sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Escrever pra quem? Com a predominância da imagem e vídeo, quem lê hoje em dia?




Refeição Cultural - Cadê os leitores?

Hoje é sexta-feira, 30 de novembro de 2018. Estamos no primeiro quarto do século 21, início do 3º milênio, considerando o calendário gregoriano da era cristã.

Ao folhear o livro "Os leitores de Machado de Assis" (2004), de Hélio de Seixas Guimarães, fiquei pensando a respeito da questão dos leitores de ontem e de hoje. Eu não li o livro ainda, mas tenho bastante interesse na leitura porque sou um apaixonado por Machado. Já li todos os seus romances e dezenas de contos seus.

Chama atenção a informação de Valentim Facioli, na aba de apresentação do livro, que "Na passagem do século 19 para o 20, apenas 18% da população brasileira seriam alfabetizados. E capazes de ler livros seriam 2% desses 18%. Então, para quem Machado de Assis escrevia, e quem seriam de fato seus leitores?".

Em rápida pesquisa na internet, vi que o Brasil tinha cerca de 15 milhões de pessoas na virada do século. Pelas porcentagens acima chegamos a cerca de 54 mil possíveis leitores de livros naquele Brasil de 1.900. E reais leitores, quantos seriam?

Será que avançamos no número de leitores de livros, mais de um século depois, tendo hoje no Brasil 210 milhões de pessoas? Estou em dúvidas.

Outra coisa que chama atenção nos textos de Machado é que ele sempre dialoga com os leitores e leitoras através das personagens e dos narradores. Isso teria um papel formador de leitores críticos e que refletissem a respeito das coisas.

Eu tive uma experiência nos últimos anos bastante interessante durante um período que atuei como gestor eleito na área de autogestão em saúde. Quando comecei o trabalho de informação aos associados, através de textos publicados no blog Categoria Bancária, eu tinha um pequeno número de leitores, algumas dezenas nos primeiros meses.

Com a persistência em escrever para prestar contas, falar a respeito do modelo de saúde da entidade, suas vantagens e dificuldades, sobre a importância do pertencimento e do empoderamento por parte de seus associados, o número de leitores foi ampliando com o passar dos meses. Quando terminamos o mandato, os textos eram lidos por centenas ou milhares de leitores.

Me parece que o processo que vivi na criação de um grupo de leitores para a temática que trabalhei foi um pouco parecido com o esforço que Machado empreendeu em criar um público leitor de literatura naquela época.

Não posso me alongar no texto de reflexão sobre leitores porque textos longos neste momento da história afastam os leitores... louco isso!

São grandes os desafios neste milênio para mantermos viva a história da leitura e dos leitores. Mas acredito que vale a pena lutar para criarmos os novos leitores e resgatarmos os antigos leitores do mundo.

Abraços aos meus atuais leitores e leitoras, que são poucos, voltei às dezenas, mas são leitores que considero e respeito muito.

William Mendes
https://twitter.com/Blog_do_William

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