quarta-feira, 10 de julho de 2024

46 de 100 dias



46. Deu trabalho concluir um artigo de contribuição para um livro coletivo sobre democracia. Quando a editora me perguntou se havia terminado o texto, expliquei a ela que estava com dificuldades porque não acho mais possível o exercício da democracia como nós fomos aculturados a conhecê-la, dados os fatos da realidade atual.

No artigo, eu vinha desenvolvendo essa ideia da impossibilidade quando, no domingo passado, vi o resultado das eleições parlamentares na França. Aquela virada linda dos partidos de esquerda e progressistas unidos ao "centro" para derrotar a vitória da extrema-direita xenófoba e racista me fez achar por um instante que minha argumentação estava prejudicada. 

Mas, então, já no dia seguinte de manhã, vi o presidente de direita ("centro" uma ova!) - Emmanuel Macron, representante do neoliberalismo, rejeitar a renúncia de seu parceiro Gabriel Attal como primeiro-ministro, e aí decidi seguir na argumentação do meu artigo. Com a tecnologia atual de manipulação de massas, não tem como evitar plutocracias no mundo, as democracias viraram utopias, como antes eram utopias sociedades e comunidades socialistas, comunistas, anarquistas e de autogestão.

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UMA DAS SITUAÇÕES MAIS FREQUENTES AO SE ENVELHECER É VER PARTIR AS PESSOAS QUE CONHECEMOS

Me lembro até hoje de quando li essa afirmação, certa vez, em uma entrevista a um escritor norte-americano, se não me engano Philip Roth. Eu fiquei com a ideia martelando na minha cabeça...

Depois que ouvi essa ideia que associa viver mais com frequentar mais velórios e ver partir mais pessoas conhecidas, já vi partir muita gente querida. Inclusive enfrentamos uma pandemia mundial que foi agravada no Brasil pela postura genocida do governante à época.

Recentemente perdemos tios queridos na família. Hoje, tivemos mais uma perda na família. Nesta quinta 11, estaremos juntos à família, confortando uns aos outros.

William


Post Scriptum: assim que fiz a postagem, fui pesquisar sobre o escritor que falou sobre a questão de conviver mais com a morte de pessoas conhecidas à medida que se envelhece e achei a informação em meu blog. Foi mesmo o Philip Roth: ver aqui.


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