Lula e Celso Furtado (2003). Foto Wikipedia: Marcello Casal Jr. |
Nada melhor para começar a leitura dessa história da expansão comercial europeia, do que as primeiras estrofes de Os Lusíadas, de Luís de Camões.
CANTO PRIMEIRO
1
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da taprobana*,
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
*(nome clássico da Ilha de Ceilão; ou Sumatra, cfe. Camões)
2
E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando
- Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
PRIMEIRA PARTE
Fundamentos econômicos da ocupação territorial
I. Da expansão comercial à empresa agrícola
A descoberta das terras americanas é um episódio da expansão comercial da Europa.
O grande feito português na segunda metade do século XV foi eliminar os intermediários árabes, antecipar-se à ameaça turca, quebrar o monopólio dos venezianos no Mediterrâneo e baixar o preço dos produtos em relação ao comércio de especiarias e manufaturas entre a Europa e o oriente (estudo de Antonio Sérgio).
Portugal e Espanha começaram a sofrer pressões dos demais países com relação às sua posses:
"O início da ocupação econômica do território brasileiro é em boa medida uma consequência da pressão política exercida sobre Portugal e Espanha pelas demais nações europeias. Nestas últimas prevalecia o princípio de que espanhóis e portugueses não tinham direito senão àquelas terras que houvessem efetivamente ocupado."
No entanto, a primeira motivação da ocupação foi "a miragem do ouro que existia no interior das terras do Brasil".
Século XVI: o primeiro século na América foi de pouca utilização econômica:
"Os traços de maior relevo do primeiro século da história americana estão ligados a essas lutas em torno de terras de escassa ou nenhuma utilização econômica."
Enquanto a Espanha centrou forças na defesa de suas terras mineradoras desde a Flórida até a embocadura do Rio da Prata, coube à Portugal pensar em medidas que inserissem as terras coloniais de forma permanente no fluxo de bens destinados ao mercado europeu - a exploração agrícola.
COMENTÁRIO DO BLOG:
O cultivo da terra foi o fator determinante para sermos, hoje, galho da árvore portuguesa e não espanhola.
Bibliografia:
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. In: Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. Publifolha 2000.
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