(aula do professor Helder - uma colega de classe me emprestou as anotações)
MENSAGEM - FERNANDO PESSOA
O livro "Mensagem" de Fernando Pessoa trata de um IDEAL DE NAÇÃO.
Qual seria o diálogo do livro com o projeto colonial português?
A passagem do século XIX para o XX é complicada para Portugal e muitos processos alí ocorridos nos permitem embasar a leitura de Mensagem.
EUROPA: a partir do meio do século XIX começam a surgir movimentos político-sociais. Utopias e ideais revolucionários tomam conta do imaginário popular.
Também é neste século que ocorre a perda da colônia brasileira, prejudicando a indústria portuguesa. A situação econômica do país se agrava sobremaneira.
Em 1880 há comemorações sobre a morte de Camões, na tentativa de revitalizar o espaço cultural português, além de estimular o imaginário do povo.
Este exercício de melhorar a imagem de Portugal perante os portugueses falhou quando a Inglaterra deu o Ultimato Britânico de 1890.
O evento foi uma humilhação para os portugueses.
Em 1908 morre o rei e dois anos depois proclamam a república (uma nação que desde o século XII era uma monarquia). Isso gerou forte impacto no país.
A dúvida interna no momento era de como seria a estrutura dessa república. O período seguinte foi de grande tensão e em 20 anos o país teve 10 presidentes. A economia também ficou prejudicada durante todo esse período.
Na década de 30 começa a ditadura de António de Oliveira Salazar. O modela da ditadura era "republicano" porém só ele ganhava a eleição. A ditadura durou até a Revolução dos Cravos em 1974.
Este é o contexto no qual o livro Mensagem é escrito por Fernando Pessoa.
O Movimento da Renascença criado em Portugal queria salvar a cultura portuguesa. Teixeira de Pascoaes cria o movimento chamado Saudosismo, que é uma filosofia estética. Também é neste contexto que Pessoa escreve seu livro.
O Saudosismo é o traço identitário do percurso da nação portuguesa. Há um vínculo estreito com o passado, de como os portugueses lidam com a própria história.
O período dos descobrimentos é o grande período português e a coletividade via no século XVI a grandeza da nação portuguesa.
O Saudosismo usa esse mecanismo, de olhar para o passado, para recuperar a glória no presente. É uma forma de compensar a realidade caótica vivida pelo país no presente vivido.
CONTEXTO POLÍTICO E ECONÔMICO CAÓTICO + SAUDOSISMO = MENSAGEM
O Saudosismo traz à tona o Mito Sebastianista, que é de certa forma elitista porque apenas D. Sebastião seria capaz de salvar o país, a população receberia a "salvação" e não participaria do processo de salvação.
FERNANDO PESSOA (1888-1935)
- o livro Mensagem é de 1935 (o único livro publicado em vida)
- em 1915 cria a Revista Orpheu
- cria também a Portugal Futurista
- participa da Revista Presença (mais ligada à questão estética)
Sua poesia está muito calcada no simbolismo, tenta criar alguns "ismos", onde predominam o obscuro, o opaco, o não delineado.
Ao deixar no subjetivo os sentidos, você os delimita melhor, pois cada pessoa sente de uma forma particular.
Mito fundador de Lisboa: poema Ulisses, da primeira parte do Mensagem.
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo —
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
O poema se constrói de uma charada, não é muito claro. O poema polissemiza as possibilidades. O poema sugere muitas coisas e não delimita nada.
MENSAGEM
1a parte:
Brasão
-Os campos
-Os castelos
-As quinas
-A coroa
-O timbre
2a parte:
O mar português
(com 12 poemas)
3a parte:
O Encoberto
-Os símbolos
-Os avisos
-Os tempos
A primeira parte, que é sobre o Brasão, conta a história de Portugal até o descobrimento (o que também faz Camões). É algo bem didático. Narra a história até 1510 (viagem até Goa). Os portugueses tomam Goa dos árabes em 1510.
A segunda parte é de Portugal já império marítimo. Traz a ideia da ambiguidade do mar nessa conquista e das dores sofridas e das alegrias trazidas.
A terceira parte é o mito do Encoberto e o futuro de Portugal e o sebastianismo. É a figura que vem, é o caminho para o Quinto Império.
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