Refeição Cultural
Terça-feira, 30 de setembro de 2025.
SETEMBRO
Acordei sem ânimo para correr um pouco como havia planejado. Era só um trotinho para fechar o mês e a planilha de atividades físicas que pensei para fazer a minha parte no alongamento da minha existência. Sinto que meu corpo não quer colaborar comigo nesse intuito de permanência por aqui.
Tenho lido coisas e visto coisas que têm me colocado a pensar bastante sobre a vida e a morte. Aliás, muita gente boa e decente tem morrido, gente que se não deixou feitos importantes para a coletividade, ao menos não fizeram o mal e não causaram prejuízos irreparáveis à sociedade humana e ao planeta Terra*. E percebo mais gente ruim grassando por aí. Gente que só pensa em si e foda-se tudo ao redor.
(*usei o termo gente no singular e no plural, porque achei melhor assim)
Os dilemas existenciais persistem para o pequeno burguês que me tornei neste momento do percurso do viver. Como não tenho feito nada importante, algo útil à coletividade, meu cotidiano é todo preenchido com coisices que mesclam uma certa tentativa de resgate da vaidade (o pecado preferido do diabo), certo senso de consciência política e social, uma vontade de fazer algo pelo mundo e por pessoas queridas, e uma busca de sentidos para ainda estar entre os seres viventes neste belo planeta de bilhões de anos maltratado e sendo destruído faz pouco tempo por uma única espécie: nós.
No entanto, apesar dessas coisices cotidianas, confesso meu sentimento de impotência que às vezes me dá até ânsia de vômito. Se é verdade que ajudo alguém aqui ou ali, alguma causa coletiva aqui ou acolá, no fundo, no fundo, me sinto um inútil. E isso é foda, muito foda! Minha geração foi impregnada com certo senso de responsabilidade e culpabilidade pelos males do mundo. O mundo é uma merda por culpa nossa, ou nossa também. O que estou fazendo para mudar essa merda toda ao meu redor? Heim?
Que mais registro nesse diário pessoal e público? Palavras palavras palavras... tudo disponível para treinar algoritmos de plataformas de bilionários que fodem o nosso mundo. Milhões de ideias, sentimentos, informações, histórias, textos feitos por nós humanos que escrevemos para uns fdp roubarem tudo neste momento da história humana, do capitalismo mundial.
Dilemas pequeno burgueses... ler ou trabalhar minha sistematização dos milhares de textos produzidos em duas décadas de existência na melhor fase produtiva do cidadão? A ameaça à existência da produção cultural na internet segue se ampliando. As plataformas e corporações do império decadente do Norte vão vaporizar toda a produção cultural produzida por suas vítimas espalhadas pelo mundo a qualquer momento. As nuvens com a produção humana das últimas três décadas vão desaparecer...
Tudo bem que a minha ou a sua produção textual ou de outras mídias pode não ter importância nenhuma para o sistema ou os donos do poder, mas têm importância para mim e para você. É a minha vida. É a sua vida. São nossas histórias. Tudo que criamos está nas nuvens, nos processadores, de meia dúzia de gente da pior espécie de gente que surgiu no último período da espécie humana.
Se seguisse a razão do que acabei de refletir, largaria de novo essas leituras que foram aparecendo nos últimos meses e retornaria ao meu trabalho de sistematização de meus textos. É foda! Quando vejo, um curso de extensão que aparece no caminho, mais um livro aqui, outro ali, mais um, mais outro... e gosto de ler para tentar me manter humano, humano decente! Tem cada humano ao meu redor que pqp! Mas e o resgate de meus textos? De minha história registrada nas páginas dos blogs?
Aff! O que fazer?
Fecho o mês com um monte de leitura no meio do caminho, pouco ou quase nada de sistematização da minha produção textual e com um corpo colapsando feito o planeta Terra (o curso com os economistas marxistas me atualizou de forma chocante!).
Ainda estou aqui...
William
(11h33)
Post Scriptum: ao final do dia, ainda na ânsia de fazer algo por si mesmo, ele saiu para correr um pouco e, dentro do seu limite, correu 5K, percurso que não corria faz tempo. Esforçado e com atitude, ele até que tenta alongar sua estadia no mundo.
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