domingo, 3 de fevereiro de 2019

Releitura: Lula, o filho do Brasil (2002) - Denise Paraná


Lula é luz, e estamos vivendo um período de trevas,
mas nada dura para sempre. Temos que libertar Lula.

Refeição Cultural

"Espero que se o Lula ganhar para presidente da República ele ajude o povo em geral. E não tem esse negócio de ajudar parente, não. Ele vai cuidar do povo. O resto, os parentes, cada um tem que se viver por si. Do Lula eu só quero só a amizade e o carinho que ele tem pela gente. Eu quero que o Lula faça bem é para o Brasil todo. Não é para mim, para minhas irmãs, para os meus irmãos, para a turma, não. Se ele ganhar e fizer um bom governo, já está bom demais, não precisa ajudar ninguém da família. Ninguém admite o cara ser do agreste, do sertão do Norte. Sair do sertão do Norte do jeito que nós saímos e chegar à posição que o Lula chegou hoje... Eles têm inveja, é tudo inveja. Porque dinheiro não compra nada, não compra dignidade, não compra moral, não compra honestidade, não compra nada de ninguém. Tem muita ignorância nessa gente que não admite que um peão, um operário, tenha chegado onde chegou. E no Congresso tem pouca gente que pensa no povo

(Fala de Vavá, irmão de Lula, em entrevista realizada por Denise Paraná nos dias 3 e 7 de setembro de 1993. Uma década depois, Lula seria presidente e faria um governo voltado para o povo, exatamente como queria Vavá)

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Hoje, 3 de fevereiro de 2019, faz dois anos que Dona Marisa faleceu. Nesta semana que passou, faleceu também o irmão de Lula, o Vavá, no dia 29 de janeiro de 2019. Não permitiram que o ex-presidente Lula fosse ao velório e enterro de seu irmão querido, algo inimaginável num estado democrático de direito, já que a lei de execução penal permite tal fato e milhares de presos exercem esse direito todos os meses do ano.

A perda desses entes queridos na vida do presidente Lula é cercada de uma dramaticidade inacreditável e desumana ao se considerar os fatos circunscritos às duas mortes. Ambos tiveram suas vidas destruídas de forma vil e desproporcional por parte de agentes do Estado brasileiro. Dona Marisa passou por todo tipo de humilhação, exposição, assédio e agressão, vendo a perseguição implacável de sua família, casa invadida, marido filhos e netos execrados publicamente. Vavá também teve casa invadida, vida exposta e todo tipo de humilhação, só por ser da família do presidente mais querido e popular que o Brasil teve em sua história. Vavá morreu pedindo para ver Lula e não foi possível, pois Lula está preso injustamente desde abril do ano passado.

A impotência que sentimos é adoecedora ao ver essa situação na qual Lula se encontra. A dor e a vergonha que cada um de nós que temos consciência política sentimos é grande, é dilacerante, a ponto que nos pegamos sem rumo, sem saber como agir para mudar essa situação absurda em nossa vida nacional.

O livro de Denise Paraná é uma obra de arte, uma preciosidade. O objeto dos estudos de Denise é a vida de Lula e de seus familiares mais próximos desde o nascimento de Lula no sertão nordestino nos anos quarenta até o início dos anos dois mil, quando o líder popular chegou à presidência da república após quatro disputas desde 1989. Uma parte do livro é feita através de entrevistas com Lula e seus familiares entre os anos de 1993 e 1994, logo após as Caravanas da Cidadania. A outra parte é um estudo sociológico muito bem feito por parte da autora. Envolve história oral e teses desenvolvidas por ela com muita proficiência.


Deixo aqui a minha homenagem a essa figura simples,
o cidadão Vavá, que queria ver o irmão Lula. Descanse em paz!

Nesta semana em que faleceu Vavá, eu senti a necessidade de voltar ao livro, cuja leitura terminei em fevereiro de 2017, justamente quando faleceu Dona Marisa Letícia. Faleceu por sofrimento e acúmulo de violências contra ela e família. Como o livro é composto pelas próprias falas desses personagens brasileiros de origem simples e no povo, revi a entrevista com Vavá e Frei Chico, com Dona Marisa, e revi alguns outros pontos do livro.

Amig@s leitores, é muito duro ler o depoimento dessas pessoas simples e sermos testemunhas da violência estatal contra essa família, o Leviatã (de Hobbes) atuando de forma aniquiladora contra cidadãos indefesos. É terrível, é vergonhoso! Coloca sobre nossos ombros parte da responsabilidade do que estão fazendo com essas pessoas, Lula e seus familiares.

Eu recomendo a leitura do livro de Denise Paraná, para que vocês conheçam Lula e tenham a certeza de que ele e seus familiares jamais se desviariam do bom caminho. Esse é o fato, e esse é o crime deles num mundo cão, num mundo dominado por homens maus. Todos os bandidos estão livres, todas as provas que condenariam os bandidos soltos não servem pra nada. Só Lula e seus familiares, e membros de seu partido são presos e condenados sem provas.

É desesperador cada dia que passa e Lula segue naquela masmorra, incomunicável, porque ele significa a esperança de um Brasil soberano e voltado para o povo mais necessitado do Estado, num mundo que poderia ser mais justo, mais solidário, com paz e justiça social. Lula significa amor, felicidade e simplicidade, e isso é intolerável no sistema hegemônico mundial onde uma pequena elite jamais toleraria a felicidade do povo através do acesso aos bens materiais e imateriais da sociedade humana.

William

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