segunda-feira, 29 de agosto de 2022

História dos bancários: um olhar




Um olhar pessoal da história dos bancários brasileiros

Dia 28 de agosto é o dia dos bancários e das bancárias do Brasil. Dia 28 de agosto também é aniversário de criação da maior e mais importante central sindical do Brasil, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que completou 39 anos de existência e, na minha opinião, segue sendo uma instituição estratégica para a classe trabalhadora brasileira.

Ao longo de três décadas trabalhei como bancário, 2 anos no Unibanco e quase 27 anos no Banco do Brasil, primeiro como estagiário e depois como funcionário concursado. Durante mais da metade dessa jornada laboral, atuei como um dirigente eleito pelos colegas para representá-los em espaços de organização e negociação de direitos coletivos. Foi o que fiz de melhor em minha vida.

Quando cheguei eleito ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, em 2002, já era bancário do Banco do Brasil sindicalizado há uma década. Já era um pouco politizado pelo mundo do trabalho, mas não era tão politizado quanto passei a ser ao virar sindicalista. Minha formação política de esquerda foi de certa forma tardia, após os 30 anos de idade, ao ser dirigente estudioso e presente nas bases, porque antes minha participação nas lutas sociais e estudantis eram voluntariosas, mas sem consciência histórica e de classe.

Nos primeiros anos de movimento sindical, era minha característica prestar atenção em tudo e em todos, ouvir com atenção as lideranças mais experientes e das diversas forças políticas que havia, ler e guardar os materiais impressos que existiam sobre nossa história de organização e lutas etc. E assim me formei no dia a dia da representação e nas lutas da categoria e da classe trabalhadora. Minha base formativa foi o Sindicato e mais especificamente o coletivo de diretores e diretoras do Banco do Brasil no Sindicato e no movimento nacional do BB.

Exerci mandatos sindicais e de representação por praticamente duas décadas. Saí do movimento sindical, da vida política e de representação e do Banco do Brasil em 2019. Após meu afastamento dos espaços de organização e lutas da categoria à qual militei a vida toda passei a viver uma realidade bastante diferente daquela que vivia. Sair do topo das organizações sociais para o seio de sua casa e ainda enfrentar dois anos de isolamento pela pandemia mundial é um choque traumático. A mudança é muito radical e se a pessoa não encontrar um certo equilíbrio emocional e novos sentidos e significados pode ser que ela pire. Eu ainda estou buscando sentidos. Isso é normal.

Acumulei durante a vida de estudos e representação de classe uma quantidade enorme de materiais relativos à nossa história. Sabendo que é necessário mexer nessas coisas, se desfazer de boa parte delas e seguir adiante buscando sentidos para o viver, venho olhando os materiais, avaliando o que não dá para jogar fora, o que se poderia fazer com alguns dos materiais etc. Algumas coisas são muito interessantes. 

Pode ser que alguns dos documentos de nosso passado de lutas valham a pena serem citados, comentados e ou transcritos no blog A Categoria Bancária (acessar aqui), uma página na internet para a qual dediquei muito tempo de minha vida durante os mandatos que exerci, um espaço de formação e informação dos leitores, de prestação de contas e de registro da história coletiva de uma categoria de lutas e conquistas importantes do povo brasileiro.

Vamos ver se a vida e o momento atual me permitem dedicar algumas horas da semana para compartilhar um pouco de história da categoria bancária sob o meu olhar e com as minhas lembranças. Quase todo o material que acumulei é material que serviu de estudos para eu me tornar o dirigente que fui entre o início dos anos dois mil e meados de 2018, quando encerrei meu último mandato de representação. Tudo que li, estudei e aprendi no fazer sindical me transformou como ser humano. Eu mudei, o mundo mudou e tudo segue mudando. A mudança é a essência do que somos: natureza.

William Mendes


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