Refeição Cultural
Osasco, 14 de março de 2022. Segunda-feira de chuva.
OPINIÃO
TEMPOS DE MORTES, DESTRUIÇÃO DE DIREITOS E IMPUNIDADE PARA OS DONOS DO PODER
Marielle e Anderson foram assassinados há exatos 4 anos. Os mandantes estão livres e seguros da impunidade. Os assassinatos de lideranças populares são os atos mais extremos praticados para interromper ou frear mudanças sociais em andamento através das lutas coletivas da classe trabalhadora organizada.
Vários especialistas das áreas de investigação criminal dizem que hoje é quase impossível não desvendar um crime com todas as ferramentas que existem... então o que acontece que não apresentam os mandantes do crime no Rio de Janeiro?
LAWFARE
Mais recentemente os donos do poder, os capitalistas, desenvolveram novas estratégias para interromper processos de lutas sociais dos trabalhadores organizados: os processos de lawfare - máquinas burocráticas do Estado ou de empresas públicas ou privadas montam processos contra lideranças populares de forma a destruírem essas pessoas e suas vidas.
Lula é o maior exemplo de liderança popular vítima dessas máquinas de lawfare para destruírem pessoas e suas vidas. As consequências dos processos de lawfare extrapolam o alvo a ser destruído. No caso do lawfare contra Lula, o Partido dos Trabalhadores e as lideranças do partido, a destruição atingiu a economia do Brasil e consequentemente os pactos sociais existentes antes da Lava Jato.
O impeachment sem crime da presidenta Dilma Rousseff em 2016 é outro exemplo de máquinas de lawfare. O processo contou com a invenção de um crime de responsabilidade que depois deixou de ser crime de responsabilidade. Contou com um sujeito que votou pelo impeachment de Dilma conclamando a memória do torturador dela durante a ditadura brasileira de 1964-85. O sujeito não saiu preso, não respondeu processo e depois colocaram ele no lugar da presidenta através de diversas fraudes no ano de 2018, inclusive o impedimento do candidato que ganharia as eleições.
As vítimas dessas máquinas de lawfare são inumeráveis. Alguns operadores dessas máquinas, pessoas que estão em posição de praticarem os maiores abusos possíveis contra pessoas físicas e ou jurídicas, se sentem deuses e deusas, reis e rainhas, acima de qualquer limite para praticarem suas arbitrariedades. O caso do suicídio do reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina, é mais um exemplo extremado dos efeitos dessas máquinas de lawfare.
Tempos duros esses que estamos vivendo. Eu mesmo fui vítima de um processo inventado, sem pé nem cabeça, no final de nosso mandato eletivo de diretor de saúde da autogestão dos funcionários do Banco do Brasil. A verdade prevaleceu (tempos depois...) por causa da transparência e legalidade de nossos atos. Todas as mentiras que inventaram contra mim foram desmentidas por nossos advogados, pelos companheir@s na gestão e com o auxílio de meu blog de prestação de contas do mandato. Os desgraçados me acusaram de "não trabalhar" até nos dias em que eu estava ministrando palestras na própria autogestão... vocês não imaginam os absurdos que passei.
Qualquer coisa valia e vale para se iniciar processos espúrios de lawfare contra lideranças populares. Fizeram uma cartinha anônima mequetrefe dizendo horrores a meu respeito e desse papelzinho iniciaram um processo de assédio moral e humilhações indescritíveis a mim. Foi duro! A injustiça foi tão grande que realmente a gente pensa em fazer uma besteira por passar por aquilo. Ao final, conseguido o que queriam, o processo teve que ser arquivado depois que saí da autogestão porque não havia fundamento legal para fazer o que fizeram comigo.
DESMONTE DA CASSI - Ao ver o desmonte da Caixa de Assistência naquilo que mais lutamos para fortalecer e preservar, o modelo assistencial de Estratégia de Saúde da Família (ESF), baseado em uma estrutura própria de Atenção Primária - as CliniCassi e as Unidades Cassi nos Estados - e ver o custeio solidário ser todo alterado, cobrando mais daqueles que mais precisam de atendimento médico, fica claro porque tínhamos que ser atacados e eliminados pelos setores que representam a ideologia do mercado e da casa-grande. Agora a opção é terceirizar e contratar tudo do deus mercado... (isso vai acabar mal para os associados e usuários do sistema)
Fico muito triste ao saber que vão fechar as unidades da Cassi em vários Estados como ouvi dizer em redes sociais: Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins. Conheço cada unidade e sei o quanto são importantes para a população local da autogestão. Os grupos no poder estão desfazendo uma estrutura de saúde que gastamos décadas para conquistar e cujos resultados de eficiência do modelo próprio provamos durante o nosso mandato na diretoria de saúde e rede própria de atendimento. Muito triste tudo isso!
Enfim, os tempos são de destruição de direitos sociais do povo, são tempos de desagregação social, inclusive dos organismos que deveriam estar unidos para defenderem a classe trabalhadora, são tempos de mortes e exílios, basta ver a guerra na Ucrânia, entre os Estados Unidos e a Rússia, as vítimas são as de sempre: o povo e a classe trabalhadora.
PANDEMIA DE COVID-19
E ainda temos a pandemia mundial de Covid-19. Eu sugiro aos interessados que acompanhem o que o professor e cientista Miguel Nicolelis tem postado a respeito da pandemia. Novas cepas e variantes estão sendo descobertas e preocupam o mundo. Após a Ômicron, que diziam ser menos problemática que as cepas anteriores (não foi), agora temos as variantes B.A.1, B.A.2 e B.A.2.2, que podem ser as variantes dominantes na próxima onda.
Os donos do poder estão definindo na canetada que a pandemia acabou. Parte importante das pessoas da ciência diz que não é verdade isso. Os capitalistas e donos das máquinas de manipulação sabem que as pessoas estão cansadas do sofrimento advindo com a crise capitalista e com a pandemia (só os bilionários ficaram mais bilionários ainda)... então vão publicar em suas agências que a pandemia acabou e vamos de pão e circo para desviar a atenção do povão.
As mortes dos pobres e dos 99% estão cada dia mais invisíveis, mortes severinas. Nicolelis publicou em seu perfil no Twitter (14/3/22) que as mortes totais de brasileiros em fevereiro de 2021 e 2022 foram de 126.210 e 126.078, respectivamente. Ou seja, dizem que as mortes por Covid-19 caíram entre o ano passado antes das vacinas e agora, mas o fato é que as mortes de brasileiros seguem em alta. Diminuiu a confirmação de mortes por Covid-19, mas aumentaram mortes por questões respiratórias...
E agora é aglomeração por aí sem máscaras e tal... Que risco enorme de morte e adoecimento crônico por Covid-19!
Essas são minhas impressões sobre os acontecimentos e os tempos atuais.
William
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