quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

151221 -- Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 15 de dezembro do ano de 2021.


Está acabando mais um ano de acordo com os calendários de referência. Na verdade, eu diria que não vai acabar nada no dia 31 de dezembro e nada novo vai começar no dia seguinte. Vivemos no Brasil o mesmo ano de 2016, desde que mais um golpe de Estado foi efetivado contra o povo brasileiro, o povo pobre, o povo da classe trabalhadora, o povo preto pardo ou descendente de escravos ou povos originários de nossas terras. Seguimos e me parece que seguiremos em 2016 por um longo tempo ainda, maior do que os dias corridos do calendário de 2022. Eu não compartilho do otimismo esperançoso de meus pares da classe que veem mudanças no Brasil porque o homem Lula está disparado nas pesquisas eleitorais neste momento da história. Acho de uma inocência quase infantil acharem que os golpistas nos deixarão retomar por conciliação e sem violência o caminho das lentas mudanças que vínhamos fazendo em favor do povo antes do golpe. Meus pares ainda acreditam em conciliação de classes, entre nós e o 1%. Ou não aprenderam nada com a história recente ou preferem o conforto do autoengano. O tempo é um marco. As pessoas preferem olhar o tempo de suas vidas ao invés do tempo histórico de nossa classe. (Se olharmos qualquer notícia sobre a política sob o governo Bolsonaro, veremos que cada milímetro de espaço das instituições do Estado nacional está sendo ocupado pela canalha toda da mesma forma que fizeram os regimes de Hitler, Mussolini, Stalin, Salazar, Franco etc. Não vamos nos livrar do regime bolsonarista dos golpistas retirando Bolsonaro do poder formal)

Estou lendo um livro clássico que estava nos meus objetivos de leitura: As aventuras de Robinson Crusoé (1719), do inglês Daniel Defoe. Que dureza! Não estou gostando do romance, e não vou deixá-lo pela metade, vou ler até o fim. Mas vai ser foda acabar a leitura. Que personagem símbolo dessa merda toda que o mundo humano está vivendo nesse momento da história! Trezentos anos depois da publicação do romance de Defoe, nada mudou! A mentalidade do homem branco do Norte é a mentalidade que vigora destruindo o mundo todo. Crusoé é a representação do imperialismo, do racismo, da xenofobia, o personagem é a cara dos brancos que dominaram o mundo nos últimos séculos e que neste momento não se importam em acabar com a vida e o planeta. Eu não sei por que tomei tanta birra do personagem arrogante, sendo que conheço outros do mesmo tipo, personagens são personagens, ficção é ficção, eu sei disso. Brás Cubas, por exemplo, nos dá muito nojo porque ele é a representação da burguesia tacanha do país, mas sei que o romance é uma crítica e a técnica machadiana é a ironia feroz. Não acho que esse seja o caso do romance e do personagem do inglês Daniel Defoe. Mas vou até o fim na leitura. Estou me arrastando pelas páginas. Cada página me dá mais cansaço, e ainda faltam 200 páginas... 

Registro feito. Muitas coisas aconteceram e seguem acontecendo na vida pessoal. Mas tenho que parar de escrever a respeito disso. Isso não deveria interessar a ninguém. (seria uma contradição escrever diários sem falar de coisas pessoais? É. Mas o animal humano é contradição pura)

William


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