terça-feira, 28 de maio de 2024

Vendo filmes (XVII)



Refeição Cultural

Muito do que vejo, leio, ouço, sinto e percebo, olhando para o presente, para o passado e imaginando o futuro sinaliza guerra, guerra total!


Em busca de algo espiritual, alimentos culturais para a essência do que somos, animais da espécie homo sapiens, tenho feito um esforço de sair para ir ao cinema ao menos uma vez por semana. Por enquanto, pegamos uma sequência de filmes catárticos, tensos, daqueles dos quais saímos do cinema cambaleantes.

Vimos desta vez Furiosa. Na semana passada vimos Planeta dos Macacos: O Reinado, e na semana retrasada vimos Guerra Civil. Três pauladas! Comento a seguir minha impressão ao assistir a mais uma história da série Mad Max e também a saga do embate entre homens e macacos.

Sei não... essa quantidade enorme de filmes que apresentam cenários distópicos, de fim de mundo e fim de humanidade, não é à toa. Já sabemos que o que fizemos com o mundo, a emergência climática, fodeu geral a vida no planeta de agora em diante.

Minha teoria antropológica e ou sociológica, não apresentada de forma acadêmica, mas toda desenvolvida em minha mente, me diz que alteramos drasticamente e em muito pouco tempo a mente e o comportamento dos seres humanos nas duas últimas décadas. 

Com o advento das redes sociais concentradas nas mãos de meia dúzia de donos dessas ferramentas - máquinas que usaram e abusaram da neurociência e da psicologia para alterar o comportamento de bilhões de seres humanos -, avalio que não teremos boas chances de interrompermos guerras totais de agora adiante porque os humanos não são mais os mesmos seres racionais que éramos décadas antes.

Assistimos a filmes como Guerra Civil, Planeta dos Macacos e Mad Max num momento no qual um governo de um país decidiu tomar as terras de um grupo de humanos que lá viviam e para isso está exterminando aquele grupo. O genocídio é televisionado e não fizemos nada real para interromper o extermínio do povo palestino.

Assistimos a filmes como Guerra Civil, Planeta dos Macacos e Mad Max num momento no qual costuraram um acordão "com o Supremo com tudo" para livrar alguns fdp que destruíram tudo no Brasil, um juiz ladrão e agente do império que destruiu milhões de empregos e empresas, um ex-presidente e seu clã que destruiu a fauna, a cultura, a sociabilidade num país de 200 milhões de pessoas, fdp que além de enriquecerem sem comprovarem origem dos recursos, são responsáveis por dezenas de milhares de mortes por Covid-19. Não vão punir nenhum tubarão! Só bagre mesmo...

Assistimos a filmes como Guerra Civil, Planeta dos Macacos e Mad Max num momento no qual um estado foi arrasado por eventos climáticos, centenas de milhares de pessoas estão sem segurança ou certeza sobre suas vidas de agora em diante, e os fdp do poder econômico e político estão propondo entre 81 caras e mais 513 caras dividir o mais rápido possível o butim da guerra que empreenderam contra o Brasil dos 200 milhões de miseráveis. Querem fortalecer o capitalismo! Aquele 1% que detém todos os recursos, poderão comprar as praias do país e continuarão podendo cortar todas as árvores e cavucar todo o solo para encher o cu de dinheiro de alguns beneficiários do garimpo onde antes eram biomas cheios de vida. 

Eu fico pensando... se 41 caras e mais uns 342 aprovarem cimentar e asfaltar toda a Amazônia e o Pantanal, o povo do meu país vai ficar discutindo se a "lei" deve ser cumprida ou não? Um cara cimenta o chão da Amazônia e as lideranças da "esquerda" ou "ambientalistas" ficam nos fóruns digitais discutindo se isso é certo ou errado, se se cumpre a lei ou etc.

(fazer um exército e ir para lá formar uma barreira humana armada contra a destruição definitiva do bioma ninguém pensa, né!?)

É ou não é um mundo Mad Max, um Planeta dos Macacos, uma Guerra Civil? Estamos nas mãos de uns merdas do tipo Dementus ou Immortal Joe e meu lado da classe fica discutindo humanizar o capitalismo... é de morrer!

William Mendes

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FILMES

Furiosa - Uma Saga Mad Max (2024) - Direção: George Miller. Com: Anya Taylor-Joy, Chris Hemsworth, Tom Burke.

Sinopse: A jovem Furiosa cai nas mãos de uma grande horda de motoqueiros liderada por Dementus. Varrendo Wasteland, eles encontram a Cidadela, presidida por Immortan Joe. Enquanto os dois tiranos lutam pelo domínio, Furiosa logo se vê em uma batalha ininterrupta para voltar para casa. (sinopse divulgação do filme)

Comentário: um road movie do caralho! O mundo do cenário do filme é o mundo que estamos criando na vida real e que me parece que não teremos líderes capazes de interromper a trajetória coletiva rumo ao caos social e ambiental. 

A saga Mad Max marcou minha geração. Um mundo do salve-se quem puder. Dos sobreviventes do caos. Sobreviventes de um mundo com escassez de recursos energéticos, escassez de recursos básicos à vida humana como água, alimento e sociabilidade. 

Tcham! Um mundo como o mundo que estamos criando na vida real sob a hegemonia do capitalismo e de alguns poderosos donos de tudo, uns fdp que definiram destruir o planeta de todos os seres e ninguém faz nada para interromper as ações desses poucos humanos.

Sobre este episódio da saga, com enfoque na personagem Furiosa, gostei! É doidão como tem que ser um filme Mad Max. Qual líder se deve seguir, o louco da Cidadela ou o louco dos motoqueiros? Não quer seguir nenhum dos dois... sei... vive onde e como, então? Esse é um pouco do dilema daquele mundo. 

Mas por que o mundo chegou naquele momento? Por que ter que escolher entre Dementus ou Immortal Joe? Hã? O que levou o mundo até aquele cenário?

Neste momento no qual escrevo, tem um fdp propondo que uns caras com todo o dinheiro do mundo comprem os 8 mil quilômetros de praia num lugar chamado atualmente Brasil. Tem uns fdp transformando biomas do tamanho de países em pasto ou extensão de soja... e os milhões de gentes e seus pensadores ficam discutindo o sexo dos anjos, se se deve aceitar isso ou não...

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(Post Scriptum)

Mad Max: Estrada da Fúria (2015) - Direção: George Miller. Com: Tom Hardy e Charlize Theron.

Sinopse: Perseguido pelo seu seu passado e por gangues, Max (Tom Hardy), acredita que a melhor forma de sobreviver é não confiar [em] e depender de mais ninguém além de si próprio. Por estar capturado, e sem escolhas, ele se junta a um grupo de rebeldes que atravessa a Wasteland, numa máquina de guerra conduzida por uma imperatriz de elite, Furiosa (Charlize). Este bando está em fuga de uma Cidadela tiranizada por Immortal Joe, de quem algo insubstituível foi roubado. Desesperado com a sua perda, o líder da Cidadela reúne o seu exército e inicia uma impiedosa perseguição aos rebeldes e provoca a mais implacável guerra já vista nas estradas e desertos. (da Wikipedia, com adaptações do blog)

Comentário: amigas e amigos leitores, que legal assistir a esse filme de 2015 e ao filme Furiosa, de 2024! George Miller é um mestre do cinema! Se, por um lado, é verdade que o espectador não precisa ter visto os outros filmes da saga Mad Max para viver a experiência da história de Furiosa, por outro, ter visto Estrada da Fúria e ligar a sequência com Furiosa nos dá uma experiência muito melhor! Demais! Os dois filmes têm uma pegada alucinante, de deixar o espectador sem fôlego, apesar que Furiosa tem um pouco mais de história, de respiro. Não vou me alongar na trama para não dar spoiler. Vejam os dois filmes, se for possível!

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Planeta dos Macacos: O Reinado (2024) - Direção: Wes Ball. Com: Owen Teague, Freya Allan, Peter Macon.

Sinopse: a estória se passa numa época na qual os macacos dominam o ambiente - chimpanzés, gorilas e babuínos -, desenvolveram a linguagem articulada, a fala, e se organizam em clãs. O clã em evidência no filme aprendeu a dominar as águias e elas fazem parte do cotidiano do grupo, inclusive para a pesca. É desse clã Noa (Owen), Soona e Anaya, jovens amigos e futuro do grupo. Após ataque por outro grupo de macacos, Noa terá que libertar seu povo de um líder macaco que está escravizando sua espécie para tentar adquirir tecnologia humana, preservada numa antiga fortaleza. Os humanos que ainda existem, não falam e são como os demais animais na savana. Em sua jornada, Noa terá uma companheira inesperada, uma humana: Nova ou Mae (Freya).

Comentário: gostei do filme, assim como gostei dos filmes anteriores dessa série com décadas de existência. Homens e macacos podem conviver em paz nos mesmos ambientes e disputando a hegemonia do poder político sobre o ambiente?

Os filmes da saga Planeta dos Macacos podem até ser categorizados como puro entretenimento, mas as questões envolvidas nos fazem pensar nas tragédias e comédias gregas, cujos objetivos também incluíam o desejo de educar e mudar os espectadores, através da catarse. 

De que valeu todo o ensinamento ético daquele que seria o responsável pela ascensão dos macacos ao domínio do ambiente sobre as demais espécies, se agora macaco mata macaco, macaco escraviza macaco, macaco quer acesso às tecnologias que os humanos criaram porque ele próprio não tem capacidade para criar aquela tecnologia, enfim, se é assim que as coisas estão no cenário de Planeta dos Macacos: O Reinado, então de nada valeu os ensinamentos e esforços de Caesar no passado. 

E aí voltamos ao problema atual da humanidade: história, educação e ciência para quê? Na minha opinião, os macacos deste filme simbolizam os humanos aderentes às ideias da religião "capitalismo", religião que reúne extremistas de direita, nazifascistas, sofistas enganadores da fé alheia e hordas de gente ignorante de tudo na vida, gente que só espera o apito de algum líder para segui-lo em qualquer sandice que ele aponte (que poderíamos chamar também de "moda").

Não vou me alongar neste comentário. Registro só mais uma imagem que tenho em minhas leituras de mundo pensando a questão da saga Planeta dos Macacos, o embate entre as espécies macacos x humanos, alguma coisa parecida por uma ideia de civilização x barbárie:

No filme, os macacos são a força bruta, o físico. Os humanos são a espécie mais fraca, não podemos sair na mão com os macacos - por isso desenvolvemos ferramentas complementares à nossa fragilidade. Fico pensando os brutamontes do novo mundo de extrema-direita... fico pensando a defesa atual da ignorância, o negacionismo e a perseguição à cultura, à ciência e à educação. 

Em Planeta dos Macacos: O Reinado, não fossem as poucas personagens que conhecem a história, a cultura e a ciência, nada mudaria no desenvolvimento da história. Nem o Clã das Águias sabia da história de Caesar! Felizmente, ainda havia naquele cenário um macaco - um babuíno - que conhecia a história real dos ensinamentos de Caesar, e ainda havia um humano - Mae - que sabia como acessar a fortaleza e "como" funcionam as tecnologias dos humanos. 

Fiquei pensando nos poucos humanos capitalistas que estão destruindo o mundo - uns bostas, alguns milhares de humanos em prejuízo de bilhões de outros - e nos bolsonaristas daqui do Brasil - uma porcentagem maior de gente ignorante e perversa - destruindo nossas chances de desenvolver a ciência, a cultura e a educação... parece que estamos fodidos!

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Amigas e amigos leitores do blog, caso aja interesse em ler o comentário anterior sobre filmes, é só clicar aqui.


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