domingo, 18 de agosto de 2024

85 de 100 dias



SEM OS BOMBEIROS DE FAHRENHEIT 451, REFLETI

Opinião

85. Domingão. Calor em Osasco. Pela manhã, li Fahrenheit 451. No romance de Ray Bradbury os bombeiros são os guardiães da paz na sociedade incendiando qualquer livro que alguém ouse ter em casa. Não se tolera o pensamento e a reflexão. Não pense! (A distopia dos anos cinquenta, por formas diversas, quase se tornou a realidade neste mundo que habito aos 55 anos.)

Como estava com a energia vital fraca, precisei cochilar no sofá. Não fui nem na plenária organizativa do Partido na Praça Elis Regina, nem no aniversário de uma companheira sindicalista muito querida. Sem energia, como disse.

O especialista de quadril que fui me sugeriu fortalecimento das estruturas musculares da região. Depois de uma vida sem ter as dores como ocupação de minhas atenções, agora perco meu tempo me lembrando que meu corpo está degenerando. Humildade eu acho que tenho. Reconheço que sou natureza, que sou resultado do percurso de minha existência. Quando olho minha vida de forma consciente, sei que fui muito além do que supus algum dia ir. O acaso foi generoso comigo. Então, no fim da tarde, vendo da modesta academia do condomínio o pôr do sol que ilustra a postagem, estava eu me esforçando com determinação e humildade para seguir as recomendações do especialista de quadril e fazendo uma série de exercícios... ou seja, eu tenho uma disciplina que até eu me surpreendo às vezes. Troquei o prazer do cochilo no sofá pelo esforço físico sem prazer algum. Fiz 55' de musculação, com dores e tudo. Fiz minha parte na porra da luta pela vida.

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Chamem os bombeiros de Fahrenheit 451... estou aqui sem estar feliz... ocupado com pensamentos e reflexões sobre o mundo e a existência... 

Incinerem tudo... fogo!

O que faço desse dia-noite? O que faço dessas horas do dia que vem aí? A tendência é acordar para um novo dia, com ou sem dores físicas ou da alma (a persona do cérebro do animal que sou). O que faço para mim mesmo?

O que faço na semana, nos dias seguintes, em um mundo no qual os sionistas seguem executando civis palestinos, um filho da puta de Alagoas segue roubando o orçamento público do país e é imparável, e o canalha que colocaram no poder em 2018 segue livre, leve e solto, inimputável, e o cara que poderia denunciá-lo não o faz por haver um acordo por cima - é a impressão que se pode tirar desses quase dois anos em que nada é encaminhado contra o abominável -, então, o que faço? 

Que posso eu fazer com relação a clara intenção da direção da Cassi de expulsar os participantes do plano Cassi Família II, o melhor dos planos para os familiares dos funcionários da ativa e aposentados do BB, ao reajustar as mensalidades em quase 25%, tornando inviável a permanência de milhares de participantes do plano? Que faço? Os sindicatos deveriam defender os interesses dos trabalhadores, mas como apoiadores da direção da Cassi, parecem terem se tornado insensíveis a isso. De certa forma compreendo isso, o foco é a renovação dos acordos e convenção coletiva. Que faço eu que sei sobre essas coisas da Cassi? (Já fiz algo, falando sobre. Mas não vou iniciar cruzada alguma sobre a Cassi, não vou)

Que posso fazer em relação à consciência que adquiri sobre tanta injustiça que assola essa terra onde habito?

E se eu não acordar no próximo amanhecer da Terra? Eu me sensibilizo com pessoas de meu entorno. Me preocupo com elas.

Vejam vocês o que é um ser humano! Vejam vocês! Numa sociedade sem livros, sem reflexões, sem sentimentos, baseada só nos instintos da natureza animal, um animal como eu não teria pensado e registrado essas palavras, o pensamento capturado.

William 

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