sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade



Refeição Cultural

"A doença não me intimide, que ela não possa
chegar até aquele ponto do homem onde tudo se
                                         [explica.
Uma parte de mim sofre, outra pede amor,
outra viaja, outra discute, uma última trabalha,
sou todas as comunicações, como posso ser triste?
" ("Os últimos dias", CDA)


Último dia do ano, último livro do ano (foram 57 obras lidas). Ano passado li A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1945. Que livro! Cinquenta e cinco poemas porradas. Neste mês de dezembro, reli o livro dentro de um projeto de ler toda a poesia de Drummond em ordem cronológica. Com isso, reli os 4 livros que já conhecia e José, de 1942.

Que livro! Perfeito para os tempos que correm. Drummond diz que o livro é um livro que traz características de um tempo, de uma época, tanto do poeta quanto do mundo, que vivia a mortandade da 2ª Guerra Mundial, nazismo, fascismos, Estado Novo de Vargas. Não falo que o livro é perfeito para os tempos que correm!

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"E a matéria se veja acabar: adeus, composição
que um dia se chamou Carlos Drummond de Andrade.
Adeus, minha presença, meu olhar e minhas veias
                        [grossas,
meus sulcos no travesseiro, minha sombra no muro,
sinal meu no rosto, olhos míopes, objetos de uso
          [pessoal, ideia de justiça, revolta e sono, adeus,
vida aos outros legada.
" ("Os últimos dias", CDA)

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Difícil um poeta no qual meu Eu se veja melhor nos Eu-líricos dos poemas do que Drummond. Difícil alguém que me represente mais do que Drummond e seus personagens.

RETROSPECTIVA DE LEITURAS POÉTICAS

Com a releitura de A Rosa do Povo, encerro um ano de bastante leitura de poemas. Li os 5 livros iniciais de Drummond, são 170 poemas. Agora vou pras novidades, tudo que não conheço dele em 18 livros a ler.

No começo do ano li as poesias de Bertolt Brecht. Li uma coletânea de 260 poemas publicados entre 1913-1956. Que poemas, também! Demais!

No primeiro semestre, li poemas de outros poetas modernistas - Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira. De Mário li Pauliceia Desvairada (1922) e Losango Cáqui (1926). De Oswald li Pau-Brasil (1924). De Manuel Bandeira li Libertinagem (1930). Tudo releituras.

Em agosto li Espumas Flutuantes (1870), de Castro Alves. Reli também Distraídos venceremos (1987), de Paulo Leminski.

Finalmente, li o clássico Odisseia, de Homero, em versos, na tradução do maranhense Odorico Mendes, o patriarca da transcriação.

Por fim, li vários livros de Cecília Meireles, dentro de um projeto de ler as obras poéticas completas da poeta.

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Registro feito. Repito: de tudo que li, ninguém chega perto de Carlos Drummond de Andrade em relação à identificação entre Eu-lírico e Eu mesmo.

É isso.

William


Post Scriptum: fiz uma postagem de retrospectiva cultural do ano de 2021. Foram 57 obras lidas no ano. Para ler a postagem é só clicar aqui.


Bibliografia:

ANDRADE, Carlos Drummond. Nova Reunião: 23 livros de poesia - volume 1. 3ª edição - Rio de Janeiro: BestBolso, 2010.

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