terça-feira, 13 de setembro de 2022

Lendo sobre Gorbachev e a Perestroika



Refeição Cultural

O último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, morreu no dia 30 de agosto de 2022. Eu pouco sei sobre ele pra ser sincero. Sei os lugares-comuns e as leituras mais gerais que fazem sobre ele.

Para líderes dos países centrais do capitalismo e do Ocidente, Gorbachev é um grande líder do século 20 e um dos responsáveis pelo fim da guerra fria e o risco de uma guerra nuclear. Sua relação próxima com os presidentes norte-americanos, Reagan entre eles, ficou marcada na história.

Para algumas lideranças comunistas e do campo da esquerda, Gorbachev é responsabilizado por ser o coveiro do socialismo real, o cara que acabou com a URSS, um traidor das causas do socialismo e comunismo. Essa análise foi a que vi de alguns intelectuais de esquerda que gosto e ouço.

A história da União Soviética e a guerra fria nos anos oitenta, a queda do Muro de Berlim, e as grandes mobilizações populares no Brasil naquela década, tudo isso, acabei estudando um pouco mais a respeito muito depois dos fatos ocorridos porque naquele período eu era um adolescente trabalhador braçal revoltado com o mundo e sem formação política.

Até hoje estudo o passado que já me envolveu como alguém que vivenciava a história e não pertencia ou atuava em movimentos sociais. O caso da União Soviética e de Gorbachev não é diferente disso. Vi o fato pela televisão como um ouvinte e não me envolvi nas discussões a respeito da mudança histórica que estava acontecendo ali.

Eu tinha o livro de Gorbachev em casa há muito tempo, o livro é de 1987. Em 2017, ou seja, 30 anos após seu lançamento, resolvi ler o que Gorbachev dizia a respeito da Perestroika e da Glasnost. Li pouco mais de cem páginas à época. 

Minhas interações com o livro - os sublinhados e os comentários ao longo da centena de páginas lidas - são mais para positivas que negativas. Eu era dirigente nacional de uma autogestão em saúde e atuava com muito esforço em dialogar com a base social que representava como eleito e me esforçava para ser transparente no que pensava e fazia. O que Gorbachev defende na Perestroika e na Glasnost é um pouco disso de participação social, democracia etc.

Após a morte de Gorbachev no dia 30 de agosto, peguei o livro para dar uma olhada e acabei relendo nesses dias a centena de páginas que havia lido 5 anos atrás. Foi uma leitura interessante. Aliás, ler é sempre uma atividade interessante. Sugeriria leituras e estudos a qualquer pessoa caso eu fosse um "influenciador digital" como os que têm por aí com milhões de seguidores. Não sou e não influencio nem os de casa...

Tanto na época como agora na releitura, percebo que o líder soviético tinha uma sinceridade ao dizer que gostaria de preservar o Estado soviético e seguir com o socialismo implantado por lá há 70 anos (Revolução de 1917). Me pareceu sincero em sua busca por democracia e participação social nos destinos do país. É o que percebi até ali nas cem páginas que li.

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"É o opressor quem define a natureza da luta" (Mandela)

INOCÊNCIA... é a palavra-conceito que usaria se eu tivesse que resumir o que penso a respeito do esforço de Gorbachev e sua Perestroika e, inclusive, é o que diria de Lula e sua forma de fazer política com amor pra todo mundo e esperança na conciliação de classes... inocência! Não rola isso no mundo! Com o fascismo, com o capitalismo, com a extrema-direita não é possível lidar com o democratismo que esses líderes defendem... não rola! Como disse Mandela em sua autobiografia: é o inimigo quem escolhe as armas...

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Interessante que minha formação política orgânica, após virar dirigente sindical eleito pela classe trabalhadora - a categoria bancária -, é uma formação baseada nos princípios, concepções e práticas sindicais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e também, de forma colateral e não principal, baseada nas práticas e concepções do Partido dos Trabalhadores (PT) e suas lideranças históricas como, por exemplo, nosso querido presidente Lula.

Em tese, pelo que percebi até agora nas ideias de Gorbachev e da Perestroika e Glasnost, o que ele queria para seu povo e os Estados soviéticos era aquilo que li e vi o PT e a CUT defender ao longo de duas décadas de estudos, leituras e convivência como dirigente orgânico do movimento de luta: participação social das bases, democracia, liberdade, transparência e pertencimento ao que se buscava construir: uma sociedade socialista.

Enfim, é o que penso até agora sobre essas questões que discorri acima.

William


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