terça-feira, 20 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXX)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXX. A crise da economia cafeeira


"(...) Ao comprovar-se a primeira crise de superprodução, nos anos iniciais deste século, os empresários brasileiros logo perceberam que se encontravam em situação privilegiada, entre os produtores de artigos primários, para defender-se contra a baixa de preços. Tudo o de que necessitavam eram recursos financeiros para reter parte da produção fora do mercado, isto é, para contrair artificialmente a oferta." (p. 192)

Este capítulo foi um reforço no aprendizado de noções de economia. Furtado nos faz perceber o quanto são drásticos os efeitos das políticas governamentais ao se mexer no valor do câmbio.

"(...) Se os efeitos da crise de 1893 puderam ser absorvidos por meio de depreciação externa da moeda, a situação de extrema pressão sobre a massa de consumidores urbanos, que já existia em 1897, tornou impraticável insistir em novas depreciações. Já assinalamos que essa excessiva pressão levou a uma crescente intranquilidade social e finalmente à adoção de uma política tendente à recuperação da taxa de câmbio." (p. 192)

Ao depreciar o câmbio, aumentando o valor da moeda estrangeira em relação à nossa, alguns setores se dão bem e outros se ferram. Basicamente, aqueles que exportam se dão bem (tipo o agro "pop"), aqueles que dependem de importação se ferram (com a inflação, por exemplo).

O capítulo é dedicado a demonstrar a crise de superprodução de café nos primeiros 3 decênios do século 20, o Brasil detinha 3/4 do mercado mundial. Quem mandava na 1ª república eram os cafeicultores (política do café... "com leite" eu não sei se é fato).

Ao se manterem os lucros dos caras do agro "pop" (cafeicultores) com preços artificiais no mercado (controlando estoque, a oferta), o Brasil foi empurrando com a barriga a merda que daria lá na frente, na crise de 1929.

A putaria foi tão grande que inventaram uma tal política de "valorização" que consistia no fato de o governo comprar os estoques excedentes do agro "pop" pagando com empréstimos tomados no exterior. Ou seja, enche-se as burras dos caras de dinheiro e a gente paga a conta.

"A retenção da oferta possibilitava a manutenção de elevados preços no mercado internacional. Esses preços elevados se traduziam numa alta taxa de lucratividade para os produtores, e estes continuavam a intervir em novas plantações." (p. 195)

Apesar de todo o conluio do agro "pop" com o governo e em prejuízo do povo, a crise de superprodução de café era algo incontornável e acabou dando merda.

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EM UMA ATIVIDADE ECONÔMICA DE NATUREZA TIPICAMENTE COLONIAL...

"O equilíbrio entre oferta e procura dos produtos coloniais obtinha-se, do lado desta última, quando se atingia a saturação do mercado, e do lado da oferta quando se ocupavam todos os fatores de produção - mão de obra e terras - disponíveis para produzir o artigo em questão. Em tais condições era inevitável que os produtos coloniais apresentassem uma tendência, a longo prazo, à baixa de seus preços." (p. 196)

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Leitores, o capítulo é uma aula do que acontece ainda hoje no governo fascista apoiado por parte do agro "pop" da casa-grande lesa-pátria. Uma aula!

As eleições brasileiras estão aí, faltam poucos dias até 2 de outubro de 2022. 

Vamos votar #Lula13Presidente e nos dar uma chance de mudar toda essa tragédia econômica, política, social e ambiental que vivemos desde o golpe de Estado em 2016.

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


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