domingo, 30 de junho de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 30 de junho de 2024. Domingo.


Junho

Às vezes, ao refletir sobre os acontecimentos na sociedade humana, me lembro de uma observação que ouvi certa vez de um professor de literatura clássica na faculdade de Letras. Ele disse que não havia muita diferença entre as notícias nos jornais diários e as obras clássicas da literatura universal. Disse, então, que preferia ler os clássicos do que ver aquelas notícias em jornais.

A observação da realidade no mundo onde vivo muito me lembra alguns dos grandes clássicos cujos cenários são mundos com ambientes opressores e pouco promissores às formas diversas de vida. Clássicos de George Orwell, Aldoux Huxley e Ray Bradbury. Os ensaios de Saramago me vêm à lembrança o tempo todo... é um mundo de cegos que mesmo podendo ver, não veem!

Um mundo feio e em processo de destruição, de uma humanidade decadente. O mundo do século atual se tornou um mundo distópico. Feio em todos os sentidos. Um mundo onde não se pauta mais fazer o bem ao próximo e não se tem mais como utopia alimentar a todas as pessoas que têm fome, um mundo onde as pessoas que detêm o poder efetivo atuam diariamente para foder com a vida de milhões de outras pessoas, instituições, comunidades. Um mundo onde poucos caras fdp estão neste momento gastando suas energias para destruir as possibilidades de uma vida melhor para bilhões de seres humanos e sequer pensam nas demais formas de vida no planeta. Um mundo feio, de gente horrorosa!

Aí nos lembramos de "os miseráveis" descritos por Victor Hugo ao romancear os efeitos daquela nova era, a era capitalista, a era da burguesia, uma gente bárbara e violenta, que disfarça sua ferocidade e vulgaridade assim que aprendem a usar talheres e fazer de conta que gostam de arte. Uma gente feia, decadente, que sequer tomava banho, que fedia por estar meio podre por sujeira e cuja presença só se aguentava por causa dos perfumes que pagavam para inventarem. A burguesia que vigorou no país onde moro é uma das mais bárbaras e abjetas do planeta Terra. Uma gente má, inculta, que sente prazer ao manter miseráveis os povos todos do espaço geográfico chamado Brasil.

Ao ver ao meu redor a manipulação da fé de milhões de pessoas por parte de uns canalhas e mercenários da fé alheia, fico pensando no clássico de Juan Rulfo "Pedro Páramo". Imagino as almas infelizes ao descobriram que eram enganadas por um pastor fdp desses que atuam como o padre Rentería de Comala. Ao descobrirem que foram enganadas por esses "pastores" salafrários não encontrarão descanso nem embaixo da terra e seus murmúrios serão ouvidos por todos nós nos dias em que a friagem da chuva umedecer seus cubículos de terra, a terra que coube às almas enganadas por esses bandidos da fé.

Estou ficando velho demais aos cinquenta e poucos anos... começo a achar que tenho centenas de anos de existência. Vou vendo a impunidade e a desfaçatez ao meu redor mil vezes por dia e meu corpo me castiga com as dores das centenas de anos que tenho, de ossos centenários, de músculos e nervos secos e enrijecidos, sistemas centenários e cansados, vista, órgãos da fala, ouvidos... a faringe, o esôfago e o estômago já nem querem mais funcionar direito quando o alimento tenta cumprir o seu papel de manter uma vida centenária. Se entro nas redes sociais, se ligo algum aparelho, se ouço alguma notícia... é só putaria da burguesia, não tem um fdp burguês em posição de poder pensando em melhorar o mundo. É o capitalismo, estúpido!

O que vem por aí? Gostaria de registrar boas perspectivas, mas não sou de mentir. Tá bom! Esteja como estiver cada uma e cada um dos bilhões de humanos, nas próximas 24 horas haverá um novo dia, com sol aberto ou encoberto. Pessoas vão morrer. Pessoas vão nascer. Projéteis de armas variadas vão trucidar centenas de vidas nas próximas 24 horas. Alguns humanos vão ficar mais ricos. Milhares ou centenas de milhares, milhões talvez, vão perder suas economias roubadas por espertalhões em bolsas de valores, que servem para enganar boas almas e espertalhõeszinhos que acreditam em bolsas de valores. É o capitalismo, estúpido! (meus companheiros petistas, um monte deles, acreditam ser possível "humanizar" o capitalismo... não falo que o mundo tá foda!)

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Enquanto a vida seguiu em junho, corri como pude, andei, fiz um pouco de exercícios físicos, fiz alguns exames médicos, inclusive aquele que o médico enfia o dedo na bunda da gente. Mexi em papéis velhos. Fiz um esforço em ser uma pessoa decente. Poluí o mundo como todo mundo, produzi muito lixo que a natureza não tem como absorver. Estudei alguma coisa quase todos os dias para saber algo novo, mesmo velho.

William


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