segunda-feira, 20 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (X)

Segunda parte

Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)

X. Projeção da economia açucareira: a pecuária

Nesse capítulo, Furtado nos apresenta como num roteiro de filme os acontecimentos que fazem com que tenhamos uma compreensão melhor da história, tanto do Brasil quanto de outros países das Américas.

A economia açucareira é um mercado de dimensões grandes. Os produtores não desviam o foco de seus fatores de produção pra nada. Quem planta cana ocupa toda a terra pra isso. Nasce, então, oportunidades para outros mercados.

"A própria produção de alimentos para os escravos, nas terras do engenho, tornava-se antieconômica nessas épocas. A extrema especialização da economia açucareira constitui, na verdade, uma contraprova de sua rentabilidade." (p. 57)

Furtado compara o desenvolvimento de São Vicente (SP) com a Nova Inglaterra (EUA), considerando a paulista como uma colônia de povoamento, já que não deu certo a cana-de-açúcar.

Assim como os colonos do norte (EUA) foram se desenvolvendo com atividades de subsistência como a pesca e o comércio de alimentos e madeira para a região das Antilhas (de produção monocultora de açúcar), São Vicente passou a se virar em outras atividades: caça e venda de indígenas como escravos para exportação.

Os colonos paulistas adentraram o continente pra caçar humanos e escravizá-los... seriam os "adoráveis" bandeirantes que a burguesia paulista enaltece até hoje...

Regiões como São Vicente passaram a viver de comércio de escravos, madeira e animais de tiro para os engenhos e carne como alimento. Animais de tiro passaram a ser necessários para adentrar o continente devastando as florestas também.

A separação das atividades econômicas - açucareira e de criação de gados - fez com que surgissem novas ocupações ao Sul e para dentro do continente. Tenhamos claro que essa nova atividade - criação de gado - foi um reflexo da atividade econômica principal na colônia: a açucareira.

O capítulo termina já dando um panorama da virada do século XVII para o XVIII em relação às atividades econômicas na colônia portuguesa. A atividade criatória de gado é de baixa produtividade à medida que o gado vai se afastando dos litorais. O gado do Sul terá importância para a atividade de mineração na região Sudeste.

Um resumo sobre a atividade pecuária pra fechar o capítulo: "Observada a economia criatória em conjunto, sua principal atividade deveria ser aquela ligada à própria subsistência de sua população. Para compreender este fato, é necessário ter em conta que a criação de gado também era em grande medida uma atividade de subsistência, sendo fonte quase única de alimentos, e de uma matéria-prima (o couro) que se utilizava praticamente para tudo. Essa importância relativa do setor de subsistência na pecuária será um fator fundamental das transformações estruturais por que passará a economia nordestina em sua longa etapa de decadência." (p. 62)

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COMENTÁRIO FINAL

Celso Furtado nos apresenta esse livro em meados do século passado como um "esboço do processo histórico de formação da economia brasileira". 

Cara, como esse esboço é esclarecedor de nossa realidade em 2022 no século XXI! Ao olharmos ao nosso redor e vermos os atores que lideram a destruição de nosso mundo, nosso país, nossas vidas, os caras do agro "pop" e da casa-grande, fica claro como a água os interesses que sempre prevaleceram na ocupação do território brasileiro. 

Esses coronéis seculares precisam ser derrotados por nós, o povo brasileiro vítima deles. Até o povo colombiano tomou a decisão de dizer um basta a esses colonizadores (eleição de Petro e Francia à presidência neste fim de semana)... e nós, será que faremos o mesmo em outubro elegendo Lula?

William

Leia aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


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