sábado, 1 de dezembro de 2018

Leitura: Week-end na Guatemala (1956) - Miguel Ángel Astúrias



(texto atualizado em 6/12/18, com melhorias na sintaxe)


"(...) o segredo está em dar com a palavra que penetrando, graças a uma publicidade intensiva, pelos sentidos de milhões e milhões de seres, não dê tempo a nenhum deles de refletir no que a palavra-chave significa, mas que seja aceita pelo que representa... a palavra-chave neste caso é... e escreveu comunismo."

"(...) Criou-se o perigo pelo signo, pela palavra repetida, martelada, multiplicada, por nossa vasta maquinaria... por isso sustento que a escrita publicitária é ideográfica, o publicitário deve pensar por signos, não com ideias..."

(Os agrários, conto do livro "Week-end na Guatemala", de 1956, de Miguel Ángel Astúrias) 


Li este romance político pela primeira vez em 2008. Comentei em suas páginas na época o seguinte: "O perigo para a América Central e do Sul volta a ser muito grande hoje, devido aos norte-americanos".

Explico: O golpe de Estado na Guatemala, em 1954, foi organizado e executado com o apoio do governo dos Estados Unidos (Eisenhower) e da empresa americana La Frutera (United Fruit), dona da metade das terras da Guatemala na época. Montou-se um exército de mercenários com a escória de países vizinhos para devolver o poder à burguesia local. E assim o fizeram, tendo como desculpa a ameaça "comunista".

Que coisa, heim! Os leitores conscientes e politizados deste blog sabem o que aconteceu nestes últimos dez anos na América Latina. 

Os golpes de Estado em países com governos eleitos mais democrático-populares e mais próximos aos interesses de seus povos começaram logo em seguida, com a derrubada de Manuel Zelaya, em Honduras, em junho de 2009. Depois foi a vez de Fernando Lugo, no Paraguai, em junho de 2012 e, em 2016, foi a vez do Brasil, de Dilma Rousseff. 

Todos os líderes latino-americanos que se posicionam contra os interesses das elites rentistas e bilionárias de seus países vêm sofrendo lawfare por parte dos sistemas de "justiça" de seus países, perseguições políticas que ocorrem a partir de carrascos de togas e policiais treinados nos Estados Unidos sob a desculpa de "combate à corrupção".

Os contos são muito atuais, muito. Mostra a situação das vítimas, os povos mais simples, trabalhadores, indígenas, campesinos, sindicalistas, mulheres, negros. Mostra o papel golpista e antidemocrático da burguesia lesa-pátria, traidora, egoísta, latifundiária, rentista. É muito atual com o que vimos acontecer em nosso país nos últimos anos, chegando ao contexto presente, do Brasil estar se tornando um pária internacional na área da diplomacia, da democracia e dos direitos humanos, e capacho dos Estados Unidos da América.

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Quem diria que as eleições no Brasil em 2018 poderiam ser definidas por mentiras (fake news) e por palavras de ordem inventadas, fora da realidade material, mentiras como a ameaça comunista no século 21, supostas mamadeiras com pênis para crianças em escolas (kit gay), ameaças de candidatos demoníacos da esquerda e absurdos do tipo... quem diria!
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É isso! Ler é preciso. Ler literatura, dedicar algumas horas para a leitura de textos é fundamental para nos dar subsídio intelectual para o que temos pela frente em defesa da soberania nacional, para as lutas dos povos pela democracia e pelos direitos do conjunto do povo explorado e enganado pelas eternas elites vira-latas latino-americanas.

William

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