quinta-feira, 3 de julho de 2025

Black Mirror T1 - Questões para refletir



Refeição Cultural

T1.E1. Hino Nacional ("The National Anthem") - Dirigido por Otto Bathurst e escrito por Charlie Brooker. Exibido em 04/12/11.

Sinopse da Netflix: O primeiro-ministro Michael Callow enfrenta um chocante dilema quando a amada princesa Susannah é raptada.

Comentário:

As questões colocadas em evidência no episódio de lançamento da série Black Mirror são impactantes, não tem como não ficar pensando a respeito dos dilemas apresentados aos telespectadores. 

O episódio foi exibido há 14 anos e antecipou bastante o mundo das representações que só fez aumentar a cada ano. 

O que somos neste momento da sociedade humana? Somos de fato aquilo que conseguimos representar ao público de nossas bolhas virtuais? Eu existo caso não seja validado pelos outros?

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T1.E2. Quinze milhões de méritos ("Fifteen Million Merit") - Dirigido por Euros Lyn e escrito por Charlie Brooker e Kanak Huq. Exibido em 11/12/11.

Sinopse da Netflix: Após fracassar em um concurso como cantora, uma mulher tem que escolher entre praticar atos humilhantes ou voltar a viver praticamente como escrava.

Comentário: 

O episódio apresenta pessoas numa condição quase de escravidão. Todos os dias, cada pessoa precisa ficar o dia todo pedalando em bicicletas fixas, tipo ergométricas, para ganharem créditos (méritos) como nos jogos eletrônicos do tipo fliperama ou videogame. Quanto mais pedalam e fazem o que as máquinas pedem e pontuam por aquilo, mais acumulam "méritos" para adquirir de tudo, pois os "méritos" são o dinheiro daquele mundo. 

Mesmo quando não estão pedalando, os cubículos onde descansam e dormem são câmeras de paredes-televisores para se seguir pontuando ou gastando os méritos. 

É possível sair desse mundo e ser alguém mais que o avatar digital? Dá para se libertar e viver num mundo real? 

O final da trama é a única saída?

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T1.E3. Toda a sua história ("The Entire History of You") - Dirigido por Brian Welsh e escrito por Jesse Armstrong. Exibido em 18/12/11.

Sinopse da Netflix: No futuro, todos têm acesso a um implante de memória que grava tudo que os seres humanos fazem, veem e ouvem.

Comentário:

Difícil decidir qual episódio é mais provocador e causador de reflexões a respeito de nossas vidas e das tendências que podem vigorar na sociedade humana. 

Esse com a gravação digital de tudo que vivemos é chocante!

O que nos torna únicos no mundo? Nossa individualidade, história, desejos, nossos pensamentos e realizações. Nossos segredos!

De certa forma, o que o episódio lançou como ideia de memória individual gravada em ferramentas que outros podem ver já é realidade: as plataformas digitais. 

Boa parte da humanidade tem contas em plataformas digitais e nelas estão todos os nossos dados, até aquilo que esquecemos que fizemos, dissemos e vimos de forma compartilhada.

A realidade é pior do que a ideia do episódio. Um canalha qualquer está olhando a minha vida ou a sua atrás da tela da plataforma na qual temos perfis e contas.

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Há saídas para as situações apresentadas?

Uma linha unifica os três episódios de estreia de Black Mirror (2011): os dilemas enfrentados pelos personagens nos são apresentados como problemas sem saída, ou pior ainda, com uma saída: a não saída do sistema que os aprisiona.

Essa é a questão que me chamou a atenção. 

Há saídas para nós em relação à tendência de fim de mundo com a destruição causada pelo capitalismo, de fim da natureza por causa da emergência climática, de fim da sociabilidade humana por causa da ideologia do "todos contra todos"?

Como ser humano consciente, entendo que há saídas porque somos seres históricos e fazemos a nossa história humana tomando decisões diariamente. Podemos mudar o rumo das coisas que nós mesmos fizemos.

A hegemonia do capitalismo neoliberal, o individualismo estúpido de nossa sociedade humana e a forma destruidora da natureza na atual relação entre humanos e planeta Terra podem mudar, pois somos dotados de inteligência, ainda.

Mas... sempre tem um senão, mas temos que ter objetivos claros, estratégias, táticas, e unidade daqueles e daquelas que querem mudar a tendência de fim do mundo.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac. O relógio do fim do mundo segue correndo...

Uma das soluções passa pela educação. Paulo Freire nos ensina: só se educa gente!

William 

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