sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Os Incompreendidos (1959) - François Truffaut





Refeição Cultural

O filme que lançou o jovem Truffaut para uma longa carreira de sucesso como diretor de cinema do movimento que viria a ser chamado de Nouvelle Vague - Nova Onda - me tocou ao assisti-lo hoje. O encarte que tenho diz que o diretor fez 26 filmes. Entre eles está um que assisti faz tempo e gostei da adaptação: "Farenheit 451" (1966), do clássico homônimo de Ray Bradbury (ler comentário AQUI).

Por mais que os contextos tenham mudado dos anos cinquenta para o nosso mundo de hoje no século XXI, em relação aos tipos de violência contra as crianças e adolescentes, a arte desses filmes antigos nos toca.

Os filmes são mais autorais, numa época em que o cinema era só o diretor, os atores e seus personagens, o trabalho de câmera, música e fotografia, e os cenários reais, enfim, esses filmes nos tocam de maneira mais profunda que muitos dos filmes modernos feitos em animação de computador. Esta é minha opinião.

SINOPSE

Ninguém entende Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud). Em casa, ele é repreendido pelos pais. Na escola, causa problemas aos professores. A delinquência torna-se uma alternativa para o garoto. "Os incompreendidos" simboliza a desobediência às regras pregada pelo diretor francês François Truffaut (1932-1984) e seus amigos críticos de cinema. Este drama autobiográfico, feito nas ruas e longe das técnicas de estúdio, trouxe uma lufada de poesia para o cinema. Ao captar a energia rebelde da vida, o filme inaugurou a onda de modernidade da Nouvelle Vague. (Coleção Folha Cine Europeu)


Acho encantadores esses filmes em preto e branco. A fotografia e as expressões dos atores são memoráveis. 

Tem uma cena muito legal em que um grupo de crianças assiste a uma peça de teatro - Chapeuzinho Vermelho - e a câmera fica focando as expressões de cada uma delas, com medo, com espanto, torcendo para a vovozinha e a garotinha. É incrível a captura dos instantes de cada uma das crianças.

O sofrimento da personagem, uma criança enfrentando a vida sem ser amada, nos deixa com um aperto no coração. Ao mesmo tempo, não há uma vitimização da criança porque ela é destemida, arrojada e enfrenta as dificuldades apesar de seus pouco mais de 12 ou 13 anos. Em nenhum momento sentimos nela uma entrega, uma pusilanimidade perante os problemas de sua jovem vida. Me parece que hoje boa parte de nós tem menos resiliência para enfrentar de cabeça erguida os problemas do existir.

Com esse clássico do cinema europeu, completei neste ano 3 filmes de uma coleção de 25 que adquiri anos atrás e nunca parei para assistir todos eles. Já vi semanas atrás Mamãe faz cem anos (1979), do espanhol Carlos Saura (ler comentário AQUI), e O Encouraçado Potemkin (1925), do soviético Sergei Eisenstein (ler comentário AQUI).

Adquirir filmes ou clássicos remasterizados ou antes fora de circulação são das raras coisas que se aproveitam desses lixos empresariais de comunicação no Brasil, como a Folha "Ditabranda". Os filmes vieram acompanhados de dezenas de páginas de textos informativos sobre os diretores, atores e as obras em si.

É isso. Este filme de François Truffaut me fez conhecer mais sobre o diretor e o filme é marcante.

Abraços aos amig@s leitores,

William

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