Imagem do filme |
Ensaio sobre a cegueira – José Saramago
CLÁSSICO PORTUGUÊS de 1995
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” (livro dos conselhos)
Reli a obra de Saramago dias atrás principalmente pelo fato de Fernando Meirelles ter feito o filme baseado nela.
Sempre preferi a arte das Letras em relação às demais. Sempre apostei muito no efeito da leitura de alimentar a mente e a imaginação. A imagem na leitura é sempre a cria subjetiva e insubstituível do leitor.
Bom, quando li o Ensaio em 2003 fiquei impressionadíssimo. Poucos livros me abalaram tanto. Mas, como o mesmo leitor é sempre outro no dia de amanhã, resolvi relê-lo antes de assistir ao filme.
É impressionante! A releitura me deixou novamente tocado. Me peguei a todo instante olhando ao meu redor e imaginando por quê que as pessoas não veem!
“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”
Vejo o que estamos fazendo com o mundo, inquilinos que somos nele - como diz Luis Fernando Verissimo, e penso se teremos que ver “acordar a imunda e rastejante besta do pavor” alimentada pelo remorso tardio, como aconteceu ao ladrão do automóvel do primeiro cego.
(COMENTÁRIO em post scriptum 30.6.10: Acabei de ler a frase acima e fiquei muito tocado por ela. Estou nervoso neste instante e tenho receio que seja aquela besta ali acima... por tudo que foi e que não foi de minha vida)
Outra reflexão profunda que lembrou-me a nossa elite branca, conservadora como poucas no mundo (incluo aqui nossos principais banqueiros), é aquela percebida pelo médico cego ao ser destratado por um funcionário de um órgão que presta serviço público:
“é desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”
As reflexões do narrador de Saramago e as falas de seus cegos dizem mais que qualquer comentário eventualmente feito por nós, leitores. É por isso que jamais uma crítica ou análise de uma obra substituirá a leitura da própria obra.
Vejam o caso Daniel Dantas, que parece ser intocável com sua rede de compras de consciência do Oiapoque ao Chuí. Ou dos banqueiros e capitalistas oligopolistas que fazem do mundo um Shopping Center onde o que vale é o poder de consumir e não essa “bobagem” de dividir riqueza com quem a produz e respeitar os direitos trabalhistas e humanos. Só reparando mesmo, assim que pudermos ver, é que faremos mudanças.
Deixo aqui algumas frases que nos lembram da nossa cegueira e a tentativa atroz de nos fazerem cegos como ocorre cotidianamente conosco, cidadãos eleitores e trabalhadores do mundo.
“quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira”
“se queres ser cego, sê-lo-ás”
“o medo cega”, disse a rapariga dos óculos escuros, “são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuarmos cegos”
“alguns irão odiar-te por veres, não creias que a cegueira nos tornou melhores, Também não nos tornou piores”
“dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”
“costuma-se até dizer que não há cegueiras, mas cegos, quando a experiência dos tempos não tem feito outra coisa que dizer-nos que não há cegos, mas cegueiras”
Bom, estreia no Brasil esta semana o filme de Fernando Meirelles. Estou na expectativa de ser um bom filme. Se ele trouxer a catarse que o livro traz, já terá valido a pena para o público cinéfilo.
Comentários dizem que Saramago gostou da interpretação feita por Meirelles.
------------------------------
Post Scriptum (pós filme):
Achei o filme bem adaptado. Gostei!
Assim como a história pode nos deixar desiludidos com a natureza humana, ao mostrar em que podemos nos transformar, também nos abre a perspectiva de que podemos fazer as coisas diferentes. Acredito que podemos olhar, e olhando ver, e vendo, mudar.
Aqui, temos uma imagem do mestre Saramago, após assistir ao filme de Meirelles:
Outra reflexão profunda que lembrou-me a nossa elite branca, conservadora como poucas no mundo (incluo aqui nossos principais banqueiros), é aquela percebida pelo médico cego ao ser destratado por um funcionário de um órgão que presta serviço público:
“é desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”
As reflexões do narrador de Saramago e as falas de seus cegos dizem mais que qualquer comentário eventualmente feito por nós, leitores. É por isso que jamais uma crítica ou análise de uma obra substituirá a leitura da própria obra.
Vejam o caso Daniel Dantas, que parece ser intocável com sua rede de compras de consciência do Oiapoque ao Chuí. Ou dos banqueiros e capitalistas oligopolistas que fazem do mundo um Shopping Center onde o que vale é o poder de consumir e não essa “bobagem” de dividir riqueza com quem a produz e respeitar os direitos trabalhistas e humanos. Só reparando mesmo, assim que pudermos ver, é que faremos mudanças.
Deixo aqui algumas frases que nos lembram da nossa cegueira e a tentativa atroz de nos fazerem cegos como ocorre cotidianamente conosco, cidadãos eleitores e trabalhadores do mundo.
“quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira”
“se queres ser cego, sê-lo-ás”
“o medo cega”, disse a rapariga dos óculos escuros, “são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuarmos cegos”
“alguns irão odiar-te por veres, não creias que a cegueira nos tornou melhores, Também não nos tornou piores”
“dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”
“costuma-se até dizer que não há cegueiras, mas cegos, quando a experiência dos tempos não tem feito outra coisa que dizer-nos que não há cegos, mas cegueiras”
Bom, estreia no Brasil esta semana o filme de Fernando Meirelles. Estou na expectativa de ser um bom filme. Se ele trouxer a catarse que o livro traz, já terá valido a pena para o público cinéfilo.
Comentários dizem que Saramago gostou da interpretação feita por Meirelles.
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Post Scriptum (pós filme):
Achei o filme bem adaptado. Gostei!
Assim como a história pode nos deixar desiludidos com a natureza humana, ao mostrar em que podemos nos transformar, também nos abre a perspectiva de que podemos fazer as coisas diferentes. Acredito que podemos olhar, e olhando ver, e vendo, mudar.
Aqui, temos uma imagem do mestre Saramago, após assistir ao filme de Meirelles:
Tio William...
ResponderExcluirEu estou com um exercício do PRE-PAAES pra fazer sobre Camões
A pergunta é: Qual aimportância do uso de valores mitologicos para o canto "A ILHA DOS AMORES"?
Eu acho que é para dar mais enfaze no poema e exaltar os acontecimentos...Mas não estou segura daminha resposta...O que você acha!!
Se você souber se minha resposta está certa me manda um recado, pode ser no orkut