sexta-feira, 21 de maio de 2021

Odisseia (Homero) - Encontros no inferno (XI)



Refeição Cultural

"   Três vezes ao materno simulacro
Fui me abraçar, três vezes dissipou-se
Igual ao vento leve ou sono alado.
Mágoa pungiu-me acerba: 'A meus desejos
Te esquivas, minha mãe? Ao colo os braços,
Ambos nos deleitássemos de pranto
Pela casa Plutônica! És vácuo espectro,
Pela augusta Prosérpina enviado
Para agravar meus ais? - 'Não', contestou-me,
'Filho amado, oh!, misérrimo dos homens,
Não te engana a de Júpiter progênie;
É nossa condição depois da morte:
Os nervos carnes e ossos não mais ligam,
A fogueira os consome irresistível;
Tanto que a vida os órgãos desampara,
A alma como visão remonta e voa.
Quanto antes volve à luz, e tudo aprendas
Para à casta Penélope o narrares.'
" (LIVRO XI, v. 151-169, p. 210/211)


Hoje, li o Canto ou Livro XI da Odisseia, de Homero, na tradução de Odorico Mendes, em bela edição a cargo do Antonio Medina (Edusp), com ilustrações de Enio Squeff.

Nesta parte da epopeia de Odisseu (Odisseia), ele narra aos Feácios sua passagem pelo Hades (Inferno). Acho que ir ao inferno atrás de informações ou resolver alguma coisa deve ser complicado porque eu custei a ler o canto, foram quase duas horas. Até pesar o olho pesou. Deve ser coisas do inferno.

Odisseu (Ulisses em latim) vai em busca do adivinho tebano Tirésias para saber sobre sua volta para Ítaca. Lá encontra diversos heróis gregos como Aquiles, Agamêmnon e Ajax. Encontra também sua mãe. A cena que citei acima é muito bonita e triste.

Estava pensando enquanto lia a Odisseia, que vou ler as outras epopeias clássicas. Vou ler a Ilíada em seguida, também na tradução de Odorico Mendes. E depois da Ilíada, vou ler a Eneida, de Virgílio, na tradução de nosso maranhense também: consegui encontrar o livro e o comprei. 

Depois dessa trilogia Ilíada, Odisseia, Eneida, vou ler A divina comédia, de Dante Alighiere. Até hoje só li "O Inferno" e não li as outras duas partes da obra.

Aliás, a passagem de Ulisses pelo Hades nos lembra muito "O Inferno" de Dante.

Repito o que tenho refletido a respeito da vida e dos seres humanos que habitam o planeta Terra: essa vida sob pandemia mundial de coronavírus, sob a desgraça do bolsonarismo no Brasil e caminhando para o fim da vida na Terra sob a hegemonia do capitalismo não tem sido uma vida feliz e plena. A leitura é uma forma de achar razões para seguir, assim como as pessoas que amamos nos dão razões para viver.

Sigamos lendo, tentando não morrer de Covid-19 ou outras mortes severinas e amando as pessoas que amamos. A postagem anterior sobre a Odisseia está no link aqui.

William


Bibliografia:

HOMERO. Odisseia. Tradução de Manuel Odorico Mendes. Edição de Antonio Medina Rodrigues. - 2. ed. - São Paulo: Ars Poetica: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. - (Coleção Texto & Arte; 5).


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