domingo, 6 de novembro de 2022

Leitura: Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais - Jaron Lanier



Refeição Cultural

A leitura desse livro de Jaron Lanier reforça o que eu já vinha pensando a respeito das redes sociais. Elas estão destruindo os seres humanos e as relações sociais que desenvolvemos ao longo de milênios. Estão destruindo a nossa sociabilidade e a nossa capacidade de viver em sociedade.

Lanier nos explica como funcionam os algoritmos e os objetivos dos donos dessas empresas que dominaram o planeta com suas plataformas que nos catalogam como produtos a serem estudados e vendidos aos seus clientes, valendo inclusive nos manipular para fazer (ou deixar de fazer) o que não faríamos se tivéssemos consciência do que nos levaram a fazer.

Cito abaixo os argumentos que Lanier desenvolve em cada capítulo do livro.

- Você está perdendo seu livre-arbítrio

- Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos

- As redes sociais estão tornando você um babaca

- As redes sociais minam a verdade

- As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido

- As redes sociais destroem sua capacidade de empatia

- As redes sociais deixam você infeliz

- As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica

- As redes sociais tornam a política impossível

- As redes sociais odeiam sua alma

Chocantes essas afirmações, não? 

E, no entanto, Lanier desenvolve cada ideia dessa de forma muito clara e convincente sobre o poder que essas máquinas de manipulação têm em relação ao nosso cérebro e comportamento humano.

Eu avalio o poder dessas redes e o quanto elas nos alteraram há mais de uma década. Eu era secretário de imprensa da Confederação dos Bancários entre 2006 e 2009 quando comecei a refletir sobre o que estava acontecendo conosco. Eu via que estávamos mudando e não era para melhor.

Essas plataformas nos dominaram como as drogas mais potentes já inventadas pelos seres humanos. Aliás, o efeito dessas plataformas em nossos corpos e nossas vidas é como o efeito das drogas ao consumi-las. Nossas almas, nossas mentes, nossos desejos, aquilo que somos, ficam capturados pelas técnicas desenvolvidas por essas máquinas e empresas para que não consigamos sair delas.

Hoje é público o que esses caras donos dessas plataformas fazem com milhões e bilhões de pessoas: usam as informações dos usuários de forma abusiva e não só para vender publicidade de produtos. Vários países já se debruçam sobre o que fazer com o poder ilimitado de empresas como Facebook, Twitter, Google, Amazon, YouTube, Telegram, WhatApp e outras corporações donas de tanto poder e multibilionárias.

Bilhões de seres humanos ao redor do planeta Terra estão sendo usados como commodities por empresas como essas, pessoas de todo o planeta Terra - que é redondo, apesar de parte das pessoas terem sido manipuladas por meio inclusive dessas redes a acharem que a Terra é plana. 

Vivemos uma loucura coletiva e parte dessa loucura que tirou completamente a racionalidade das pessoas tem relação direta com o uso indiscriminado e abusivo das redes sociais e seus algoritmos e objetivos em ganhar dinheiro para seus donos, seja através de coisas boas e positivas, seja através de coisas ruins e até ilegais.

Enfim, já que as redes sociais são como drogas, não será fácil se desfazer delas, fomos viciados e nos tornamos dependentes delas. Mais que isso, comunicação social é um direito humano, só acho errado esse direito humano estar na mão de alguns caras que usam e abusam de nosso direito e de nossas informações pessoais. Isso tem que mudar!

Defendo a criação de redes sociais públicas e reguladas por regras claras que não permitam que nossos dados sejam usados da forma como se fazem nessas empresas das big techs, assim como defendo que o acesso à internet deve ser gratuito e público, é um direito humano. Já publiquei artigo falando a respeito (ler aqui).

Vamos ver como lido com as sugestões de Jaron Lanier. Não tenho um monte de redes sociais, tenho duas ou três e estou avaliando como me livro delas. O primeiro passo é passar a me afastar delas e não vê-las mais que alguns minutos por semana, diminuindo a dependência a essa droga. Depois vejo se consigo não ter mais nenhuma rede social enquanto não criarmos redes sociais públicas e menos lesivas aos seres humanos.

William


Bibliografia:

LANIER, Jaron. Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais. Tradução de Bruno Casotti. 1ª ed. - Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.

 

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