domingo, 18 de junho de 2017

Leitura: Toda poesia (2013) - Paulo Leminski




Refeição Cultural


"depois de muito meditar
  resolvi editar
  tudo o que o coração
  me ditar"


"   leite, leitura
letras, literatura,
     tudo o que passa,
tudo o que dura
     tudo o que duramente passa
tudo o que passageiramente dura
     tudo, tudo, tudo,
não passa de caricatura
     de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura"

(Paulo Leminski)


Ao terminar a leitura das obras poéticas de Paulo Leminski, reunidas no livro Toda poesia, pela Companhia das Letras, fiquei pensando no quanto não conheço nada de nada em relação à literatura e produção literária do mundo, independente dos diversos tipos de gêneros, autores e países. Essa tomada de consciência é sempre dura, e deve-se ter humildade para lidar com o fato, senão ficaríamos deprimidos.

Eu tenho 48 anos de idade. Sou bancário concursado do Banco do Brasil. Já fiz muita coisa na vida desde a adolescência. Vendi minha força de trabalho desde criança, lá nos anos oitenta. Fui lendo o que deu e do jeito que deu. Cursei Ciências Contábeis e Letras. Depois que passei a ter um pouco mais de formação política e experiência de vida foi que percebi o quanto era ignorante em relação às boas obras da literatura mundial.

Desde então, vou descobrindo autores, gêneros, temas, estilos, vidas, poéticas, e definindo minha própria poética, mesmo que em prosa bancária, de trabalhador, amador no escrever.

Olha, que legal!

Paulo Leminski foi um grande conhecedor da palavra, da poesia, do manuseio da língua, da linguagem. O cara foi um gênio naquilo que fez. Estou impressionado com sua obra e foi uma pena não ter conhecido o autor antes de meus quarenta e tantos anos de idade, inclusive porque fiz faculdade de letras nos anos dois mil. Mas como escrevo aqui há tantos anos, sou (somos) lacunas culturais.

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"a hora do tigre

um tigre
    quando se entigra
não é flor 
    que se cheire
não é tigre
    que se queira

    ser tigre
dura a vida
               inteira"

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Agora, após leitura de apresentação (e não de exegese), haja vista que só passei pela obra entre a compra do livro em 2013 e a leitura dos poemas ao longo deste período, posso dizer que passei a ter uma leve noção do que é Paulo Leminski. Mas isso não é pouco, porque estamos num mundo onde as pessoas ao nosso redor muitas vezes sequer têm noção de quase nada.

O livro Toda poesia (2013) reuniu em quatrocentas páginas poesias de vários livros de Leminski:

- quarenta clics em curitiba (1976)
- caprichos & relaxos (1983)
- distraídos venceremos (1987)
- la vie en close (1991)
- o ex-estranho (1996)
- winterverno (2001)
- poemas esparsos

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"no campo
em casa
no palácio
está nas últimas
a última flor do lácio

cretino
beócio
palhaço
dê o último adeus
à última flor do lácio

a fogo
a laço
ninguém segura
a queda da última flor do lácio"

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Uma leve conclusão

O livro passa a ficar disponível e com fácil acesso em minha casa, assim como ficam os livros de Drummond e Bandeira, para aqueles momentos duros dos dias de lutas em que chego desesperado, angustiado, com raiva ou tristeza ou coisa do tipo e necessito abrir algo para ler ou declamar, buscando um conforto ou alívio mental.

Abraços, leitores amig@s.

William
(em busca de noções)

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