sexta-feira, 4 de junho de 2021

040621 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

"Eu havia escolhido uma roupagem tradicional para enfatizar o simbolismo que eu era um negro africano entrando em um tribunal de homens brancos. Eu estava literalmente carregando em minhas costas a história, cultura e tradição do meu povo." (MANDELA, 2012, p. 397)


Sexta-feira, 4 de junho de 2021. Queria ler hoje um capítulo inteiro da autobiografia do líder negro sul-africano Nelson Mandela. Ufa! Só terminei agora, perto da meia-noite. Foram quase 85 páginas de história de lutas de um povo em busca de liberdade e igualdade.

Estou triste, com o coração apertado, apreensivo. E sei que devo resistir a tudo e sobreviver, pelo menos devo fazer a minha parte para sobreviver, e com dignidade. Sei que ainda tenho alguns papéis sociais a desempenhar, por mais que já não seja figura pública. A gente segue sendo pai e membro de uma família que amamos.

Esta tem sido uma semana difícil em relação a perdas e doenças na família e nos círculos de amizade e companheirismo. Minha mãe sofreu com a morte de um primo, vítima de Covid-19. Eu não tinha relações com ele porque a relação mais forte era entre minha mãe e a tia Nenzinha. Meus sentimentos a toda a família.

Meus pais e sobrinhos perderam a querida Josinete, a Jô, uma vizinha e família que se tornaram uma só família com meus pais e sobrinhos. As crianças foram criadas juntas, minha mãe tinha nela uma irmã, amiga, companheira. Que tristeza a morte da Jô, ocorrida ontem. Jô querida, presente! Desejo muita força para os filhos Ygor e Laudiane e o marido Laudeci.

Meu coração está apertado e não vejo a hora de receber a notícia de melhoras de meu amigo, irmão, mestre e companheiro Jacy Afonso, uma das pessoas para as quais tenho um dos sentimentos mais antigos de amor fraterno, uma liderança e referência de toda uma vida de lutas no movimento sindical. Jacy nunca abandonou as ruas nas lutas em defesa da classe trabalhadora, mesmo durante a pandemia de Covid-19. Ele contraiu o vírus e está lutando pela vida neste momento. Por favor, Jacy, teima e volte logo pra nós!

Com tanta tristeza e apreensão, peguei o livro autobiográfico de Nelson Mandela pra prestar atenção naquilo que ele nos conta, na luta pela liberdade, pela igualdade, na luta pela dignidade de todo um povo subjugado por colonizadores. Que história pessoal e coletiva! É uma inspiração para não desistirmos de lutar. Assim como a história de nosso querido Lula. Duas referências de vida, de luta, de caráter e de pessoas imprescindíveis. Assim como nosso querido Jacy, também imprescindível.

Temos que ser fortes e sermos corretos e de luta e dignos por causa de seres humanos como Mandela, Lula e Jacy.

O Brasil sangra, o nosso povo está sofrendo, está exposto à morte por Covid-19 por opção do regime genocida, que apostou em não vacinar nossa gente. O povo está sem trabalho e por conta própria.

O meio milhão de mortos é composto em sua ampla maioria por gente pobre, preta e mestiça, das classes de menor renda, gente que precisa do apoio do Estado. Temos que resistir ao inimigo e nos defendermos, de todas as formas. Há um genocídio em andamento.

Temos que ocupar as ruas e mobilizar a classe trabalhadora para retomar o país das mãos dos bandidos e genocidas que ocuparam os poderes a partir de um golpe de Estado apoiado pela casa-grande, agentes externos e seus lacaios.

William


Post Scriptum: na passagem citada acima, me lembrei de minhas camisas vermelhas da CUT nas negociações com banqueiros de ternos e minhas camisas polo da Cassi entre os engravatados. Eu tinha convicção do que estava fazendo ao usar as minhas roupas do dia a dia de luta naqueles espaços de poder.


Bibliografia:

MANDELA, Nelson. Longa caminhada até a liberdade. Tradução de Paulo Roberto Maciel Santos. Curitiba: Nossa Cultura, 2012.


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