terça-feira, 6 de abril de 2021

Moby Dick - No entanto... o leviatã deve morrer



Refeição Cultural

"Agora que os botes a encurralavam, ia mostrando mais a parte superior do corpo, que em geral mantém submersa. À maneira dessas estranhas excrescências que se formam nos magníficos carvalhos, quando derrubados, dos seus olhos, ou antes das concavidades que eles deviam ocupar, irrompiam dois bulbos mortiços cuja vista produzia uma horripilante compaixão. Mas ali já não havia piedade. Apesar da velhice, da barbatana única e dos olhos cegos, a baleia devia morrer, e morrer assassinada, para iluminar alegres núpcias e outros divertimentos humanos e iluminar ainda as solenes catedrais nas quais se prega a bondade sem limites para com todos..." (MELVILLE, 1998, p. 413)


Retomei hoje a leitura de Moby Dick, do escritor norte-americano Herman Melville. Comecei a leitura do clássico no dia 8 de março. Hoje é o 14º dia de leitura. Calculei ler essa grande obra em mais ou menos três semanas de leitura, ou seja, 21 dias. 

A leitura do dia foi muito agradável, com diversas passagens que me deixaram impressionado com as surpresas da ficção. A leitura teve momentos de ironia; o narrador se mostra muito interessante, solta suas filosofadas a todo momento. 

Ismael, o narrador personagem, um simples marinheiro do Pequod, se diz iletrado e, ao mesmo tempo, vai narrando e filosofando em momentos marcantes da obra. Cita Shakespeare, Champollion, depois clássicos gregos e romanos, é impressionante!

Teve uma passagem na narrativa que fiquei boquiaberto, foi demais. No capítulo "A fonte" o narrador faz uma marcação temporal impressionante para uma obra lançada em 1851:

"(...) o fato de que tudo isso tenha acontecido e, contudo, até este bendito instante (uma hora, quinze minutos e quinze segundos deste décimo sexto dia do mês de dezembro do ano de 1851), continue a ser um problema saber se esses jorros são realmente de água ou apenas vapor - tudo isto, pois, constitui decerto uma coisa notável." (p. 425)

Fala sério! Fiquei muito admirado com essa parte da obra. Muito legal!

Vários capítulos foram de descrição e filosofadas a respeito das descrições. Meu livro está todo rabiscado e cheio de notas de canto de páginas (rsrs). Alberto Manguel, no livro Uma história da leitura, fala sobre isso, sobre os diálogos possíveis entre os leitores que passaram pelo livro através das marcações no volume.

ACASOS: um grande amigo está lendo Moby Dick ao mesmo tempo em que estou lendo o clássico. Essas coisas do mundo da cultura e da literatura são muito legais. Já por duas vezes, o Sérgio me falou onde parou na leitura e as duas vezes eu havia parado ou no mesmo capítulo ou muito próximo. Cara, o livro tem centenas de páginas!

Ontem, ao receber uma mensagem do Sérgio, ele me disse que havia parado no capítulo "A noz". Eu havia parado a leitura num capítulo antes, comecei hoje no capítulo "O prado", 3 páginas antes dele. E dias atrás, aconteceu o mesmo. Ele me disse que havia lido até o capítulo "A hiena", o mesmo no qual havia parado! Muito louco! E legal!

Foi assim a minha manhã no convés do apartamento, navegando no Pequod e nos Mares do Sul.

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Agora, imitando o marinheiro narrador de Moby Dick, é hora de ligar o celular neste dia 6 de abril de 2021, às 14 horas e 45 minutos e saber mais uma vez das desgraças que se sucedem nas nossas relações de amizade e em nosso mundo tomado pelo mal na figura dos demônios no poder do Brasil. Pessoas queridas estão morrendo, o povo está passando fome e não tem direitos, o país está sob o poder de uma horda de bandidos.

Leviatãs, sem dúvidas, monstros colocados no poder para destruírem tudo e todos em benefício de alguns poucos demônios (de carne e osso, que, apesar de assustadores, podem sangrar e morrer!) que acumulam todos os recursos produzidos pela coletividade humana. E escravizam as pessoas. E perpetuam a miséria, a dor, e o sofrimento.

Ontem, ao ligar o celular e entrar nas redes sociais e nas informações, novas mortes e novas tragédias oriundas do mal instalado no Brasil. A pandemia e o bolsonarismo estão matando nossos amig@s. (já são 332.752 vidas perdidas para o Covid-19, dentre elas, vários amig@s). 

A pandemia não foi combatida pelo governo de maneira proposital, ela é aliada do regime fascista, por isso não temos vacina e nem campanhas pelas medidas sanitárias necessárias. A pandemia é estratégica para o governo da morte. Estimativas apontam meio milhão de mortes até o meio do ano. Nossa vida está sob risco alto de morte, de morte iminente, de morte severina.

Mas a hora desses desgraçados no poder por golpe, que destroem, que nos matam, genocidas!, a hora deles vai chegar. Espero estar aqui, vivo, para ver a queda dessa gente do mal.

William


Bibliografia:

MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução de Berenice Xavier. São Paulo: Publifolha, 1998.


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