Refeição Cultural
Uberlândia, 23 de setembro de 2024. Parque do Sabiá, segunda-feira.
Mesmo depois de salvo e medicado, meu pai arrotava do alto de sua arrogância que eu (o Samu, na verdade) o tirei de casa sem autorização dele. Deve ser o tal do livre-arbítrio e algum dos conceitos de liberdade. Pelos sinais, achei que ele estava infartando e depois se constatou uma pneumonia que derruba uma pessoa de 82 anos.
Vai ver é direito dele morrer no sofá de casa com a família insistindo para levá-lo a um hospital e vai saber se seria algum crime ou ilegalidade levá-lo a força a um hospital. A pessoa que tenta salvar outra pode ser acusada de maltratar idosos.
Num mundo de merda, sem pactos sociais e referências legais, numa anomia como o fascismo do capitalismo nos colocou, um escroto qualquer com dinheiro é inimputável, pode tudo e não tem lei pra ele - ele é a lei -, e o restante das pessoas, a plebe, sofre os rigores discricionários de qualquer guardinha de merda da esquina. Imaginem a discricionariedade (arbitrariedade) de um merda qualquer empossado em uma função de poder de polícia ou de julgamento... no Brasil, discricionariedade é sinônimo de arbitrariedade, que normalmente é uma ilegalidade.
Enfim, as merdas que ouço e vejo meu pai falar e praticar me fazem ver a vida inteira como num filme acelerado, a vida e o mundo. Talvez todos sejamos como ele, somos unidades de amostras de seres humanos.
Vai ver a liberdade do meu pai de não aceitar absolutamente nada que alguém fale ou sugira pra ele é a mesma liberdade de humanos encherem suas casas de fuzis e armas de grosso calibre num país de merda chamado Estados Unidos.
Vai ver é a mesma liberdade de praticar qualquer tipo de mentira com nome em inglês (fake news) ou crimes tipificados em papéis velhos chamados de leis, coisas como assassinatos de reputações, ilações que destroem pessoas físicas e jurídicas, liberdade de acreditar em abstrações chamadas de religiões ou outras ideologias que permitem pais não levarem crianças às escolas ou não salvarem a vida delas por discordarem de transfusões de sangue ou aplicação de vacinas.
O que sei após 55 anos de existência é que o crime ou mal-feito compensam conforme as pessoas que os praticam.
Vejam um exemplo: uma mulher idosa (alguns idosos não são fáceis) de uma comunidade da qual fiz parte por décadas inventou mentiras contra mim, publicou em redes sociais, e uma década depois ela é chefona na instituição na qual eu trabalhava quando sofri os ataques mentirosos, e ela é chefona com o apoio do grupo político ao qual eu pertencia e defendia quando ela inventou mentiras a meu respeito. O mal-feito compensa!
Estou cansado do desrespeito, dos seres humanos, de gente que acha que pode maltratar pra sempre os outros.
William
Que texto triste e sincero. Por aqui, me emocionou, talvez porque sinta da mesma maneira. Abraço, amigo e muita força diante do caos.
ResponderExcluirValeu! Estou cansado mesmo! Acho que vou me afastar da política e de mais algumas coisas. Abraços fraternos!
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