameron, de Boccaccio, de novo pensei na ousadia do escritor em publicar em 1353 a referida obra. Essa 3a jornada terminada contou estórias com muito sexo, luxúria, traição, estupro (monge abusar de uma jovem de 14 anos é estupro) e por aí vai. Vamos para as 10 novelas da quarta jornada... (se os vírus ao redor não me matarem nos próximos 10 dias)

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Fim do olhar para trás. Por mais que a gente olhe os fatos e sentimentos do ontem, a gente tem dificuldades para compreender como pudemos descer tão fundo no esgoto, na merda em que nos colocaram no Brasil após a destruição da sociabilidade mínima que havia no país e envenenamento do povo por um ódio e uma ignorância nunca vistos em lugar algum. A grande imprensa da casa-grande e os tucanos acabaram com o Brasil. Bolsonaro é só um aspecto disso tudo, é um produto.


William

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