quinta-feira, 1 de abril de 2021

Moby Dick - Há 170 anos já faziam quarentena



Refeição Cultural

"Ao sinal do Pequod, o navio desconhecido respondeu finalmente com o seu. Verificou-se que se tratava do Jeroboão, de Nantucket. Em seguida, o navio braceou as vergas, virou de través a sotavento do Pequod, proa a leste, e desceu um bote, que não tardou a aproximar-se; porém à ordem de Starbuck, para que fosse desprendida a escada lateral, pela qual devia subir o capitão do outro navio, este agitou a mão, da popa, indicando que aquilo era inteiramente desnecessário. Acontece que a bordo do Jeroboão se havia declarado uma epidemia e Mayhew, o capitão, temia contagiar os homens do Pequod. E conquanto ele e a tripulação do seu bote estivessem ainda isentos, ainda que o seu navio se achasse à distância de um tiro de fuzil do Pequod, separado pelo incorruptível e ondulante mar e pelas correntes de ar, recusou de maneira terminante - ajustando-se escrupulosamente à prudente quarentena de terra firme - pôr-se em contato conosco." (p. 364)


Amigos e amigas leitores, ao ler essa passagem de Moby Dick, obra clássica de Herman Melville, publicada em 1851, 170 anos antes de nosso tempo, eu fico até sem graça, fico envergonhado, fico reflexivo em relação ao quão fundo do poço chegamos com o negacionismo do regime genocida no poder no Brasil, que desde o começo da pandemia mundial de Covid-19, há um ano, nega as medidas de isolamento social e quarentena para evitar a transmissão do vírus mais mortal do último século no mundo.

Em meados do século XIX até marinheiros com pouca instrução e com o conhecimento científico daquela época sabiam que em caso de epidemias as medidas mais básicas eram evitar o contato com as outras pessoas e fazer algum tipo de quarentena para não transmitir e ampliar a epidemia do foco onde ela estava.

No Brasil, os genocidas no poder por golpe de Estado e por eleições fraudadas e ilegítimas em 2018, fizeram a opção por não seguir as recomendações das autoridades mundiais de saúde e optaram por espalhar o vírus para toda a população brasileira, não tomando as medidas que o mundo todo tomou. O regime fascista sabia que sua opção em não vacinar o povo, incentivar o povo a pegar Covid-19 e contaminar todo mundo poderia matar uma parcela da população de mais de 200 milhões de pessoas. O resultado não tardou. Estão morrendo quase 4 mil pessoas por dia e em breve será meio milhão de pessoas mortas pela pandemia. Foi algo premeditado pelo governo.

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Enfim, comentário trágico à parte, vamos falar da felicidade de avançar na leitura de Moby Dick. Hoje cheguei à página 400 do livro. Foi o 13º dia de leitura desse clássico da literatura mundial.

Li capítulos muito interessantes, é uma pena que não dá para comentar todos eles. Só posso recomendar que vocês leiam o livro de Melville.

Tive uma noite intranquila e não consegui dormir direito. As pessoas conscientes e humanistas sofrem absurdamente nesses dias de mortandade e destruição do nosso mundo pelo bolsonarismo.

Sem conseguir dormir, levantei-me às 5 horas da manhã e antes das 6 horas, já estava tomando um café e me preparando para ler. Vi o sol nascer, e embarquei no convés do Pequod.

Minha sacada virou o convés do Pequod e aproveitei para tomar o sol da manhã. Conforme o sono vinha eu lia em pé, de costas para o sol, e resisti ao cansaço, lendo quase 40 páginas.

Leiam, leiam! Vamos sobreviver e vamos recomeçar o mundo e a vida após a pandemia mundial, após esse regime de morte que se apossou do país por golpe.

Vamos seguir os conselhos daqueles que têm alguma consciência, alguma inteligência e vamos seguir as recomendações de quarentena e isolamento social para evitar ampliar mais ainda a transmissão do vírus e as mortes. Até os marinheiros de baleeiros sabiam disso, dois séculos atrás.

William


Bibliografia:

MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução de Berenice Xavier. São Paulo: Publifolha, 1998.


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