sábado, 6 de setembro de 2025

Leitura: Artigo "Capitalismo financeiro digital, crise e desigualdade social", de Adilson Marques Gennari



Refeição Cultural

Artigo: "Capitalismo financeiro digital, crise e desigualdade social", de Adilson Marques Gennari. Revista Fim do Mundo, Marília, SP, número 8, 2023. O articulista é economista, doutor em Sociologia, Professor da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP Araraquara.

Leitura para reflexão antes de uma aula sobre o tema (em 06/09/25)

Aula VII (manhã) - Donald Trump, Misérias e Ideias para adiar o fim do mundo

Objetivo: textos de apoio para o curso de extensão "Como impedir o fim do mundo: colapso ambiental e alternativas", organizado e ministrado por IBEC, Unesp e demais parcerias

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A postagem é uma espécie de fichamento feito pelo autor do blog. Qualquer interpretação divergente do texto original é de responsabilidade deste leitor que comenta o texto.

Abaixo algumas palavras-chave ou ideias que gostei no referido texto.

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Resumo do artigo que vamos ler:

A sociedade capitalista global vem experimentando transformações determinadas, de um lado pela própria crise estrutural do capital que já vem se desenvolvendo desde o final do século passado na forma de crise econômica, crise ambiental, crise nas relações sociais (do emprego) e até crise de legitimidade; e de outro lado, pelos impulsos causados por revoluções tecnológicas que avançam para sua quarta fase (grundrissização), no contexto de uma fase de desglobalização do capitalismo e mudanças significativas nas relações internacionais com a emergência da Eurásia e dos países dos BRICS, em um novo contexto multipolar e pós-pandemia. O objetivo deste paper é contribuir ao debate sobre as contradições deste processo em relação a crise estrutural e seu impacto na pobreza e desigualdade social.

- O prof. Adilson começa o artigo citando os principais fatores que demonstram a atual fase do capitalismo e a crise estrutural na qual ele se encontra, com destaque para a decadência do império norte-americano e ascensão da Eurásia e BRICS, a destruição acelerada da natureza e a produção de lixo em escala que coloca em risco a vida na Terra

- Muito interessante a separação em lados antagônicos das forças que estão em disputa no momento: os contrarrevolucionários têm tipos como neonazistas e fascistas, burguesias decadentes urbanas, donos de terras e classes médias ressentidas... e do lado de cá, do meu lado, as forças sociais da revolução, onde cabem comunistas, socialistas, anarquistas, socialdemocratas, feministas...

- Duas crises marcam o fim da fase globalizada do capitalismo: a crise de 2008 do subprime e os movimentos de Trump da atualidade

- No entanto, o articulista nos explica que não é tão simples assim se desfazer no século XXI da cadeia global de produção capitalista como quer Trump

- O "capitalismo da globalização neoliberal" transitou para o "capitalismo global em crise estrutural"

- No trabalho, o autor questiona se há saídas para economias ex-colonizadas e escravizadas para além da subordinação aos centros econômicos hegemônicos do capital

- Celso Furtado é referência do prof. Adilson para explicar nossa desigualdade histórica desses cinco séculos de superexploração


Capital financeiro

- O articulista explica no texto o papel central do capital financeiro na atua crise estrutural do capital

- A mais-valia global vem se concentrando nas mãos dos donos do capital através da financeirização da economia

- Segundo Adilson, "A economia do capital é uma economia financeira"

- Comentário do blog: tenho achado o conjunto dos textos e aulas dos professores e professora marxistas excepcionais no sentido de trazer para nós a atualidade dos textos de Marx, principalmente de sua obra máxima, O Capital

- Adilson explica em seu artigo a materialidade da teoria de Marx já em início de funcionamento desde o financiamento dos holandeses ao negócio colonial com exploração da mão de obra dos povos africanos e originários das Américas por portugueses e ingleses e suas corporações

- Vemos ali o que já seria o papel do capital financeiro desde sempre nesse modo de produção e exploração que seria definido mais adiante como capitalismo (p. 7 do meu pdf)


A crise estrutural do capital

- Diferente das crises cíclicas, crises NO sistema, a crise estrutural é uma crise DO sistema capitalista

- Em outras dimensões categoriais, pode-se dizer que a "crise estrutural" é uma crise do próprio modo de produção capitalista

- O autor nos cita István Mészáros para elencar os motivos da crise estrutural do capital (obra "Para além do capital"), na p. 8 do pdf

- A destruição acelerada da natureza, a produtividade tecnológica e não necessidade de mão de obra humana e gastos crescentes na área militar com redução nos gastos sociais (subdesenvolvimento forçado) são exemplos claros da crise estrutural do capital

- Está em jogo o papel do trabalho no universo do capital na sociedade humana

- A quarta revolução tecnológica em andamento é tão impactante quanto a primeira lá no século XVIII e suas consequências também (p. 10 do pdf)

- "Chamamos essas mudanças e impactos de grundrissização da sociedade em uma referência direta a Fragmento sobre máquinas do clássico texto de Karl Marx (2011)"

- A máquina do capital possuía 3 partes, mas agora na quarta revolução tecnológica, teria o 4ª órgão (Bacchi), o órgão de controle (a máquina programável)

- Nesta fase científica e tecnológica, se torna cada vez menor a participação do trabalho vivo no processo produtivo das mercadorias


O Brasil nos BRICS na nova fase da (des) globalização multipolar

- O autor nos explica origem e atualidades dos BRICS

- Neste subitem, o prof. Adilson apresenta os novos desafios para o Brasil e demais membros dos BRICS e do movimento Sul-Sul frente ao colapso da velha ordem econômica e política hegemonizada por Estados Unidos e Europa


O trágico legado do Governo de Jair Bolsonaro (2019 - 2022)

- O inominável conseguiu realizar a façanha de derrubar o IDH do país após 3 décadas de governos brasileiros, ou seja, piora das condições de vida do povo como nunca visto

- O Brasil voltou também ao Mapa da Fome, tendo a metade da população vivendo sob insegurança alimentar e 33 milhões passando fome (p. 43 do artigo)

- Entre as causas o articulista cita 8 motivos para tal resultado no período: enviamos 28 bilhões de dólares a remunerar juros, lucros, royalties etc

- Outras causas: concentração de renda, redução de gastos sociais e da transferência de renda, arrocho salarial e no benefício dos aposentados, a inflação do desgoverno Bolsonaro com a reforma trabalhista, a militância bolsonarista com a morte de brasileiros durante a pandemia mundial, e a destruição da natureza e dos biomas, os números citados demonstram a tragédia do período bolsonarista


Considerações finais

- Inexiste a tão falada "concorrência de mercado" na realidade do sistema capitalista, principalmente na fase atual de capitalismo financeiro

- Urge o desenvolvimento de novas formas de produzir os bens úteis aos seres humanos como, por exemplo, as formas cooperativas da economia solidária

- A produção social humana deve focar o valor de uso e não a mais-valia, desenvolvendo forças produtivas em busca de uma sociedade mais solidária e sustentável

- Rússia e China saem na frente em relação à produção social contemporânea, já o Brasil precisa sair do modelo exportador de commodities que o mantém atrelado ao passado na produção mundial econômica

- A desigualdade social no Brasil segue altíssima e um dos motivos é sua forma de produção social atrelada ao passado como colônia exportadora e baixos direitos sociais

- O governo Bolsonaro fez o Brasil regredir em todos os índices que se têm notícias em décadas de história do país

- O autor afirma, observando os processos em andamento no mundo: "nunca a utopia de Marx de uma 'sociedade livre de homens livres conscientemente organizada' esteve tão distante do mundo real"

- A atual crise estrutural do capital é dupla: em Marx vemos a explicação da queda das taxas de lucros e em Mészáros vemos a destruição das relações sociais e do próprio planeta, ameaçando a existência humana

- Adilson levanta questões de difícil resposta em relação aos BRICS e seus membros estendidos, no que concerne às contradições do capitalismo sendo o modo de produção social dessas nações

- Por fim, sem a distribuição dos meios de produção e sem a mudança de relação entre os seres humanos e a natureza, não será fácil mudar a tendência de perspectivas sombrias para as gerações futuras.

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Leitura feita por 

William Mendes

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