quinta-feira, 15 de abril de 2021

150421 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

Terminei o capítulo seis do livro do neurocientista Miguel Nicolelis, O verdadeiro criador de tudo - Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos. Foi uma leitura difícil, não o texto, difícil porque não estive bem no dia. Ganhei o livro de presente de aniversário e a leitura de um livro de ciências tem me feito pensar bastante.

Durante uma época de minha vida, tinha receio de que a Inteligência Artificial fosse uma realidade e que as máquinas pudessem pensar e criar e com isso se transformassem em concorrentes dos seres humanos na disputa pela terra, pelo espaço vital. Nicolelis deixa claro que isso não é possível e ainda aponta que os cientistas da computação que vendem essa ideia sabem que isso não é possível. 

Não estou dizendo com isso que as máquinas não possam ser usadas para nos transformar em escravos ou baterias da Matrix, mas por trás sempre haverá humanos. As máquinas não vão se revoltar contra nós e nos eliminar. Nicolelis ao explicar o funcionamento do cérebro e a diferença em relação aos sistemas computacionais deixa isso claro. O problema somos nós, os humanos, e o que podemos fazer com as máquinas.

Nosso cérebro tem 86 bilhões de neurônios. Os neurônios dos animais não agem isoladamente, agem de forma integrada. As explicações que li até agora sobre o funcionamento do cérebro nas 164 páginas do livro do professor Nicolelis me permitiram recordar muitos conceitos e muitos conhecimentos que adquiri na vida quando estudei o corpo humano nos anos noventa. 

O conhecimento científico tem pontos positivos e negativos. Um ponto negativo é termos clareza de nossa condição humana, de nossa mortalidade e efemeridade, isso nos dá humildade e, ao mesmo tempo, nos dá medo e outros sentimentos ruins como egoísmo, egocentrismo e raiva, talvez. Também pode nos fazer pusilânimes, pessimistas e sem esperanças, porque não há espaço para misticismos e crenças sobrenaturais.

Os pontos positivos são muitos também. A inteligência humana, criadora das ciências, permite aos seres humanos criarem soluções para a sua sobrevivência e possibilita a criação de facilidades para a vida humana; a ciência pode melhorar a vida das pessoas.

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Estamos convivendo tanto com a morte que se tornou inevitável a morte tomar conta de nossos pensamentos. Além da pandemia mundial de coronavírus, que mata no Brasil mais de 3 mil pessoas por dia, amigos e conhecidos nossos e familiares de todos nós, convivemos com um psicopata na presidência do país, um sádico mantido no poder por uma espécie de doença mental coletiva, uma banalidade do mal que nos fez perder o amor à vida, ao país e ao povo brasileiro.

Quando fui dormir passando mal, pressão arterial super alta, sabia que um treco poderia acontecer comigo. A vida é um instante, da vida para a morte é um segundo. O sentimento que mais vem à cabeça é a preocupação com as pessoas que dependem da gente de alguma forma, relações de amor, de amizade, de sustento. 

Eu me cuido da forma que é possível, tenho consciência corporal e consciência social sobre estar vivo. Gostaria de ver as pessoas mais felizes e sofrendo menos do que vemos hoje. Estragaram tanto nosso mundo com o golpe de Estado e com a destruição da parte boa das pessoas, para se alimentar o que havia de pior em cada um de nós - raiva, ódio, fúria, ignorância - que se um dia o povo brasileiro sair dessa desgraça que nos colocaram, será num amanhã distante. Eu não estarei mais aqui, não verei mais as pessoas felizes. Triste isso. Queria ver meu filho feliz, ver os jovens felizes. (Felizes de forma plena e consciente, não idiotizados, estupidificados como os negacionistas que se aglomeram e contribuem de forma canalha para espalhar o vírus mortal, são uns assassinos esses).

William


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