sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Tempo (XVII)



O tempo...

"Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas temos muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

(Tempo Perdido, Legião Urbana)


"É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar pra pensar
Na verdade não há...
"

(Pais e Filhos, Legião Urbana)


Tenho que fazer um trabalho escolar. Um trabalho final para a disciplina que estou fazendo na graduação em Letras. ("Não tenho mais / O tempo que passou...") 

Estamos chegando ao final do ano de 2020. Que ano! ("Mas tenho muito tempo / Temos todo o tempo do mundo...")

Minha cabeça de 51 anos de idade está com as ideias absolutamente dispersas para a realização de trabalhos estudantis... estou com as ideias fora do lugar (mesma expressão usada por Roberto Schwarz para falar de Machado de Assis em seu tempo e das ideias liberais num país escravocrata).

Ontem à noite, após correr pelas ruas por quase uma hora fiquei andando em círculos no fundo do estacionamento do condomínio cantando músicas da Legião Urbana enquanto me alongava (a cena deve ter sido esquisita para alguém que me visse das janelas ao redor).

As músicas da Legião tocam fundo na gente. Falam muito de Tempo e de Amor. Temos que amar mais. ("É preciso amar as pessoas / Como se não houvesse amanhã...")

Gesto de amor talvez, a essa altura da vida, fazer um último trabalho escolar e não largar pelo meio do caminho todo o esforço que fiz para retomar o curso inacabado por duas décadas, curso que seria para realizar um sonho que tinha e que não se realizou. (não fui professor)

Talvez um último esforço mental para essa tarefa seja um gesto de amor, amor próprio por suposto, amor pelo amor da professora Viviana Bosi ao que ela faz com tanta dedicação e amor (a dedicação dela para a disciplina que estamos fazendo é contagiante). Quiçá amor aos estudos e amor pela educação, que pode(ria)* salvar a humanidade e os seres humanos. 

(*Tristeza!, falo isso sabendo que os desgraçados golpistas no poder sacanearam o Fundeb ontem e vão desviar recursos da educação pública pras merdas de "escolas privadas" dos canalhas profissionais de religião-manipulação... que desesperança! O inimigo está ganhando todas...)

Enfim, por favor, cabeça minha, ache um instante na preocupação mortal em se importar com os rumos do país destruído e faça algum trabalho para encerrar essas duas décadas de estudos interrompidos no mundo das Letras.

O amanhã? (com o capitalismo, com o bolsonarismo, com a pandemia, com a eterna vaidade e egoísmo das poucas lideranças que existem dentro da classe trabalhadora e explorados e ignorantes de tudo, fanatizados por profissionais de religiões?)

O amanhã?

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"É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar pra pensar
Na verdade não há...
"

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William


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