sexta-feira, 26 de julho de 2024

Leituras Capitais - Crime em família



Refeição Cultural - CartaCapital nº 1320

Osasco, 26 de julho de 2024. Sexta-feira.


CRIME EM FAMÍLIA

O conluio para proteger Flávio Bolsonaro e o déficit de inteligência do esquema

Ao ler reportagens como a que narra os crimes de peculato, advocacia administrativa e tráfico de influência do clã de corruptos que governou o país, dá um desânimo terrível na gente.

O conjunto de provas contra essa família que enriqueceu como poucos no país é incrível! A matéria de capa que se inicia na p. 10 é de dar raiva em qualquer pessoa honesta e com um mínimo de caráter e decência. Até um bolsonarista deveria rever suas preferências políticas, se tivesse vergonha na cara.

O pior, o pior mesmo, é ver a tendência do que vai dar tudo isso: EM NADA! Tudo indica que o PGR nomeado por Lula vai fazer o que todos fazem quando as acusações são contra a casa-grande e os ricos: vai enrolar, postergar, adiar as denúncias para que a extrema-direita faça um número gigante de prefeituras e vereanças nos mais de 5 mil municípios do Brasil. Depois, com o crescimento do bolsonarismo e antilulismo, não haverá "condições políticas" para processar e condenar o clã...

Nojo de tudo isso! Saco cheio de saber que no Brasil não há democracia e que os meus pares da militância política vivem seus cotidianos até de forma esforçada, mas sem tesão para lutar pelo socialismo e pelo fim dessa plutocracia que mantém tudo como está há 500 anos!

Não tenho mais saco para conciliar com tudo isso! Quem não luta pelo fim do capitalismo neoliberal plutocrático é conivente com essa merda toda. Não defende os interesses do povo.

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O ERRO DA ISENÇÃO DA CARNE - Aldo Fornazieri (p. 9)

"A medida produz dois grandes danos: aumenta as desigualdades sociais e contribui para o aquecimento global"

Fiquei curioso em saber qual seria a opinião de meus companheir@s sindicalistas e petistas em relação à decisão do Congresso em isentar a carne na tributação brasileira. 

A medida favoreceu os ricos e não os pobres ao não optar-se por um cashback como muitos países fazem para beneficiar as classes desfavorecidas. Foi uma medida regressiva, como sempre no Brasil da casa-grande.

Qual a porcentagem de nossas lideranças de esquerda teria a compreensão de que a decisão foi um golaço a favor do capitalismo e da acumulação de riqueza do 1% e um grande prejuízo para o Estado nacional sob a governança de um presidente e um partido de esquerda? Cinquenta, dez ou um por cento teria a compreensão do que rolou na isenção da carne?

Ao ver as explicações do professor Aldo Fornazieri, concordei com as argumentações dele de que a decisão foi uma derrota para todos nós que não somos de direita, privatistas e que não somos favoráveis ao capitalismo. Que tristeza!

Que tristeza ver que a decisão foi tomada com o apoio de quase todo mundo do nosso lado. Falta formação política, falta visão socialista de mundo a médio e longo prazo; sobra imediatismo eleitoreiro e pragmatismo preguiçoso, fatos que nos impedem de politizarmos as coisas do cotidiano junto às nossas bases sociais, os trabalhadores.

Tenho a consciência de que por quase duas décadas atuei diariamente para politizar a classe trabalhadora que representava, o ano todo. As bancárias e bancários que representei sabem disso.

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SEU PAÍS

A seção é de deprimir qualquer pessoa de esquerda. São 4 matérias que retratam o que é o Brasil. Um país do mandonismo das capitanias hereditárias que pouco mudou em séculos. Uma plutocracia.

MERCADORES DA FÉ - As matérias que deprimem são sobre o tráfico carioca que utiliza a manipulação da fé, com chefes do crime se dizendo "evangélicos" e proibindo religiões de outras matrizes - afro e católica, por exemplo - nas comunidades dominadas pelo tráfico e milícia.

HIPÓCRITAS NA ÁREA DE HIPÓCRATES - Na área da medicina, os negacionistas bolsonaristas provavelmente seguirão no comando do CFM, trocando a ciência pelas crenças bizarras que eles defendem prejudicando mulheres, crianças e toda a sociedade com práticas contra vacinas, aborto etc.

PARA "NEM" EDUCAR O POVO - Eu que sou grande admirador da educação, fico arrasado cada vez que leio sobre o Novo Ensino Médio (NEM). Um artigo na p. 28 nos conta que eles venceram, aqueles que odeiam a educação e que querem o povo atrasado conseguiram manter o Brasil entre os piores na educação na América Latina.

VIVA O MST! - A única notícia de esperança é a que nos conta que o MST está atuando com estratégia e planejamento para tentar eleger centenas de candidatos nas eleições de outubro nas câmaras municipais e algumas prefeituras, pois nas comunidades onde atua, o movimento traz resultados concretos para a população e isso facilita o diálogo local.

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ECONOMIA

Seguimos aceitando a esculhambação daquele neto de ditador no Banco Central sem fazer nada... 

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NOSSO MUNDO

Das 4 matérias da seção, duas me impactaram: a sobre Cuba (p. 42) e o artigo do professor Belluzzo (p. 40). 

A das eleições da plutocracia norte-americana, caguei pra ela.

Belluzzo me lembrou o artigo do professor Pedro Serrano sobre a necessidade de se defender os direitos porque direitos são criações humanas, não são naturais. Belluzzo afirma que apenas o Estado, fundado na lei, pode proteger a sociedade dos que visam impor o terror privado. O texto é conceitual e profundo. 

A matéria do TheObserver, de Ruaridh Nicoll e Eileen Sosin, que demonstra que "A crise econômica afeta de forma mais cruel os idosos" quase me levou aos prantos... estive em Cuba nos últimos dois anos e sei das consequências do embargo criminoso e de lesa-humanidade imposto pelos maiores terroristas do mundo, os plutocratas do norte.

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PLURAL

Na seção, o que mais gostei foi a matéria "O ABC da liberdade", anunciando o livro "Inquérito Paulo Freire - A ditadura interroga o educador" (p. 54).

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É como digo ao ler uma edição da revista CartaCapital: saio da leitura bem-informado, politizado e consciente da realidade do Brasil e do mundo. 

Posso até sair da leitura desanimado, mas não perco minha crença na mudança a partir da inteligência e da luta coletiva. 

Somos seres históricos e o futuro não está definido, nós fazemos o futuro. 

William 


Post Scriptum: o comentário anterior sobre as leituras capitais pode ser lido aqui.


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