quinta-feira, 5 de agosto de 2021

050821 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

- Neste instante em que escrevo, meio do dia 5 de agosto, animais humanos da pior espécie encaminham no Congresso Nacional a entrega para a banca privada de mais um patrimônio do Brasil - os Correios. Além dos Correios, os desgraçados estão editando reduções de direitos trabalhistas, mudando a lei das eleições para eles se reelegerem com muita grana ("distritão"), discutindo um tal "semipresidencialismo" para o povo não interferir mais na política do país e outras merdas.

- Esses animais, chamados de parlamentares, que estão desfazendo em alguns meses todos os direitos históricos do povo e o próprio país são os mesmos animais que estão acabando com a vida no planeta de forma acelerada - eles são os pau-mandados do capital, dos donos do mundo. Uns poucos animais com capacidade de determinar o fim de milhões de seres e coisas! (e eles são mortais...)

- Por que a maioria não impede isso, sendo a maioria a maioria prejudicada com a própria inviabilização de sua existência? Há séculos pensadores e estudiosos da história humana se perguntam a mesma coisa. Por quê? Por que a maioria não reage e impede seu próprio fim?

- Por duas ou três décadas estive metido nessas discussões existenciais no movimento estudantil e formalmente como dirigente sindical dos bancários. Busquei fazer o meu papel de formiga no meio desse formigueiro todo. Boa parte do material de leitura que reuni ao longo dessas décadas era material para compreender melhor essas coisas e para me preparar melhor para ser um representante de pessoas e com alguma capacidade de esclarecer questões e convencê-las a se unirem às lutas de nossa classe. Era tudo olho no olho para mudar as pessoas para elas mudarem o mundo.

- Hoje, qualquer pessoa, qualquer mesmo, abre um perfil em alguma rede social e sai falando e escrevendo as maiores barbaridades impensáveis e elas reúnem milhões (milhões) de seguidores. Essas pessoas são chamadas de "influenciadores"... Enquanto isso, a gente lê um livro de centenas de páginas sobre alguma questão filosófica, histórica ou da cultura universal e ao falar sobre esse conhecimento, se muito, temos algumas dezenas de visualizações. Não somos "influenciadores" de nada. Essa é a realidade objetiva do mundo.

- Estive pensando nesses dias qual o sentido e a utilidade de ler a maior parte do material que acumulei quando meu papel era aquele de representar pessoas da minha classe. Percebi que estudar isso hoje me parece sem sentido a partir de meu lugar no mundo neste instante. Eu só quis fazer bem feito o que era meu papel. Acabei sendo representante porque ao ser convidado para participar, aceitei, e a ética é o mínimo ao se propor a fazer algo.

- Hoje as relações humanas são absolutamente utilitaristas, principalmente nos meios que decidem os rumos da vida social. Até as pessoas que se gostam e se consideram pertencentes aos mesmos grupos sociais são lembradas ou esquecidas de forma utilitária. As relações humanas estão muito ruins, não sei se "estão", talvez se tornaram e são ruins. Tudo muda o tempo todo. Os humanos que estão aí são os humanos que temos. São os humanos de 5 de agosto do ano 2021 desse mundo que está aí, com outras contagens de tempo, inclusive.

- Estou cansado dessas relações utilitárias dos meios onde vivemos e morremos...

- A razão que acho que ainda tenho tá batendo pesado em mim.

- Assim como a maioria das pessoas, não sei o que fazer hoje e amanhã.

- Após a leitura do livro do neurocientista Miguel Nicolelis sobre o cérebro humano e o mundo criado por ele tudo ficou mais claro. E o novo conhecimento dificulta qualquer ilusão ou fantasia sobre o momento.

- Neste instante estou vivo, então tenho que pensar sobre as coisas. Se a saúde do corpo permitir, seguirei fazendo isso. Mas estou cansado dessas coisas que estão aí.

- Tenho a impressão que após esses milhares de anos de existência do homo sapiens sobre a superfície do planeta, a violência foi uma das determinantes que prevaleceu até hoje. A lei do mais forte, mesclada com os mais adaptados. Não há ética alguma nisso. Os poucos que dominam o mundo, alguns capitalistas, são a escória do mundo. E no entanto, estão nos matando.

William

Post Scriptum: de novo: qual o sentido de estudar a Revolução Russa? Qual o sentido de eu estudar e falar sobre a Cassi? História do movimento sindical? Quem liga pra isso? Francamente! Isso é inútil!


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