terça-feira, 21 de setembro de 2021

A eleição de Bolsonaro foi o nosso 11/9



Refeição Cultural

Segunda-feira, 20 de setembro. 3º ano do impacto.


Estava terminando a leitura da noite quando vi algo na televisão que me fez pensar a respeito de meus sentimentos em relação ao Brasil e ao povo brasileiro neste momento da história. Pela manhã, já havia escrito a respeito de minha desilusão com o país e com os seres humanos.

Um entrevistado no Roda Viva lembrava que em 2018 o povo brasileiro votou em Bolsonaro por ele ser o Bolsonaro. Cara, é isso mesmo! Esse lixo humano foi eleito por ser o que é. Meu padrinho e toda a sua família votou nele. A maior parte das pessoas com quem convivi por décadas na família votou nele por ele ser o que é (deixar ele ser eleito se abstendo foi a mesma coisa naquele fatídico dia do 2º turno, a tal "escolha difícil"). Pessoas que conheço no condomínio onde vivo há duas décadas votaram nele. As pessoas não foram enganadas. Elas votaram no que Bolsonaro disse e pensa e defende, no que ele é.

No início do século 21, o mundo assistiu ao atentado às torres gêmeas do World Trade Center naquela manhã de 11/9 de 2001. Aviões comerciais com dezenas de passageiros foram sequestrados e arremessados contra as torres que simbolizavam o falo do capitalismo norte-americano, o espírito americano do homem branco macho alfa armado até os dentes, senhor de escravos e dominador dos povos do Sul e do Oriente. Aquele ataque ao império romano do século 21 deve ter sido, entre outras coisas da política, o acúmulo de muito ódio dos povos do Oriente em relação ao mundo ocidental. Aquelas cenas de fumaça sobre Nova Iorque mudaram o mundo. O mundo ficou pior com a desculpa dada aos Estados Unidos para implementar sua "Guerra ao Terror".

A eleição de Bolsonaro naquele dia 28 de outubro de 2018 foi o nosso 11/9. O Brasil nunca mais seria o mesmo. As relações sociais nunca mais seriam as mesmas. O povo brasileiro havia eleito o que Bolsonaro significava, o que havia sido a vida inteira na política, na vida pública e na vida privada. Bolsonaro nunca escondeu o que defende, o que pensa, o que propõe, o que fez em três décadas de vida pública (uma das consequências de sua vida de político foi ficar muito rico, ele e toda sua família).

Alguns temas inerentes à sociedade humana ao longo da história do mundo são recorrentes no entorno dessa figura, desse ser humano escolhido pelo povo brasileiro como líder de uma nação: tortura, violência, assassinato, corrupção, privilégio, ignorância, manipulação, machismo, racismo, cinismo, maldade, incompetência, estupro, ódio. 

A história não se repete. Assim como o 11/9 não foi nada parecido com eventos históricos na sociedade humana, nem sequer foi o Pearl Harbor dos norte-americanos, a eleição desse ser pelo povo brasileiro não reproduz o nazismo de Hitler, nem o fascismo de Mussolini, Franco, Salazar entre outros. A eleição de Bolsonaro muda nossa história, assim como a existência daqueles citados mudou a história dos países deles e do mundo. Mas essa aberração é só nossa, de mais ninguém (apesar das consequências globais da destruição física do Brasil).

O difícil é entender o que se passou aqui com o povo. O que ainda se passa com essa massa humana de mais de duzentos milhões de homo sapiens que já permitiram a permanência de Bolsonaro por todo esse tempo. O difícil é entender!

O Brasil nunca mais será o mesmo. A eleição de Bolsonaro foi o nosso 11/9.

William


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