quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

História comprova prejuízos aos trabalhadores com militares e candidatos da casa-grande


Texto sobre política salarial e negociação coletiva
e a vida dura dos trabalhadores durante os
governos militares e dos candidatos da casa-grande.


Refeição Cultural

Minha leitura principal do dia foi um texto técnico sobre política salarial e negociação coletiva no Brasil, abordando um período relativamente longo, entre o golpe civil-militar de 1964 até o início do governo Collor de Mello em 1990.

O texto que estudei é do professor e mestre Carlindo Rodrigues de Oliveira, técnico do Dieese e coordenador de um dos cursos que fizemos juntos para diretores e assessores das entidades sindicais brasileiras entre 2009 e 2014. Na época eu era secretário de formação da confederação nacional da categoria bancária.

Nossos leitores e amig@s têm lido aqui no blog e ouvido meus apelos para que retomemos a leitura de textos complexos, literários, políticos, educativos, históricos, econômicos e afins para resgatarmos a formação política e a comunicação como temas estratégicos dos planejamentos organizativos dos movimentos sociais e da classe trabalhadora para enfrentar os momentos duros que virão em relação ao ataque aos direitos e à soberania do povo.

O que quero compartilhar com vocês é que a leitura das 30 páginas nos mostra com clareza o quanto os trabalhadores foram prejudicados durante esses períodos que o autor analisa. No atual momento da história brasileira, alguns jovens e parte do povo sem memória têm se iludido com uma suposta melhoria do país durante a ditadura em relação à economia e no combate à corrupção. Isso não aconteceu.

O estudo mostra que empresários e governos sempre estiveram juntos para derrotar qualquer tentativa dos trabalhadores e suas representações em buscar melhores condições de vida, de trabalho, de igualdade e de liberdade. Foram dezenas de leis e decretos feitos para proibir greves e mobilizações, reivindicações de direitos, aumentos salariais sem repor sequer a inflação e, o pior, a força de repressão do Estado sempre abusou do povo trabalhador e de seus direitos civis.

Os governos dos militares soltavam decretos limitando aumentos de salários das categorias profissionais. Depois os governos da Nova República fizeram diversos planos econômicos e várias vezes "esqueceram" de reajustar salários já depauperados pela inflação do período imediatamente anterior ao plano, e ficava por isso mesmo.

Amig@s leitores, o momento é de retomar leituras de cultura, de história e do mundo do trabalho para termos uma melhor compreensão do que está se passando neste "tabuleiro de war" chamado mundo, onde alguns poucos jogadores lançam os dados e brincam com 7 bilhões de seres humanos em duzentas regiões a serem conquistadas.

Abraços e, por favor, leiam todos os dias!

William


Bibliografia:

OLIVEIRA, Carlindo Rodrigues. Política salarial e negociação coletiva no Brasil: do golpe militar ao Plano Collor. In: Revista "Outras Falas... em Negociação Coletiva". Belo Horizonte: Escola Sindical 7 de outubro, 1992, p. 13-40.


Post Scriptum (I):

Um colega bancário foi sequestrado, torturado e morto pelo DOI-CODI em 1971. Ele era presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, dirigente da Contec e do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), entidade dissolvida com o golpe de 1964. Ele também militava na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Sua família e amig@s foram obrigados a sentir a dor de sua ausência por 47 anos. Dias atrás, foi confirmada a identificação da ossada de Aluízio Palhano entre as vítimas da ditadura enterradas em vala comum e clandestina no Cemitério de Perus, em SP. É triste demais ver morrer trabalhadores por lutarem pelos direitos de toda uma coletividade. Aluízio Palhano, presente!


Post Scriptum (II):

Com o forte ataque após 2016 ao financiamento das entidades de organização do mundo do trabalho, sindicatos, associações, cooperativas, o próprio Dieese, dentre outras, é fundamental que vocês incentivem a sindicalização e a filiação às suas entidades e que busquem o suporte técnico do Dieese para pesquisas, estudos, cursos de formação e capacitação.


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