sábado, 24 de outubro de 2009

Um dia de Fúria e as tantas vidas...


Imagem interna do Museu do cinema.
Torre Antonelliana, Turim. set/2009.
Foto de William Mendes

(atualizado em 11/04/10)

Refeição Cultural


Hoje refleti muito durante minha caminhada de noventa minutos.

Estava sentindo muita raiva. Sentia muita ira. De tudo, e da vida.

Perdi a paciência em casa e saí depois de uns gritos. É isso mesmo! Sou ignorante e faço muita merda como todo mundo.

Às vezes, fico muito incomodado de alguns conhecidos do movimento sindical acharem que eu sou certinho. Não sou! Sou ignorante e solto os cachorros como a maioria das pessoas.

Na verdade, o que tento fazer a vida toda é ser honesto, não fazer coisas que considero erradas como trair alguém, matar (mas já quis), ser preguiçoso, acomodado, ser parasita de alguém e, principalmente, ser ingrato.

Mas já fiz merda como todo mundo na vida.

Enquanto caminhava, refletia um pouco sobre minha vida - o que fiz dela -, sobre meus entes queridos que estão com doenças graves, e sobre minha frustração de não fazer nunca as coisas que gostaria.

Lembrei de dois filmes: Um dia de fúria, de 1993, com Michael Douglas e Sete Vidas, de 2008, com Will Smith.


Tenho um pensamento a respeito da vida há uns 30 anos. Nunca mudei minha opinião. Juro! Basta achar qualquer desenho ou texto meu desde que tinha uns 10 anos... mas a forma como vejo a minha vida é problema meu e ninguém tem nada que ver com isso.

Aprendi com o meu paizinho querido a não concordar com coisas erradas e brigar pelo que achar ser o certo. Desde sempre. E como tive uma adolescência difícil, briguei muito com ele e demorei muito em reconhecer o quanto ele é importante e o quanto o amo. Vejam só, só lhe dei um beijo quando eu já tinha meus 28 anos!

Aprendi com a minha mãezinha querida a ter um certo freio na hora de fazer algo errado. Confesso que foi devido à educação religiosa que ela me deu. Um certo Deus estava sempre me observando a não passar dos limites. Devo a ela o fato de ter atravessado a adolescência não chegando aos limites das coisas erradas e que poderiam não ter tido volta. Também demorei muito em reconhecer o quanto fiz minha mãe sofrer e chorar. Ela sempre aguentou calada...

Amo muito meus pais.

Tomei de certo amor profundo pela minha família que vive em Minas Gerais. Minha mãe, pai, sobrinhos, avozinha, tias e primos. Sempre fiquei impressionado com o tanto que eles têm amor à vida. Me impressiono com este apego deles à vida.

De certa forma, desde a adolescência sei o quanto estar vivo é importante para a vida de meus pais. É como uma... missão social.

Minha tia querida está com câncer. É grave e de difícil tratamento e cura. Minha tia e minha avó vivem juntas desde sempre. São unha e carne. Minha avozinha está se amuando a cada dia pela doença da filha...

Meu pai está com uma doença degenerativa nos rins e tem sofrido muito, tem sofrido muitas dores pelos efeitos da doença. Isso está me matando!

Minha mãe, como sempre, disfarçou e escondeu em algum lugar seus problemas de saúde para cuidar de todos na casa, pois estão todos na casa de meus pais.

A gente nunca está preparado para perder seus vínculos mais fortes com a existência - os seus entes queridos. Existência pesada essa.



Disse que briguei em casa e saí para andar furioso...


Capa do filme Um dia de fúria.

Eu virei sindicalista há sete anos. Não tenho história de militância orgânica como a maioria dos dirigentes. Me convidaram para representar os bancários em um mandato e aceitei. Creio que fiz um trabalho satisfatório, pois me pediram que ficasse um pouco mais.

Aprendi muito como um soldado do movimento sindical. Cresci muito pessoalmente. Penso que minha dedicação foi intensa demais, como acho que deve ser. Mas quase não vi meu filho crescer - por um acaso do destino, assim que ele veio morar comigo eu comecei no movimento e já quase não fiquei mais em casa!

Que droga! Se fosse possível dar a minha saúde, a minha vida para minha tia, pai, mãe, avó... eu daria. É impressionante como eles são apaixonados pela vida!



Capa do filme Sete vidas.

De minha parte, sou um soldado das minhas obrigações sociais. Busco ser um bom soldado.


Quando lembro que entrei na USP em 2001 e no movimento sindical em 2002... e nunca mais consegui me dedicar ao meu curso de Letras... (não sei se fiz o certo. Mas fiz a luta todos estes anos!)

(...)

Mas eu tenho meus dias de fúria...


E se pudesse, juro que daria vida, vidas... aos meus entes queridos...

William

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