sábado, 9 de janeiro de 2021

Ainda as veias abertas...



Refeição Cultural

"No asistimos en estas tierras a la infancia salvaje del capitalismo, sino a su cruenta decrepitud. El subdesarrollo no es una etapa del desarrollo. Es su consecuencia. El subdesarrollo de América Latina proviene del desarrollo ajeno y continúa alimentándolo." (GALEANO, 2014, p. 363)


Sábado, 9 de janeiro do ano 02 do Covid-19. Osasco, cidade da região metropolitana da grande São Paulo. Brasil, o país transformado em pária do mundo após o suicídio coletivo cometido pelo povo ao colocar no poder um fascista genocida envolvido com milicianos. O único lugar do planeta no qual o governo tem como estratégia de manutenção do poder estimular o avanço da pandemia mundial do novo coronavírus que já matou 1.924.004 pessoas, tendo contaminado até agora 89.516.439 vítimas (dados da Johns Hopkins University).

Meses atrás, terminei a leitura do clássico do escritor Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina, publicado pelo pensador em 1970. Hoje li um anexo ao livro escrito por ele em 1978, "Siete años después". Os acréscimos feitos por Galeano na forma de itens enumerados nos contam, dentre outras coisas, dos golpes de Estado no Chile, na Argentina, no Uruguai, todos eles organizados pelos Estados Unidos da América. Mais ditadores passaram a somar crimes contra os países latino-americanos e seus povos, como já ocorria com o Brasil dos ditadores desde 1964 e diversos outros em Nuestra América.

A leitura do livro de Galeano se deu num dos momentos mais trágicos da história do povo brasileiro. Li a primeira metade de As veias abertas durante o processo de golpe de Estado no Brasil em 2016. A outra metade li em 2020, já com o Brasil sendo desfeito pelo criminoso colocado no poder por fraudes diversas e com o patrocínio da burguesia mais abjeta e lesa-pátria do planeta, a brasileira.

Séculos se passam e os povos latino-americanos não conseguem se libertar da exploração e destruição causadas pelos países imperialistas. Décadas se passam desde que Galeano nos mostrou As veias abertas da América Latina e a gente continua sem conseguir se libertar tanto da elite canalha e vil dos países de Nuestra América quanto do jugo dos países do Norte. 

Cinquenta anos se passaram de minha vida, e neste curto tempo de uma vida humana, vi e vivi a miséria e a violência contra o povo durante a ditadura nos anos 70 e 80, a miséria e a violência da destruição econômica e antinacional do neoliberalismo dos anos 90, disfarçada sob a forma de democracia liberal burguesa e tive um gostinho de viver os anos Lula e Dilma (PT), governos cuja prioridade era o povo trabalhador, incluído no orçamento do Estado, com mais oportunidades para todos os povos excluídos por séculos. Depois tudo voltou ao que era antes: novos golpes de Estado patrocinados pelos EUA, golpes no Brasil e outros países, entrega de patrimônio nacional, povo na miséria sem direito a nada etc.

Como vamos mudar essa história de exploração e expropriação dos povos latino-americanos? 

Uma coisa é certa: 1% dos humanos detém praticamente todos os meios de produção através da ideologia e da força. Os outros 99% chafurdam na lama e disputam entre si os restos dos meios na tentativa de sobreviver, e vivem adormecidos e não têm consciência da realidade. Se tivessem e se organizassem eliminavam o 1% capitalista e mudavam a história dos humanos e da vida na Terra, que caminha para o fim sob a destruição irracional do modo de produção capitalista.

Como vamos interromper esse processo rumo ao fim da humanidade e dos seres vivos? O que eu posso fazer neste momento? O que podemos fazer, pergunto a vocês que leem minhas postagens?

William


Post Scriptum:

É tão revoltante e humilhante a impotência que sentimos ao ver as injustiças cotidianas no Brasil. Mortes e mais mortes, miséria e mais miséria e tudo responsabilidade do regime fascista no poder... 202.631 pessoas mortas pelo Covid-19 e 8.075.998 infectadas com risco de morte ou com sequelas causadas pelo vírus. E o genocida no poder com apoio da elite vil e canalha atuando para que não haja vacina, para que as pessoas não usem máscara e não respeitem as orientações de saúde dos órgãos científicos. 


Bibliografia:

GALEANO, Eduardo. Las venas abiertas de América Latina. 1ª ed. 14ª reimpr. Buenos Aires: Siglo Veintiuno editores, 2014.


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