terça-feira, 2 de novembro de 2021

Instantes com Cecília Meireles



Refeição Cultural

Osasco, 2 de novembro, Dia de Finados.


"POEMA DA DESPEDIDA

Eleito, ó Eleito,
não tornarão mais os meus olhos
a procurar pelos ares
os lírios dos teus pés...
Nunca mais erguerei os braços,
como se erguem as asas,
nesta loucura
de chegar aonde estás...
Eleito, ó Eleito,
não voltarei a sonhar
que me apareces,
que me ouves,
que me acolhes...
" (p. 85)


Nesta manhã de Finados, peguei o volume 1 de Poesia completa, de Cecília Meireles, e após ler um pouco na internet sobre a biografia dela, li de forma muito concentrada a segunda parte do livro Nunca mais... e Poema dos poemas (1923). A primeira parte havia relido dias atrás.

O Poema dos poemas é composto por 21 poemas, divididos em 3 partes de 7 poemas. Ao ler os lamentos do Eu-lírico conversando com um receptor que nunca se mostra, que não acolhe, que não ouve, que não vê - ou se vê, não interfere em nada -, e ao ver o desenlace dessa busca do Eu-lírico, eu me transportei para o meu passado, décadas atrás, aquele passado de buscas místicas e religiosas daquele que fui.

Mesmo sendo quem sou hoje, compreendo perfeitamente essa relação mística e de busca que os seres humanos vivenciam nas diversas fases de suas vidas. Passei décadas clamando por ser visto e ouvido e acolhido por um ser superior e todo poderoso como faz o Eu-lírico de Cecília Meireles. E no final, o Eu-lírico encontra a Sabedoria. Não sei se tive o mesmo êxito.

"POEMA DA SABEDORIA

(...)

Sabedoria! Sabedoria!
Só te encontrei nos abismos,
quando vim descendo
da altura da solidão...
Depois do renunciamento...
Depois de tudo e de todos...
Depois de mim...
Sabedoria! Sabedoria!
Abençoa-me,
porque sofri,
buscando-te!
E, por encontrar-te e querer-te,
faze-te meu Destino...
Deixa-me viver em Ti!...
" (p. 104)

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Um orgulhozinho: enquanto lia sobre a vida de Cecília Meireles, vi que ela foi oradora de sua turma de formatura. Fiquei lembrando de outras personalidades que também têm em suas biografias o fato de terem sido oradoras em suas turmas escolares e acadêmicas. 

Naquele instante de leitura, me veio uma espécie de orgulho, uma vaidadezinha, porque eu fui escolhido orador de nossa turma de Ciências Contábeis, turma de 1991 a 1994, da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco, a antiga FEAO-FITO. 

Nossa turma tinha mais de 100 alunos e nos dávamos muito bem. Foi um privilégio ser o orador e até hoje tenho guardado comigo o texto que fiz e que foi lido em nossa formatura. Me lembro de praticamente todas as pessoas, colegas do curso. Tenho ainda um carinho imenso por elas. Um beijo e um abraço fraterno a cada um e cada uma que esteja por aí nesse nosso mundo, vasto mundo.

William

Post Scriptum - clique aqui para ler a postagem sobre a primeira leitura dessa obra de Meireles.


Bibliografia:

MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Coordenação André Seffrin. Apresentação: Alberto da Costa e Silva. 1ª edição - São Paulo: Global, 2017.


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