segunda-feira, 13 de junho de 2022

A Amazônia está salva? (CartaCapital, 381, 22/02/2006)



Refeição Cultural - CartaCapital 381

A AMAZÔNIA ESTÁ SALVA?


Em fevereiro de 2006, a matéria de capa de CartaCapital nos apresentava a pergunta "A Amazônia está salva?" e ainda na capa apresentava o tema central que leríamos na revista: "Pela primeira vez na história, há consensos entre ambientalistas, seringueiros e madeireiros em torno de um novo modelo de exploração da floresta. Resta ver se o governo fará cumprir a lei inovadora".

A revista é de 22/02/06.

Terminei a leitura da revista inteira neste domingo, 12/06/22, ouvindo "Bachianas Brasileiras" de Heitor Villa-Lobos. A leitura de uma edição de CartaCapital com as notícias de fevereiro de 2006, 16 anos atrás, me fez sentir uma mescla de sentimentos bons e ruins. Bons porque o Brasil avançava em benefício do povo; ruins porque o golpe nos fez regredir ao pior tempo de nossa história.

A matéria de capa, por exemplo, nos transporta a um tempo, uma época, em que o Brasil e o povo brasileiro viviam um período de tentativas de conciliação de classes, de busca de consensos políticos, de construção de uma sociedade através do diálogo e em paz (sem guerra declarada). Tempos de governos do Partido dos Trabalhadores: na época vivíamos o primeiro governo Lula.

Durante os governos do PT, o Brasil e o povo brasileiro eram focos de curiosidade do mundo inteiro. Nosso povo era um dos povos mais felizes do mundo, mesmo tendo as cicatrizes de nosso passado de mazelas oriundas da colonização de exploração do solo e do povo por séculos. 

Avançávamos em todas as áreas sociais e nos projetávamos para sermos um dos países mais importantes do século XXI. Repito: em paz, ou seja, sem o ódio como política e sem a eliminação do "outro" como se prega no bolsonarismo oriundo da casa-grande, na "elite do atraso" como nos ensina Jessé Souza.

AMAZÔNIA HOJE - Onde estão Bruno e Dom? Neste momento em que escrevo este texto, uma segunda-feira 13/06/22, as notícias estampadas nos portais do mundo inteiro seguem cobrando informações do governo brasileiro a respeito do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, desaparecidos no Amazonas na última semana. 

Além do sumiço de Bruno e Dom, inumeráveis notícias nos envergonham na atualidade bolsonarista. Povos indígenas perseguidos, estuprados e assassinados por garimpeiros e invasores livres para barbarizarem à vontade terra e povo amazônicos. Essa é a realidade 16 anos depois da conciliação que buscaria um caminho melhor para a Amazônia e seus povos.

A questão amazônica e tudo relativo ao Brasil viraram temas de destruição, morte e miséria após o golpe de 2016, após Temer e Bolsonaro. O país virou um continente dominado pelo crime organizado e pelas milícias. Uma terra de privilégios para uns poucos abastados (o 1%) e um país de fome, de desalento e retrocessos para o conjunto da população brasileira (os 99%).

A edição traz ainda o Dr. Sócrates em artigo "Educação no esporte" cobrando exigência de conclusão do ensino fundamental para os futuros jogadores de futebol; tem uma matéria sobre o Haiti, feita por Antonio Luiz M. C. Costa, que é uma verdadeira aula de história; Delfim Neto em artigo cobrava uma 3ª via (tema antigo da elite quando se fala de liderança do PT) enquanto criticava os tucanos e aparentemente não engolia Lula já despontando nas pesquisas para as eleições daquele ano.

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Li a revista porque não sei o que fazer com dezenas e dezenas de revistas CartaCapital com tamanha quantidade de história do Brasil. Sei que devo me desfazer delas. Não conseguia ler as revistas à época porque mal dormia pelo tanto que trabalhava ininterruptamente como dirigente da classe trabalhadora. Eu era sindicalista fazia 4 anos e tudo que era relativo à história da luta de classes eu lia, estudava e repassava aos trabalhadores que representava.

Tenho muita dó de jogar tudo fora... mas sei que não tenho o que fazer com essa quantidade enorme de material de uma época de estudos e militância política.

É isso!

William


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