sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Sabe com quem está falando?



Reflexão:

Pela manhã, ao passar pelo hall do condomínio, cumprimento a Do Carmo. Ela trabalha para nós no condomínio e mantém tudo em ordem em nosso bloco. Ela pergunta pela saúde de minha esposa e eu pergunto como vai a saúde dela. Quase todos nós temos nossas dores diárias e cronicidades. Do Carmo é cidadã brasileira.

No quiosque perto de casa, cumprimento a Maria e compro pão francês e pão de queijo, às vezes algum pão doce também. Quando não tem fila na calçada onde o quiosque sobre rodas está, conversamos amenidades. Outro dia soube que ela faz tratamento contra algum tipo de câncer. Maria é cidadã brasileira.

Na outra opção para comprar pães perto de casa, uma pequena padaria, quando vou lá cumprimento todas as funcionárias que já conheço, antigamente não sabia o nome delas, agora sei. Um dia desses, soube que uma delas não estava trabalhando mais lá. As meninas são muito simpáticas. Normalmente sou atendido pela Gleice, pela Naná ou pela Ingrid. Elas são cidadãs brasileiras.

Quase todo dia encontro o Henrique, quando vou comprar pães. Ele é um cidadão em situação de rua, simpático e expansivo, conversa com todo mundo. Ele pede algum tipo de ajuda para nós que moramos ou passamos pela região. E também recolhe latinhas para vender. Nesta quinta à noite, encontrei com ele em frente de casa, e depois lá na Vila Iara, quando passei por lá correndo. Nos cumprimentamos de novo. Henrique é cidadão brasileiro.

Quando voltei da feira noturna, que acontece às quintas-feiras na frente de casa, passei na van de churros e cumprimentei o Durval. Conversamos um pouco enquanto esperava sair uma remessa quentinha. Ao entrar no condomínio, entreguei os pastéis de nossos trabalhadores da portaria, o Zé e o Severino, figuras muito gente boa. O Zé eu conheço desde quando éramos jovens, coisa de vinte anos antes. Durval, Zé e Severino são cidadãos brasileiros.

Por falar em feira, estava sentindo a falta de uma das pessoas da barraca de pastéis, o rapaz que atende a gente toda semana. Perguntei por ele para a Cris, que trabalha junto com ele. Alexandre está internado se tratando de uma leucemia. Expressei minha solidariedade e torcida pela recuperação dele. Cris e Alexandre são cidadãos brasileiros.

Durante a tarde dessa quinta, estive em contato com outros trabalhadores brasileiros. O Francisco, quando tentamos resolver um problema de internet e o Tiago, que veio reinstalar uma rede de proteção, removida pelo Douglas para um reparo nos vidros da sacada. Todos eles muito prestativos e atenciosos. Francisco, Tiago e Douglas são cidadãos brasileiros.

Outro dia, estava preocupado com o senhor João, que às vezes faz entrega de refeições aqui no prédio. Felizmente, soubemos que está tudo bem com ele ao ligarmos no restaurante onde trabalha, foi só a bicicleta dele que quebrou por esses dias. O senhor João é cidadão brasileiro.

Ixi, estive pensando agora que não perguntei o nome do pessoal da barraca de caldo de cana com quem estou toda semana na feira. E também tem uns colegas que entregam refeição para a gente quase todo dia e eu não sei o nome deles, são sempre os mesmos e é importante saber o nome das pessoas.

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É importante sabermos com quem estamos falando, para tratarmos bem as pessoas, principalmente quando as pessoas estão trabalhando ou precisando de ajuda e, de alguma forma, estão nos ajudando porque precisamos uns dos outros para tudo nessa vida. Não somos nada sem a ajuda das outras pessoas. Pensem nisso na hora que acharem que são muito importantes e melhores que as outras pessoas!

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Cada ser humano é único, cada vida é única e todas as pessoas do mundo merecem respeito, atenção, oportunidades, todas as pessoas do mundo deveriam ter acesso aos direitos básicos dos seres humanos, alimento, moradia, educação, atendimento em saúde, trabalho decente e com remuneração adequada, cultura e lazer, segurança etc. Tecnologia e ciência para isso já existem, é só querermos isso coletivamente!

PANDEMIA DE COVID-19 - Nesta quinta-feira, morreram no Brasil 1582 pessoas vítimas do novo coronavírus. Mil quinhentos e oitenta e duas pessoas! Marias, joões, williams, brasileiras e brasileiros. 1582 famílias estão vivendo o luto neste instante, um luto horrível porque a pandemia impede até o velório e as despedidas que nossa cultura desenvolveu há séculos.

Desde moleque, sempre odiei a frase falada "Sabe com quem está falando?", dita na boca de gente metida a besta, gente que se acha melhor que os outros, gente que dá carteirada.

Hoje, para esquecer desse tipo de gente que faz tanto mal ao mundo, à sociedade, essa gente da carteirada, deu vontade de falar de gente comum, gente que está por aí ralando e tentando sobreviver nesse Brasil desgraçado e destroçado por um golpe de Estado, orquestrado e executado por gente da carteirada, que não vale nem uma unha a mais que as pessoas que citei nesta postagem.

Desejo do fundo de meu coração que o Alexandre e a Maria se curem do câncer que estão enfrentando (também conheço outras pessoas que estão em tratamento contra o câncer, todas elas estão em meu pensamento e no meu coração). 

Desejo tudo de bom para as trabalhadoras Do Carmo, Gleice, Naná, Ingrid, Cris, espero que elas todas tenham muita saúde e também o Zé, o Severino, o Francisco da internet e o Francisco daqui do condomínio, mais o Marcelo e o Luís e a Maria José, a Socorro e a Márcia. E também o Tiago e o Douglas da empresa de redes de proteção. E o Durval, do churros.

Torço todos os dias para que nada de mal aconteça ao Henrique, cuja vida é sempre um perigo estando na rua como ele está. E também torço pela vida e pela saúde da Rosângela, que não vejo no farol faz dias, mas da última vez que a vi ela estava bem e me disse que sua filhinha também, a criança estava ficando com familiares dela.

Encerro a postagem. Durante essa pandemia os bilionários, trilionários, essa gente do 1%, essa gente ficou muito mais bi e tri ricos enquanto a massa de trabalhadores ficou na miséria. A riqueza produzida pelos seres humanos não está sendo distribuída, está sendo acumulada na mão de poucos. Isso é uma merda, é um absurdo, e não pode continuar assim. Vamos mudar essa porcaria injusta!

Os banqueiros no Brasil demitiram mais de 10 mil mães e pais de família e jovens com vidas promissoras durante a pandemia, cidadãos que estão com sério risco de irem para as ruas, para a depressão, para a miséria. Isso não pode continuar assim! São marias, joões, seres humanos que ficarão numa condição desnecessária. Temos tecnologia e ciência para que todas as pessoas no planeta exerçam sua cidadania e tenham acesso aos direitos humanos.

Pelo fim do capitalismo! Por uma sociedade socialista!

William

Post Scriptum: ainda pensando em trabalhadores cidadãos brasileiros, eu e Ione temos muita saudade do senhor Adão e do senhor Francisco, gente boníssima! Eles trabalham na portaria do prédio onde moramos por quase quatro anos em Brasília. E hoje fiquei feliz ao ver feliz pelas redes sociais a flamenguista Jesus, comemorando o título de seu time do coração. Conheci a Jesus quando trabalhei na Cassi, ela é uma das trabalhadoras da limpeza. Jesus, Adão e Francisco são cidadãos brasileiros!


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