quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Náusea (1938) - Jean-Paul Sartre


Jean-Paul Sartre
"
Domingo

(...) Torno a caminhar. O vento me traz o grito de uma sirene. Estou inteiramente sozinho, mas caminho como uma tropa que irrompe numa cidade. Neste momento, há navios ressonantes de música sobre o mar; luzes se acendem em todas as cidades da Europa; comunistas e nazistas trocam tiros nas ruas de Berlim; desempregados perambulam pelas ruas de Nova York; num quarto aquecido, diante de suas penteadeiras, mulheres colocam rímel nos cílios. E eu estou aqui, nessa rua deserta, e cada tiro disparado de uma janela de Neukölln, cada soluço sangrento dos feridos que são transportados, cada gesto preciso e diminuto das mulheres que se enfeitam corresponde a cada um de meus passos, a cada batida de meu coração (...)

Segunda-feira

Como pude escrever ontem esta frase absurda e pomposa: 'Estava inteiramente sozinho mas caminhava como uma tropa que irrompe numa cidade'?

Não preciso fazer frases. Escrevo para esclarecer certas circunstâncias. Há que ter cuidado com a literatura. É preciso escrever ao correr da pena; sem escolher as palavras.

No fundo o que me desagrada é ter sido sublime ontem à noite (...)"


COMENTÁRIO:

Gostei deste trecho do diário de Antoine Roquentin - o personagem da obra.

Faz alguns anos que li outra obra de Sartre: A IDADE DA RAZÃO, de 1945, primeiro livro da trilogia de "Os caminhos da liberdade".

O pouco que me lembro da obra é sobre o personagem ficar o tempo inteiro dizendo que tudo que fazia era em nome de sua liberdade. O cara fazia até o que não queria, e dizia que era em nome de sua liberdade. Na época fiquei incomodado com aquilo.

Na minha opinião, os romances de Sartre não são fáceis de se ler. São chatos. Leitura mastigada. Mas vou seguir lendo A NÁUSEA e lendo um pouco a respeito do filósofo e pensador Sartre. Aos poucos, acabo sendo menos ignorante no tema.


Bibliografia:

SARTRE, Jean-Paul. A Náusea. Círculo do Livro. Tradução de Rita Braga. (creio que a edição é dos anos 80).


Post Scriptum (31/1/16):

Pelo menos esta obra de Sartre consegui finalizar.

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