segunda-feira, 10 de maio de 2021

Odisseia (Homero) - Ciclope Polifemo (IX)



Refeição Cultural

"    Renovo a taça ardente, que três vezes
Néscio esgotou. Sentindo-o já toldado,
Brando ajunto: 'Ciclope, não me faltes
À promessa. Meu nome tu perguntas?
Eu me chamo Ninguém, Ninguém me chamam
Vizinhos e parentes'. O ímpio e fero
Balbuciou: 'Ninguém, depois dos outros
Último hei de comer-te; eis meu presente'.
" (LIVRO IX, v.276-283, p. 183)


Manhã de segunda-feira, 10 de maio. Antes de lidar com as coisas do cotidiano de uma vida obreiro-retirada brasileira, daqui de minha Osasco-Ítaca, leio o Canto IX da Odisseia, de Homero.

Nos primeiros quatro cantos da epopeia homérica, a "Telemaquia", tomamos conhecimento do que se passa em Ítaca, terra de Odisseu (Ulisses em latim), guerreiro grego que enfrentou os troianos e muitos anos após a vitória ainda não havia retornado para sua esposa Penélope, seu filho Telêmaco e seu reino. Telêmaco sai em busca de notícias de seu pai. Ver postagem sobre essa leitura aqui.

Nos cantos seguintes, de V a VIII, soubemos de Ulisses, cativo da ninfa Calipso. Em uma assembleia dos deuses do Olimpo, decide-se que a ninfa deve deixar o grego partir. Em uma jangada ele parte, Netuno (Poseidon) fica puto com tudo isso e dificulta as coisas para o herói. Mas ele é salvo de novo pela deusa Palas Atena (Minerva). O herói vai parar na ilha dos Feácios, donde está agora nos cantos que começo, do IX adiante. Fiz uma postagem sobre essa leitura: ver aqui.

O canto IX é uma das passagens mais empolgantes da Odisseia porque os gregos irão enfrentar o gigante ciclope Polifemo. A coisa é violenta e sanguinária. As cenas nada ficam a dever em relação ao anime Ataque dos Titãs (Shingeki no Kyojin). Esse ainda não assisti, mas está na fila dos animes a ver.

As cenas são fortes... (tirem as crianças da frente da postagem).

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"Ei-lo, sevo e em silêncio, a dois agarra,
No chão como uns cãezinhos os machuca,
E o cérebro no chão corre espargido;
Os membros rasga, e lhes devora tudo,
Fibra, entranha, osso mole ou meduloso,
Qual faminto leão...
" (LIVRO IX, v.218-223, p. 181)

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É forte a cena, heim! (No vídeo, no final, eu confundi e falei "Canto V", mas na verdade é Canto IX, sorry!)

Depois, quando Ulisses usa de suas artimanhas para enfrentar o gigante, vamos ver outra cena forte. O ciclope ficou bêbado após Ulisses lhe oferecer vinho e ao dormir assim chapadão soluça e vomita pedaços dos guerreiros comidos. Amig@s, isso foi escrito há milhares de anos!

Enfim, estou lendo a Odisseia em versos, na tradução fantástica do maranhense Odorico Mendes, em edição belíssima a cargo do professor Medina, da FFLCH, mestre já falecido, mas que tive o privilégio de ser aluno nas aulas de literatura grega.

Leiam, amigas e amigos leitores, porque leitura é uma forma de alimento d'alma, de nosso ser, já que nossa essência está na absorção das experiências que acumulamos ao longo da vida. Minha leitura da Odisseia é motivada pela minha releitura de Ulysses, de James Joyce, já que o clássico da Literatura Irlandesa tem como referência o clássico grego.

William



Bibliografia:

HOMERO. Odisseia. Tradução de Manuel Odorico Mendes. Edição de Antonio Medina Rodrigues. - 2. ed. - São Paulo: Ars Poetica: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. - (Coleção Texto & Arte; 5).

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