segunda-feira, 11 de maio de 2009

Síndrome de Vichy


França.

Refeição Cultural

Consegui ler hoje um dos cadernos de cultura que trago normalmente para casa - tenho uma considerável pilha de jornais desses cadernos que gostaria de ler com frequência, mas falta-me tempo para o lazer cultural.

O referido caderno é do Estadão de domingo, 4 de maio de 2008.

Nele, li matérias muito boas sobre o poeta português Fernando Pessoa e seus escritos inéditos contidos no livro Lisboa: o que o turista deve ver, o escritor argentino Ernesto Sabato e o lançamento da versão em português de seu livro A Resistência e sobre um livro do historiador inglês Tony Judt - Pós-Guerra, uma história da Europa desde 1945.

Lendo sobre o livro do historiador inglês, vi um excerto de seu livro falando sobre a "Síndrome de Vichy".

"O Holocausto era apenas uma das muitas coisas que as pessoas queriam esquecer: 'No período de vacas gordas do pós-guerra (...) os europeus se protegeram detrás de uma amnésia coletiva' (Hans-Magnus Enzensberger). Entre concessões feitas a administrações fascistas e forças de ocupação, colaboracionismo com determinadas agências e governantes, humilhações pessoais, privações materiais e tragédias familiares, milhões de europeus tinham bons motivos para virar as costas ao passado recente, ou se valer de memória seletiva. O que o historiador francês Henry Rousso mais tarde denominaria 'Síndrome de Vichy' - a dificuldade, durante décadas, de se admitir o que [de] fato ocorrera durante a guerra, e o desejo irresistível de bloquear a memória, ou reconstruí-la de maneira a não corroer os frágeis elos da sociedade do pós-guerra - não foi, absolutamente, exclusividade da França (...) Conforme alguns observadores já previam em 1946, os alemães conseguiram se distanciar de Hitler, esquivando-se de punição e responsabilidade moral ao oferecerem o Führer ao mundo como bode expiatório" (o negrito é meu)

A matéria é de Ubiratan Brasil falando a respeito do livro do historiador inglês.

(COMENTÁRIO: assistindo ao filme O leitor (ver na Wikipedia), podemos refletir um pouco a respeito dessa questão da dificuldade dos alemães e europeus em lidar com o passado da 2a Guerra Mundial.)

Lendo a matéria em questão, convenci-me de que preciso ler mais a respeito de Charles de Gaulle (ver na Wikipedia), pois não sei dizer nada a respeito dele e nem o que ele fez de tão importante.

Guardei a matéria sobre o Fernando Pessoa e sobre o Ernesto Sabato, pois de Pessoa já não sou tão leigo, posso dizer que já li algumas coisas, porém de Sabato não conheço nada, sou um completo ignorante sobre o escritor argentino.

Vamos seguindo lendo e descobrindo o quanto não sabemos nada nesta vida...

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Post Scriptum (27/12/23):

Estudiosos sobre a ocupação nazista na França criaram um conceito - Síndrome de Vichy - para lidar com o comportamento colaboracionista de setores do povo francês, a partir do governo instalado em Vichy, durante e depois do nazismo. As pessoas fizeram de conta que a França e seu povo resistiram a Hitler e ao antissemitismo, quando na verdade o governo de Vichy e importantes segmentos da sociedade instalaram um verdadeiro regime contra os judeus e mais de 70 mil pessoas foram deportadas para os campos de extermínio, incluindo milhares de crianças.

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