Este blog é para reflexões literárias, filosóficas e do mundo do saber. É também para postar minhas aulas da USP. Quero partilhar tudo que aprendi com os mestres de meu curso de letras.
domingo, 23 de agosto de 2009
Leituras específicas da Literatura Espanhola
Aulas da professora Valeria de Marco
A disciplina se propõe a examinar algumas obras escritas por autores representativos da Literatura Espanhola do século XX na condição de exilados. Levará em conta a produção tanto de escritores banidos quanto daqueles que escolheram o exílio como "locus" de exercício de criação e pensamento.
Aula de 20/08/09
(a interpretação conceitual é de minha responsabilidade)
O período escolhido é aquele referente à Guerra Civil Espanhola (1936-39) e depois à ditadura fascista de Franco, que vai até 1975.
Muitos exilados espanhóis vão para o México.
Durante as aulas leremos vários ensaios que conceituam o exílio. No início, meio milhão de espanhóis fogem pela fronteira francesa. São postos em campos de refugiados ("concentração").
É um período longo de exílio - de 1939 a 1975. Veremos como este exílio foi mudando. A escrita, a leitura.
No início, veremos uma síntese sobre o que foi a Guerra Civil Espanhola e a ditadura franquista.
Podemos elevar ao máximo o conceito de Utopia para avaliar as esperanças e sonhos dos republicanos espanhóis.
A guerra contou com a participação mundial de artistas, jovens e intelectuais.
MUSEU DO PRADO
Os republicanos salvaram o que puderam do museu bombardeado pelos fascistas.
sábado, 22 de agosto de 2009
FLM0617 - Literatura Espanhola do século XVI - A questão da IMITAÇÃO
Excertos:
"Nadie ponía en duda la necesidad de imitar. Al poeta podía servirle de modelo la Naturaleza misma, pero otra vía tan fecunda y más segura era la de imitar a los grandes maestros que la habían interpretado con sublimidad. El deseo de inventar sin modelo resultaba peligroso..."
De fato, a questão da Imitação nas poéticas vem, no mínimo, desde a Arte Poética de Aristóteles.
"La imagen aristofanesca de la abeja que, libando en múltiples flores, elabora su propia miel, se repite insistentemente entre los latinos..."
Os humanistas fizeram fervorosamente sua a doutrina de imitar, mas imitar com unidade:
"(Séneca) Tal quiero que sea nuestro espíritu: pleno de muchas artes, de muchos preceptos, de ejemplos de muchas épocas, pero todo orientado a la unidad (...) Los humanistas hicieron fervientemente suya esta doctrina, bajo la égida de Petrarca, que, a su vez, se había acogido al pensamiento de Séneca"
A norma de Sêneca, seguida por Petrarca, se constituiu no centro da poética renascentista, nos diz Carreter.
Esse modelo não foi unanimidade. Poliziano reagiu dizendo que o ideal era não seguir somente aos mestres. Como dizia Lucrécio:
"al igual que las abejas liban por doquier en los prados floridos, por doquier debemos nutrirnos de dichos áureos"
E mais adiante, após não gostar de textos do mestre Cícero, Poliziano afirma ser melhor o aspecto do touro e do leão, que o do macaco, apesar deste se parecer mais com o homem.
A linha humanista é a da IMITAÇÃO COMPOSTA:
"Si alguien le advierte a él que no se expresa como Cicerón, (Poliziano) contesta orgulloso: no soy Cicerón; es a mí mismo, pienso, a quien expreso. (...) En esta celebérrima carta se contiene, tal vez como en ningún otro texto humanístico, el más claro y sencillo razonamiento sobre las virtudes de la imitación compuesta. Cuando el poeta fija su admiración en uno sólo, cuando su ideal es acercarse a él, nunca logrará ponerse a su altura. Nadie puede correr con más velocidad que otro si ha de ir pisando sus huellas. Hay que leer profundamente a Cicerón, sí, pero 'cum bonos alios', con otros muchos que son sus paraiguales. Sólo entonces, dice a Cortese, si tu pecho está repleto de lecturas, te será posible componer algo que sea verdaderamente tuyo, algo en que sólo estés tú"
Um grande humanista contemporâneo, T. S. Eliot, defende também a leitura variada para o desenvolvimento do indivíduo e a defesa da própria razão.
DANTE E PETRARCA
"Ni que decir tiene que la poesía en vulgar, con los ejemplos de Dante y de Petrarca, entró por la vía de la imitación compuesta"
Pietro Bembo, que no século XVI contestou a eficácia da IMITAÇÃO COMPOSTA, acabou reconhecendo em "Prose" que ela é a base da poética renascentista:
"Esta fue, pues, la doctrina común en todas partes donde triunfó el Renacimiento, y una comprensión profunda de nuestra lírica del Siglo de Oro - ideal aún remoto - sólo podrá alcanzarse a partir de un trabajo filológico que restaure el prestigio de la investigación de fuentes. Se trata de actuar con el mismo espíritu con que procedieron los humanistas en el comentario de los poetas"
"Para los renacentistas, las fuentes eran de dominio público, que podían hacer privado mediante un golpe de genio si, renunciando a la fiel sumisión, se salían del círculo mostrenco que dichas fuentes delimitaban"
ORIGINALIDADE ERA IDEAL REMOTO
"El escritor de aquella edad, educado en la doctrina que consagró el humanismo, sitúa la imitación en el centro de su actividad. La originalidad absoluta constituye un ideal remoto que no se niega, pero tampoco se postula exigentemente: es privilegio concedido a poquísimos, y existe, además, la posibilidad de alcanzarla con el método imitativo"
Uma questão que deve ficar clara é que "El poeta, el verdadero poeta, ha de sentir él".
O modelo, seja ele antigo ou moderno, deve servir de base imitativa, mas deve conter a parcela criativa do poeta e também ter unidade:
"La imitación de uno solo no pasaría de mero ejercicio escolar; de ahí, la necesidad de acudir a varios que, bien asimilados, transformados y reducidos a unidad, es decir, convertidos al sentimiento personal que impulsa a la escritura, permite no identificarse con ninguno y, si se triunfa en el empeño, obtener un resultado patentemente original"
A memória dos poetas deveria estar bem abastecida de modelos para trabalhar os seus sentimentos de maneira adequada ao tema e mote.
Bibliografia:
RICO, Francisco. Historia y crítica de la literatura española. In: "Humanismo y Renacimiento Español". Barcelona, Editorial Crítica, 1980.
FLM0617 - LITERATURA ESPANHOLA DO SÉCULO XVI - Século de Ouro
Profa. Maria Augusta da Costa Vieira
Aula de 19 de agosto de 2009
(a interpretação conceitual é de minha responsabilidade)
Os séculos XVI e XVII espanhóis são conhecidos como o período ou século de ouro.
Muita coisa cabe dentro desse período. A verdade é que a produção literária espanhola desse período jamais se repetiu em volume e qualidade.
Em geral, o período do século XVI que entra nesse conceito de século de ouro é mais a segunda metade dele.
Naquela época eram incipientes as distinções entre história e literatura.
O curso terá 3 módulos
1º Módulo
Novela y prosa varia
Leremos alguns fragmentos de:
-Amadis – gênero: cavalaria
-Diana – Jorge de Montemayor, pertence ao gênero pastoril
-Lazarillo de Tormes – obra de 1554 do gênero picaresco (seria algo parecido com o nosso Sargento de Milícias – mas, guardada a distância devida)
-El cortesano – Castiglione
-Pedro de Mexía – Silva de varia (lección)
-Juan Rufo – 600 histórias curtas que circulavam no cotidiano
2º Módulo
Teatro
-Los Pasos – Lope de Rueda (peças bem pequenas, breves, de origem popular)
3º Módulo
Poesia
-Romancero – composições em verso de oito sílabas. Antes do século XVI eram composições orais. Incluíam provérbios, refrões e ditos populares.
Fazem parte da tradição popular espanhola. O Romanceiro tem origem aí e a rima era bastante importante.
-Garcilaso de La Vega – compõe em sonetos, algo novo na época na Espanha. (é o “Camões” dos espanhóis)
-Fernando de Herrera – faz comentários às poesias de Garcilaso.
-San Juan de La Cruz – tradição da poesia mística.
Panorama do século XVI
Devemos ficar atentos para não cometermos anacronismos ao tentar ler o passado com a visão, o olhar que temos do presente.
Um bom exemplo disso é a leitura da obra de Cervantes – dom Quixote. Ela foi lida de uma forma até o século XVIII e de outra após os românticos do século XIX e XX (aqui, como um herói).
Cervantes pensou em ironizar as novelas de cavalaria da época com um louco. Um louco curioso, mas um louco.
Leitor crítico
Um aluno de letras deve saber ler dentro do contexto histórico de cada obra.
(comentário: aqui, citei para a professora e para os colegas, um excelente texto de João Alexandre Barbosa sobre o leitor crítico em relação ao leitor ingênuo)
Os conceitos de composição literária foram variando ao longo do tempo. No século XVI era importante a questão da imitação.
LEMBRETE
É importante perder o preconceito ao ler os textos do passado
Histórico do século XV espanhol
Em 1479 se casam Isabel e Fernando, os reis católicos. Começa uma forte política de expansão territorial espanhola.
1492 - um ano marcante para a Espanha Católica
-Cristóvão Colombo chega à América
-Os espanhóis conquistam Granada, última ocupação árabe na Península Ibérica.
-A primeira gramática da língua espanhola é publicada por Nebrija
-Primeira expulsão aos judeus
O crescimento do poderio espanhol é absoluto. Com o casamento de Juana com Felipe de Áustria, segue a política expansionista (Juana, a louca - filha dos reis católicos – citada no poema de Bandeira).
Agora a Espanha continha toda a Península Ibérica mais Flanders (Bélgica e Holanda) além da Áustria.
O século XVI espanhol foi governado por praticamente dois reis: Carlos V (da Áustria) ou Carlos I (da Espanha) entre 1516-1556 e depois por Felipe II entre 1556-1598.
A reforma protestante também trouxe impactos ao início do século XVI. A Contrarreforma foi bem violenta na Espanha. Basta lembrarmos a Santa Inquisição, que perseguia principalmente judeus e árabes por não terem pureza de sangue, ou seja, não eram “católicos de los cuatro costados” (dos 4 avós)
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Literatura Portuguesa IV - Poesia Simbolista
Prof. Dr. Horácio Costa
Apresentação do programa
I. Poesia simbolista
1. Conceito de Simbolismo Europeu. Simbolismo na literatura francesa: Baudelaire, Rimbaud, Verlaine e Mallarmé. Simbolismo e decadentismo. Dandismo fin-de-siècle.
2. Simbolismo em Portugal. Antecedentes.
3. Os grandes poetas do Simbolismo Português: Eugênio de Castro (Oaristos, 1890); António Nobre (Só, 1892); Camilo Pessanha (Clepsydra, 1920) e Teixeira de Pascoaes (poesias diversas).
(COMENTÁRIO: ainda agora, acabo de ler o blog de Saramago que diz que o livro Só de António Nobre é o livro mais triste já escrito em Portugal)
II. Movimento Simbolista, Saudosismo e Modernismo
1. Os vários “ismos” do fim-de-século português. Conceito de “saudade” na cultura e na civilização portuguesas: da “soidade“ ao saudosismo.
2. Simbolismo e Modernismo: o primeiro Fernando Pessoa (o “paulismo” e o “interseccionismo”)
AULA
Aula de 18 de agosto de 2009
(A interpretação conceitual é de minha responsabilidade)
Poesia simbolista portuguesa
É importante buscar ler bem mais que os poemas que serão lidos e estudados em sala de aula.
Estudar bem a questão do SAUDOSISMO para compreender o Simbolismo Português.
No curso anterior ao de Literatura Portuguesa IV, o aluno estuda boa parte do século XIX português – cerca de 60 anos.
Neste curso, o período abrangido é bem menor e mais focado.
O Simbolismo é um movimento importante não só para a França, onde se originou, mas para o mundo todo. Ele é o último movimento antes do Modernismo e vanguardas.
O MANIFESTO FUTURISTA está completando um século.
Existe uma lacuna muito grande dos brasileiros em relação ao século XIX português. É importante tentar olhar a partir de Portugal. Tentar sentir o “olhar português” daquele período.
QUESTÃO CENTRAL DOS MODERNOS – O GOSTO
Negação do acervo, do arquivo de tudo o que era anterior ao Modernismo.
Negação radical ao anterior. A cronologia já não importava mais às vanguardas que surgiam.
MAS, o gosto, o repúdio ao anterior seguiu existindo depois do Modernismo.
O Simbolismo é um movimento internacional cuja origem é a literatura francesa, a poesia francesa.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES PARA SE LER POESIA SIMBOLISTA
1.Devemos nos aproximar do poema simbolista de forma neutra; ler de forma neutra é ler sem se apegar às concepções e formatações que temos hoje.Não considerar o moderno como verdade absoluta.
2.Um curso sobre poesia simbolista é também um curso de poética. A poética é um dos tópicos do Simbolismo. Ou seja, é um curso de leitura crítica de poesia (portuguesa).
GRADE ATUAL DAS LETRAS NA USP NÃO TEM FOCO NA POESIA
Atualmente, o estudo de poesia na USP é muito incipiente. Exagera-se muito em Crítica Literária e pouco em Literatura e Poesia.
“Letras” é tudo o que se escreve.
O curso de Literatura Portuguesa IV deste semestre busca sanar esta ausência de poesia no curso de Letras.
Há muito espaço na contemporaneidade para o letrado lidar com as letras que não seja o espaço somente de doutor acadêmico.
DICAS BÁSICAS PARA CURSO DE LEITURA DE POESIA
-ler poesia
-ler poesia em voz alta
-ler poesia para os outros
-debater poesia, viver a poesia
A poesia é a forma mais antiga de expressão humana.
No caso dos alunos de Letras, nós estudamos letras, ou seja, nós devemos estudar principalmente os cânones.
Os autores cânones que veremos no curso de poesia simbolista portuguesa estão sendo revisitados, estudados e reeditados. São eles Eugênio de Castro, António Nobre, Camilo Pessanha e Teixeira de Pascoaes.
A QUESTÃO DO OLHAR E DO GOSTO ESTÁ NO FOCO
sábado, 15 de agosto de 2009
Romaria de Água Suja 2009
Refeição Cultural
Acordei hoje com o corpo bem “talhado”, ou seja, com ácido lático em cada milímetro cúbico de musculatura. Pedrado.
Mas estou bem. Para quem caminhou 85 km em 21 horas, estou sem nenhum problema.
Como a cada ano a caminhada traz experiências diferentes, este ano também teve das suas.
Cheguei a Uberlândia às 8 horas da manhã de quinta-feira, vindo de ônibus de Osasco SP. Nos outros anos, deixo para iniciar a caminhada no dia seguinte, após uma boa noite de sono.
Decidi sair para a Romaria no mesmo dia. Saí da casa de meus pais às 15 horas.
Apetrechos do caminhante
Procurei levar pouco peso. Quer dizer, mais ou menos. Levei blusa amarrada ao corpo, meu velho aikman com algumas fitas cassete (meia hora de música por lado), pão com presunto, ovo cozido com casca, pedaços de rapadura, duas garrafinhas de água, dois pares de meias, boné (o ideal seria chapéu para não torrar as orelhas), gorro. Basicamente isso.
Caminhando...
17:15h - Caminhei bem até o bairro Alvorada, próximo ao Trevo de Araxá, saída de Uberlândia. Troquei a meia molhada e comi um ovo cozido.
19:00h – Cheguei ao distrito de Olhos D’Água. Andado cerca de 19 km. Os pés e corpo estão em bom estado. Breu total!
23:45h – Cheguei ao Posto Triângulo. Andado uns 38 km. A caminhada se mostraria bem solitária, pois havia pouca gente na estrada. Fiz toda a descida rumo ao Rio das Velhas cruzando com poucas pessoas. Idem para a longa subida. Passei direto pelo Trevo de Miranda. Acho que já estava exagerando no ritmo.
2:00h – Cheguei ao Posto N. Sra. da Guia. Andei mais 10 km sem parar. Em outros anos, a cada referência do caminho, paro um pouco para descansar alguns minutos. Não fiz isso. Creio que abusei do corpo. Até esse momento havia comido um lanche e outras coisas que me deram pelo caminho como café, chá, pão de queijo. A próxima esticada até a Antena seria de 11 km.
Começou a bater um sono violento. Para piorar, a madrugada seria longa e solitária.
Meus pés estavam doendo, mas não havia bolhas.
A solidão da noite
Saí para caminhar até a Antena, uma das principais referências da Romaria e onde está a principal barraca de ajuda aos romeiros. Foi uma madrugada difícil.
A chegada à Antena é um momento de angústia. Para quem faz o trecho à noite é duro andar e andar e não ver a luzinha vermelha dela para dar ânimo. O pior é quando o romeiro vê a luzinha. Cara, você anda, anda, e anda e a Antena não chega. É uma agonia.
Após a chegada, as pessoas ou desistem de seguir ou ganham incentivos de todo mundo: “- agora falta pouco, vamos completar”. O que é meia verdade. Da Antena até a Igreja faltam 27 km. Em geral, as pessoas não sabem disso.
A magra lua minguante, em seu primeiro dia, apareceu lá pela uma hora da manhã. Apesar de pouca luz, alumiou um pouco meu caminho.
Me lembro que estava ouvindo “Bittersweet Symphony” da banda The Verve quando vi a lua despontando à minha esquerda. Já falei em outros textos de como é maravilhoso o céu noturno visto da estrada em Minas Gerais. Bilhões de estrelas.
Olhar aquele céu estrelado me lembra o nome de um filme que eu nunca assisti, mas o nome me lembra aquela imagem: “O céu que nos protege”.
A caminhada até a Antena foi muito difícil. Estava cansado e com sono. E não queria parar até chegar lá. O cansaço é daqueles que você não quer tirar a mochila das costas, mesmo sabendo que nela tem comida e bebida.
Andei dormindo, sonhando. Às vezes, delirava. Usar o meu aikman pré-histórico é algo calculado. Eu tenho que despertar do transe andando para trocar a fita ou mudar o lado a cada meia hora. No escuro!
Uso faz anos as minhas velhas fitas cassete com as músicas gravadas de rádio, músicas que sempre gostei. Boa parte delas foram gravadas dos programas de rock que eu ouvia já faz um bom tempo.
5:50h - Cheguei à Antena
A consequência do exagero no ritmo apareceu quando cheguei à Antena. Exagero talvez somado com a sede e a fome do último ponto de referência percorrido de 11 km, e também, devido à noite mal dormida no ônibus entre São Paulo e Uberlândia.
Assim que cheguei, passei mal e tive que ser assistido pelas pessoas que ajudam os romeiros e fiquei lá por uma hora para me recuperar do apagão que tive. As enfermeiras queriam mandar-me de volta. Tive que bater o pé, provar que estava bem e dizer que iria me alimentar e descansar um pouco. Após me alimentar bem e descansar por um hora, segui minha caminhada.
A solidariedade que se aprende no caminho
Recuperado, saí da Antena às 7 horas para continuar a caminhada. Como eu estava bem e sem bolhas, saí disposto a continuar em um ritmo no qual eu faria, de longe, meu melhor tempo no percurso.
Pouco depois que saí, encontrei com um romeiro em sua primeira caminhada, André, que havia ficado para trás, pois seus colegas seguiram e ele estava com dores no joelho.
Assim que passei por ele, começamos a conversar e, de certa forma, ele queria ir comigo. Eu estava em um ritmo muito maior que o dele. Ele estava mancando e bem lento.
Quando ia me despedir para seguir, ele disse que me acompanharia. É impossível você fazer uma coisa dessas com as pessoas. Acabou que eu reduzi o ritmo e passamos a caminhar juntos dali adiante. Para quem faz o caminho pela primeira vez, é muito importante o apoio e incentivo dos romeiros.
A chegada
Chegamos ao Posto Santa Fé, 12,5 km depois da Antena, às 9:20h. Parada rápida. Objetivo imediato: chegar ao atalho. O Sol começava a ficar escaldante.
Chegamos ao atalho às 11:45h. O romeiro André precisou de várias paradas de uns minutos para conseguir caminhar. No último percurso fui falando o tempo todo que faltava pouco: “- Vamos completar”.
Do atalho à igreja são mais 8 km entre floresta de eucaliptos, muita terra vermelha, cortando fazendas e pastos, até avistar a cidade. Pegamos a última subida, de uns 45 graus e de terra vermelha, com o Sol a pino.
Chegamos às 13 horas na cidade de Água Suja (MG). Missão cumprida!
Mais um ano. Eu não tive nenhuma bolha no pé. Nenhuma! Poderia ter feito o percurso de 85 km em umas 19 horas, mesmo tendo descansado na Antena. Mas fiz em 21 horas, como das últimas vezes.
Mas o romeiro André completou também. Isso é muito importante!
Mais romarias virão. Mais momentos de introspecção. Buscando forças, sempre. Conhecendo limites e quebrando limites, quando possível.
Sigo revigorado.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Tempo escasso para escrever
E nem posso dizer que é porque estamos em campanha salarial, pois as tarefas para as quais o movimento sindical me incumbiu me deixarão um pouco à parte da própria campanha de 2009.
Como secretário de formação da Contraf-CUT estou encarregado de fazer acontecer um curso de formação para dirigentes sindicais bancários promovido pela Contraf e pelo Dieese.
Também fui inscrito para um curso de formação da OIT em Turim no mês de setembro.
Estarei focado em desempenhar bem aquilo para o que fui destacado.
domingo, 9 de agosto de 2009
14a Corrida Centro Histórico
Fiz o percurso de 9 km bem lentamente e na boa, pois esta semana tenho o desafio anual da minha Romaria em Minas Gerais, de 85 km.
Tudo colaborou: percurso agradável e bastante plano; dia de sol ameno com muita sombra entre os prédios; tenda do nosso Sindicato para dar toda a estrutura aos bancários como sofás, bebida isotônica e frutas.
Parabéns aos bancários corredores e lembrem-se:
Não é qualquer esporte que é saúde, como diz o chavão, mas a corrida e a caminhada são excelentes formas de melhorar e manter a saúde e de ser feliz, pois estas práticas esportivas liberam hormônios do prazer durante e após a atividade.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Refeição Cultural 35 - Salvador, martírio de um povo
COMENTÁRIO: O melhor exemplo disso é a construção da Campanha Nacional dos Bancários. Em nome da Unidade da Categoria Bancária e da única Convenção Coletiva Nacional, nós começamos o debate em dezenas de fóruns locais e vamos elegendo pessoas para encaminhar as decisões e sugestões em níveis superiores até culminar com a minuta da categoria que será entregue ao patronato bancário. Não acho correto nem producente permitir, após todo esse rito democrático, que um único fórum como uma nova assembléia de base ponha em risco toda uma categoria de 430 mil trabalhadores.
10º CONCUT - Missão cumprida!
A CUT está de parabéns, pois conseguiu ao longo do mandato 2006/09 trazer avanços para o conjunto da classe trabalhadora brasileira e para as centenas de sindicatos filiados.
Nossos desafios são grandes, mas grande também é a nossa vontade de lutar e avançar rumo a uma sociedade socialista, pluralista e com democracia e maior distribuição das riquezas da nação.
SOMOS FORTES, SOMOS CUT.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Filme - O diário de Anne Frank, de 1959
Refeição Cultural
Depois de ler o livro emocionante O Diário de Anne Frank, assisti ao filme em preto e branco, de 1959.
A leitura do Diário é muito melhor, evidentemente. Mas gostei do filme.
Diferente da leitura que é claustrofóbica, o filme alterna momentos bons e ruins da família escondida, e a alternância de momentos específicos de alegria, romances, tristeza e miséria humana, quebra um pouco a sensação pura e depressiva da prisão no Anexo.
Inversamente do que ocorre normalmente comigo, foi mais fácil assistir às 3 horas de filme que ler as 350 páginas do Diário.
Na leitura, senti a sensação de confinamento e falta de liberdade que a jovem nos relata.
William
domingo, 2 de agosto de 2009
Caminhada e corrida leve
Tenho uma corrida de 9 Km na próxima semana e acho que vai ser bem difícil terminá-la.
sábado, 1 de agosto de 2009
Corrida e o olhar pro horizonte
Depois de andar uns 6 Km nos últimos dois dias, hoje corri 6 Km em 42'30".
O bom mesmo foi pôr em prática a dica de especialistas dos olhos que andam preocupados com a crescente miopia nos seres humanos. Em alguns países a doença já atinge mais da metade da população.
Eu, como míope, tento me lembrar de olhar mais pro horizonte e descansar os olhos. Mas nem sempre faço isso.
Em reportagem da revista CartaCapital n.555, de 22/07/09, a matéria "Os poetas estão certos - Mas o espelho d'alma ameaça estilhaçar", de Phydia de Athayde, nos ensina:
"o que precisamos é de horizonte, de tempo para olhar para o distante. Enxergar longe relaxa os olhos”, ensina. Não é difícil encontrar algum sentido nisso ao recordar a sensação de apreciar um pôr do sol, o formato das nuvens ou o ponto em que o mar toca o céu." diz a terapeuta visual Maria Fernanda Ribeiro.
Então, é isso! Além de relaxar os olhos, exercitei a casa de meu eu.
Leitura: O Diário de Anne Frank
"Como, sem dúvida, você pode imaginar, nós costumamos dizer, desesperados: 'Qual é o sentido da guerra? Por que, por que as pessoas não podem viver juntas em paz? Por que toda essa destruição?'
A pergunta é compreensível, mas até agora ninguém conseguiu uma resposta satisfatória. Por que a Inglaterra fabrica aviões e bombas maiores e melhores e ao mesmo tempo constrói casas novas? Por que se gastam milhões com a guerra a cada dia, enquanto não existe um centavo para a ciência médica, para os artistas e para os pobres? Por que as pessoas têm de passar fome quando montanhas de comida apodrecem em outras partes do mundo? Ah, por que as pessoas são tão malucas?
Não acredito que a guerra seja apenas obra de políticos e capitalistas. Ah, não, o homem comum é igualmente culpado; caso contrário, os povos e as nações teriam se rebelado há muito tempo! Há uma necessidade destrutiva nas pessoas, a necessidade de demonstrar fúria, de assassinar e matar. E até que toda a humanidade, sem exceção, passe por uma metamorfose, as guerras continuarão a ser declaradas, e tudo que foi cuidadosamente construído, cultivado e criado será cortado e destruído, só para começar outra vez!"
COMENTÁRIO: As mesmas perguntas podem ser feitas hoje (2009). Vimos recentemente bilhões de dólares aparecerem para salvar alguns bancos e magnatas. Foi uma quantidade de dinheiro impensável. Mas nunca apareceu parcela desse dinheiro para acabar com a miséria e a fome no mundo.
A leitura do Diário de Anne Frank é necessária a todas as pessoas em algum dia de suas vidas.
Desde adolescente ouço falar dele. Como disse antes sobre o momento, ele chegou em minha vida aos quarenta.
Vejo os movimentos políticos na Europa, com partidos de direita ascendendo ao poder com propostas fascistas e que discriminam os diferentes, os "bárbaros - aqueles que vêm de fora" - e me assusto com os rumos possíveis disso.
Como vejo a História Humana em ciclos, receio que tempos ruins globais voltem amanhã.
É verdade que nesses ciclos históricos tem muita coisa boa como, por exemplo, os governos mais populares e democráticos eleitos na última década nas Américas.
É urgentíssimo, como sempre foi, educar as massas para a desalienação e pela busca, através da Democracia, de seus direitos humanos.
Há duas formas de mudar a realidade social: pela Democracia, através da consciência de classe e do voto em processos eleitorais transparentes e em condições igualitárias ou pela Revolução, através da força e da guerra (quase sempre sem resultados para o povo, além da morte).
A guerra, aliás, também é a solução econômica para crises capitalistas - manda-se o filho "dos outros" para matar e morrer em nome da "Pátria".
Entre a Guerra e a Diplomacia (Política) eu prefiro esta.
É buscar educar as massas, é dar oportunidades iguais, inclusive com políticas afirmativas, e ensinar a Ética e os Direitos Humanos - sempre!!