Refeição Cultural
Domingo, 10 de agosto de 2025.
No calendário da cultura brasileira hoje é Dia dos Pais. Ao acordar, fiquei um tempo olhando para o teto do quarto e pensando sobre isso, o Dia dos Pais, ou o fato de ser pai, ou até a respeito de ser filho. Todos somos filhos de pais e mães. Após pensar um tempo, me senti sem palavras neste momento para escrever sobre pais e filhos. Com as palavras vêm os julgamentos, e não sou nada pra julgar ninguém. Aos pais, fica meu desejo sincero que tenham um domingo bom, não adiantaria desejar o lugar-comum, o mundo humano está numa etapa ruim da história da espécie na Terra.
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"Que eu chegue bem ao próximo final de semana. É o pensamento"
Domingo passado escrevi sobre minha ansiedade em relação à semana que se iniciava, seria uma semana diferente no cotidiano. Hoje posso dizer que cheguei bem. Sigo sendo um homem de sorte. Fiz uma cirurgia na boca e sabia que seriam dias de pouca ingestão de alimentos. A sensação de fundura no estômago, roendo o tempo todo, me fez imaginar - o que não é possível -, mas pelo menos tentar imaginar a fome que os donos do poder estão impondo há tempos às maiorias de seres humanos excluídas dos direitos humanos e, em particular, pensei nos palestinos da Faixa de Gaza, um campo de concentração vergonhoso deste momento de fim de mundo. Também me lembrei da tia Alice, que não conseguia mais comer na fase final de sua doença. Sem conseguir mastigar, a gente percebe como é bom ter saúde. No meu caso, por mais que tomasse iogurte, vitamina de frutas, sucos, leite, o corpo não saciava a fome. Foi bom demais poder voltar aos poucos a ingerir coisas com sustância, com sal. Ao mesmo tempo, com a consciência que tenho hoje, fico triste ao ver tanta gente querida detonando sua saúde e a gente não poder fazer nada por alguém que não queira fazer algo por si mesmo. Parece que vou percebendo cada dia mais que as coisas são como são por falta de educação, a tragédia e a miséria humana não são naturais, são escolhas.
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Por escolha, por tentar fazer algo que seja bom para o particular e o coletivo, faço parte de um grupo de pessoas que estão participando de um curso de extensão universitária com aulas e professores fantásticos, com aulas presenciais aos sábados, com a temática "Como impedir o fim do mundo: colapso ambiental e alternativas", organizado e ministrado pelo IBEC e Unesp. Ter o conhecimento da realidade do mundo é um privilégio, uma responsabilidade, e um desafio de autoconhecimento para saber administrar o sofrimento que o conhecimento nos dá. Enfim, não gostaria de ser um ignorante, um néscio, um idiota manipulável. Prefiro lidar com a dor e o sabor de acessar o conhecimento e as mais diversas formas de cultura.
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Para a semana que se inicia, desejo coisas simples, na dimensão pessoal. Comer arroz com feijão, pão com manteiga e café. Praticar atividades físicas possíveis. Ler. Escrever. Gostaria de poder fazer algo para salvar a natureza de sua destruição total pelos humanos capturados pela invenção deles próprios, o capitalismo. No entanto, ainda não foi possível convencer maiorias nem no campo popular onde me politizei a lutarem contra o modo de produção e organização social do capitalismo.
Will i am
(10h40)
Maravilhosa reflexão e sua opinião própria excelente parabéns! Obrigada, feliz dia dos pais!
ResponderExcluirUm beijo, mãezinha querida! Obrigado por todo amor e esforço que a senhora e o pai dedicaram a mim, à Telma, à Stefani e ao Victor e aos nossos queridos.
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